Empresária espera há nove meses para colocar uma montra

Presidente da Câmara admitiu que os processo na zona classificada pela UNESCO são mais demorados, mas afirmou que este caso já estava despachado.

© Rui Dias/Mais Guimarães

Ana Margarida está, desde dezembro de 2023, à espera de uma autorização para substituir uma porta por uma montra, no seu estabelecimento onde explora uma empresa de intermediação de crédito, na rua Egas Moniz, em pleno Centro Histórico. A munícipe, que se mudou do Porto para Guimarães, há poucos meses, expôs o seu problema na última reunião do Executivo, no dia 16 de setembro, e ficou a saber, pela boca do presidente, Domingos Bragança, que o seu processo já estava despachado. Contudo, dirigindo-se ao Balcão Único do Município, no final da reunião, foi informada de que o processo ainda estava “em curso”.

Ana Margarida maldiz o dia em que não deu ouvidos aos amigos que lhe disseram para não investir em Guimarães, pela morosidade dos processos. “Disseram-me para não me meter na Câmara de Guimarães, que era tudo uma confusão”, confessa. A empresária, contudo, decidiu aproveitar uma casa herdada pelo marido, no Centro Histórico, para montar o seu negócio de intermediação de crédito. Para que o negócio pudesse ter visibilidade para o exterior, fez um pedido de alteração de uma das três entradas do prédio, de porta dupla para uma montra.

“Fiz o primeiro pedido, em dezembro de 2023”, conta. “Este processo acabou por ter o parecer negativo da CCDR-N, mas apenas por um detalhe. Pretendiam que a moldura inferior da montra fosse mais alta”, esclarece. Os técnicos da CCDR-N sugeriram que fizesse um pedido de aperfeiçoamento, “para não ter de meter um novo processo”. O pedido entrou na Câmara Municipal a 14 de março de 2024, “mas passado um mês ainda não tinha saído da mesa do técnico”. Só a 06 de maio, depois de muita pressão por parte da empresária é que o processo seguiu para a CCDR-N, para que esta entidade emitisse novo parecer.

Despachado na CCDR-N desde o início de junho

O despacho favorável da CCDR-N foi dado a 11 de junho e o processo entrou na Divisão do Centro Histórico da Câmara Municipal de Guimarães, a 17 de junho. A praxis nestas situações é os técnicos do Município acompanharem os pareceres dos colegas da CCDR-N, por isso Ana Margarida pensou que os seus problemas estavam resolvidos. Porém, os dias foram passando, agosto aproximava-se, e não havia desenvolvimentos no seu processo. “Está a aguardar parecer”, era a resposta que obtinha quando contactava os serviços.

© Direitos Reservados

 

A 20 de julho, com a paciência já a esgotar-se, fez um pedido de audiência ao presidente da Câmara. “Como não obtive resposta, no dia 3 de agosto inscrevi-me para falar na reunião de Câmara”, refere. “Nessa altura, devem ter soado campainhas na Câmara, porque telefonaram-me logo para ter uma reunião com o arquiteto Ricardo Rodrigues, Chefe da Divisão do Património Mundial e Bens Classificados”, recorda. No encontro, além de lhe pedir desculpa pela morosidade do processo, o arquiteto perguntou-lhe se não estaria disponível para manter a porta dupla. “A minha resposta foi um rotundo ‘não’”, admite Ana Margarida. “Despachem como entenderem, mas fica assim”, disse aos técnicos camarários. Todavia, o despacho continuou sem sair e, portanto, Ana Margarida compareceu na Câmara Municipal, na data que lhe tinha sido comunicada – 9 de setembro – para expor o seu caso. Acontece que a reunião do Executivo foi adiada para o dia 16 e os serviços não notificaram a munícipe.

O processo ainda não está concluído

Quando, finalmente, teve oportunidade de se queixar,na reunião de Câmara de 16 de setembro, o presidente mostrou-se surpreendido pela sua presença, porque, disse, tinha informação de que o seu processo já estava despachado. “Foi aprovado apesar de não se ter mostrado muito disponível para colaborar”, referiu o Domingos Bragança. “É claro que os projetos nos 40 hectares de Património Mundial são mais demorados”, acrescentou. Todavia, depois de sair da reunião, Ana Margarida dirigiu-se ao Balcão Único do Município e o estado do processo continuava a ser “em curso”, ou seja, a aguardar despacho.

Desde que entrou nos serviços da Câmara Municipal de Guimarães o processo andou a saltar entre gabinetes. Primeiro entrou na Divisão do Centro Histórico, depois passou pelo Departamento de Desenvolvimento do Território, de seguida pela Divisão de Património Mundial e Bens Classificados, novamente pelo Departamento de Desenvolvimento do Território de onde seguiu para a Divisão de Gestão Urbanística, no dia 12 de setembro. Esta sexta-feira, dia 20 de setembro, o estado do processo continua a ser “em curso” e Ana Margarida continua a desesperar.

Pelo jornalista Rui Dias.

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