Enfermeiros do Centro Social de Nespereira pedem escusa de responsabilidades
Os profissionais dizem que “o controlo de infeção está altamente comprometido”, nos cuidados que são prestados.
![© Eliseu Sampaio/ Mais Guimarães](https://maisguimaraes.pt/wp-content/uploads/2024/05/441443166_1443668199651311_7600852604673436550_n.jpg)
Um grupo de 12 enfermeiras da unidade de cuidados continuados do Centro Social da Paróquia de Nespereira enviou, esta segunda-feira, uma declaração de escusa de responsabilidades à Entidade Reguladora da Saúde, Segurança Social, Administração Regional de Saúde – Norte, Unidade Local de Saúde do Alto Ave e à Ordem dos Enfermeiros (OE). Para estas profissionais, “foram tomadas decisões”, pela nova direção, liderada pelo padre Francisco Xavier, que “põem em causa a prestação de cuidados de saúde de qualidade, com segurança e no respeito pela deontologia da profissão”.
Entre os problemas elencados pelas enfermeiras está o “controlo de infeção altamente comprometido”. Segundo escrevem no documento, enviado para as diversas autoridades, “os auxiliares de ação médica são obrigados a distribuir refeições com luvas, touca e avental, sem trocar de um utente para outro”. Acrescentam que “os utentes em isolamento de contacto frequentam o ginásio no mesmo período que os restantes”. Acusam ainda “a equipa de reabilitação, recentemente admitida [por saída de toda a anterior] de não conhecer nem respeitar as precauções básicas de controlo de infeção”.
São referidas práticas de higiene dos doentes a começar às seis da manhã, “contra a opinião da equipa de enfermagem”. Queixam-se que os utentes são levados para outros pisos da instituição, “sem consentimento do enfermeiro responsável pelo utente”.
Enfermeiras vindas de Polvoreira a recibos verdes
As enfermeiras referem que as passagens de turno foram reduzidas de 30 para 15 minutos e que, em alguns momentos, isso significa menos de um minuto para passar a informação de cada utente. Indicam também que entraram ao serviço 13 novos enfermeiros, todos a recibos verdes, que não fizeram a integração no serviço, tal como está “recomendada pelas boas práticas e pela OE”. “Chegaram, vindos do Centro Social de Polvoreira, e começaram a assumir utentes que desconhecem, sem nenhum tipo de integração”, relata uma das enfermeiras signatárias.
Apontam a falta de qualidade da alimentação, desde que a cantina da instituição foi fechada pela atual direção e a comida passou a ser confeccionada no Centro Social de Polvoreira. As refeições “não apresentam a qualidade, quantidade e diversidade necessárias”, lê-se no documento.
Enfermeira gestora diz que é para continuar assim
Dizem que comunicaram à enfermeira gestora e que a indicação que receberam “foi que seria para manter as orientações”. “Vemo-nos obrigadas a prestar cuidados que comprometem a segurança e a dignidade dos utentes”, reclamam. Terminam afirmando que estão a “desenvolver todos os esforços que de si dependem para prestar os melhores cuidados de enfermagem”, mas ressalvam que não lhes pode “ser atribuída qualquer responsabilidade pelos acidentes ou incidentes que venham a verificar-se”.
Pelo jornalista Rui Dias.
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