A encenação é de Bruno dos Reis, que assume pela primeira vez a direção artística do Teatro Oficina, num espetáculo que convoca o universo da memória, da promessa e da própria natureza do teatro.

Integrada nas comemorações dos 20 anos do CCVF, a peça procura refletir sobre o papel do teatro enquanto espaço assombrado pelo passado, mas impulsionado pela imaginação, dialogando com ideias de pensadores como Marvin Carlson e Marina Garcés. Entre as perguntas que atravessam a criação, destaca-se uma inquietação central: se os fantasmas são tão translúcidos, porque não vemos através deles o futuro?

Em palco, surgem fantasmagorias inspiradas na figura de Chalino Sánchez, o célebre “rey del corrido” mexicano assassinado em 1992 após receber um enigmático bilhete durante um concerto. A partir desse episódio, o espetáculo questiona o significado de “receber um papel” e as fronteiras entre destino, ficção e tempo ensaiado. A narrativa cruza-se ainda com a vida e presença da atriz vimaranense Rebeca Cunha, cuja participação se transforma também em objeto de reflexão cénica.

O processo criativo é descrito como uma “manta cerzida”, composta por ideias que se acumulam, se sobrepõem e deixam pontas soltas — uma metáfora para a própria construção do teatro e para as promessas que ficam por cumprir. A produção sobe ao palco do Grande Auditório Francisca Abreu, reunindo um elenco composto por Ana Carolina Fonseca, Daniel Seabra, Duarte Melo, Jacinto Cunha, João Cravo Cardoso, Iúri Santos, Martinha Carvalho e Rebeca Cunha. A equipa artística integra ainda Nuno dos Reis (assistência e direção de atores) e Simão Freitas (apoio à dramaturgia).

Os bilhetes têm um preço de 10 euros, existindo desconto para o valor de 7,50 euros. Estão disponíveis online em oficina.bol.pt e nas bilheteiras dos equipamentos geridos pel’A Oficina: CCVF, CIAJG, Casa da Memória de Guimarães e Loja Oficina.

“Tudo em Avignon e eu aqui” encerra o ciclo de programação do Teatro Oficina sob o mote “nova vida para velhos fantasmas”, trazendo para o palco um conjunto de inquietações que desafiam o público a pensar o teatro como lugar onde passado, presente e futuro se tocam.