EXISTE AJUDA PARA DEIXAR DE FUMAR EM GUIMARÃES E NAS TAIPAS
A Consulta Intensiva de Cessação Tabágica acompanhou 428 pessoas no primeiro semestre de 2017.
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A consulta intensiva de cessação tabágica (CICT) existe no Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Ave desde o último trimestre de 2016. Em Guimarães o apoio aqueles que pretendem deixar de fumar funciona no Centro de Saúde da Amorosa e no Centro de Saúde das Taipas, e, só no primeiro semestre de 2017, ajudou 428 pessoas.Os fumadores que chegam a esta consulta são principalmente referenciados pelos médicos e enfermeiros de família, mas também podem vir com indicação do nutricionista, do psicólogo ou por iniciativa própria. Para que sejam referenciados para esta consulta é importante que os fumadores reúnam alguns critérios, porque, como explica Joana Sampaio, médica responsável pela CICT no Centro de Saúde de Guimarães, “nem todos os fumadores precisam de um apoio intensivo para deixar de fumar, haverá alguns que com um apoio breve conseguem esse objetivo”.
A consulta está agora a fazer um ano, embora ainda não haja números concretos relativos a este primeiro ano, precisamente porque a alta a estes doentes só é dada no final de 12 meses. Joana Sampaio afirma que há muita boa vontade por parte dos profissionais de saúde, “mas subsistem alguns problemas de referenciação”. Quer dizer que alguns dos fumadores que chegam à consulta não estão realmente preparados para deixar de fumar, “embora também não tenham coragem para dizer ao médico de família que não querem”.O fumador para ter sucesso na CICT deve estar em fase de “preparação”. Na fase de “pré-comtemplação”, o fumador não se preocupa com o seu comportamento e não tem a intenção de deixar de fumar, adota uma postura defensiva e evita todo o tipo de informação. Nesta fase os fumadores sentem-se desmoralizados relativamente às suas capacidades para lidar com a situação e, em alguns casos, há ausência de uma verdadeira consciência quanto aos riscos associados ao consumo. É neste estádio também se encontram muitos dos chamados “fumadores relutantes”. Estes fumadores apresentam níveis de dependência elevados, encontrando-se predominantemente entre os grupos sociais mais desfavorecidos. Na fase de “comtemplação” o fumador já se preocupa com o seu comportamento, mas tem uma postura ambivalente relativamente a deixar de fumar. Pensa mudar num prazo de até meio ano, mas tem dificuldades de autocontolo, dúvidas relativamente aos ganhos que pode obter e medo de não ser capaz.
Na fase de “preparação” o fumador já está a pensar em deixar de fumar, num curto prazo, já fez mesmo a tentativas no último ano. Segundo o Programa de Cessação Tabágica da Direção Geral de Saúde, estão neste estádio, apenas, 10 a 20 por cento dos fumadores. É com estes fumadores que querem deixar de fumar, embora tenham que enfrentar dificuldades, que a CICT tem melhores resultados.
Raquel Moreira, enfermeira responsável pela CICT do Centro de Saúde de Guimarães, afirma que o fenómeno é transversal às faixas etárias, embora não seja fácil perceber se os números do ACES acompanham a estatística nacional. Segundo o Eurobarómetro um em cada quatro portugueses é fumador, mais dois pontos percentuais que em 2012, 12% deixaram de fumar e quase dois terços (63%) nunca fumaram. Os portugueses alinham com os europeus a este nível, já que a média de fumadores na EU é de 26%. Em Portugal os homens fumam mais (34%) do que as mulheres (18%), mais uma vez em linha com a média da UE: 31% e 22%, respetivamente.
Joana Sampaio diferencia claramente a postura face ao vício de fumadores mais velhos e das gerações mais novas. “Enquanto antigamente havia pouca informação sobre os malefícios do tabaco e as pessoas eram quase incentivadas a fumar, até pela pressão da publicidade, hoje os jovens estão perfeitamente conscientes dos problemas que o fumo causa e não querem prolongar esse comportamento a longo prazo”.
Entre os mais velhos são muitas vezes as complicações associadas ao tabaco que os levam a procurar ajuda para parar: doença pulmonar obstrutiva crónica, cancro do pulmão, doenças cardiovasculares. “Entre os mais jovens é mais a consciência de que podem vir a ter este tipo de problemas no futuro, até porque muitos têm hoje pais ou outros familiares com problemas de saúde causados pelo tabaco”, refere Joana Sampaio.
Raquel Moreira, enfermeira da CICT, afirma “que uma das principais motivações para as pessoas deixarem de fumar é o custo do tabaco”. Uma das estratégias usadas na consulta passa por ajudar as pessoas a perceberem quanto poupam. “Em vez de se limitarem a não gastar o dinheiro podem coloca-lo num mealheiro ou dá-lo à esposa”, explica a enfermeira.
As mulheres começaram há menos tempo a fumar, e há a percepção que agora fumam mais, mesmo assim, “em consulta, mesmo entre os mais jovens, há mais homens que mulheres”, afirma Joana Sampaio. No primeiro semestre de 2017, na CICT de Guimarães tiveram a primeira consulta 74 homens e 31 mulheres, ao passo que nas Taipas, foram consultados pela primeira vez 17 homens e seis mulheres. No total, entre primeiras consultas e seguintes, em Guimarães foram 386 e nas Taipas 42.
No caso das mulheres há um mito segundo o qual o fumo ajuda a baixar o peso. Esta ideia errada, contribui para dificultar o abandono do vício por parte das mulheres e leva mesmo algumas a começar a fumar, lamenta a Raquel Moreira. Segundo a médica de família Joana Sampaio, “o que acontece, quando as pessoas deixam de fumar, é que recuperam o paladar e o olfato e, portanto, a natural sabor dos alimentos”. Para a médica é obrigatório que quem deixa de fumar comece a fazer exercício físico, para compensar este natural aumento do apetite. “Trata-se de um aumento inicial e não é exponencial”, sublinha Raquel Moreira.
Uma das formas de avaliar o grau de dependência relaciona o tempo que passa entre a pessoa acordar e o momento em que fuma o primeiro cigarro, ou se a pessoa tem dificuldade em manter-se em locais onde é proibido fumar. Para as duas profissionais do ACES, responsáveis pela consulta do Centro de Saúde de Guimarães, a legislação que veio impedir as pessoas de fumar em lugares públicos pode ter alguma utilidade, mas os fumadores relatam que encontram alternativas, passam a frequentar outros sítios, ou demoram menos tempo nos lugares onde não podem fumar. As imagens chocantes “podem contribuir para alguma redução, porque o fumador deixa de fumar aquele cigarro após ver as imagens, mas não acredito que alguém deixe realmente de fumar por causa disso, porque as pessoas pensam: ‘nunca me vai acontecer a mim só acontece aos outros’ ”, refere Raquel Moreira. Joana Sampaio alinha pelo mesmo diapasão: “não me parece que as proibições tenham sido determinantes para as pessoas deixarem de fumar, aquilo que tem impulsionado as pessoas a abandonarem o fumo é o aumento do preço”. Raquel Moreira ilustra com o exemplo de um fumador que “nos primeiros quinze dias em que começou a reduzir o consumo, poupou 90 euros”, para esta pessoa este foi um fator determinante de motivação.
As opções terapêuticas são distintas, conforme o número de cigarros fumados por dia e a pontuação no teste de avaliação do grau de dependência, e podem incluir ou não a utilização de fármacos. Normalmente quem fuma acima de dez cigarros por dia é encorajado a aderir a uma terapêutica farmacológica, já que os estudos indicam que os resultados aumentam substancialmente. O processo da CICT é longo, o fumador só tem alta ao fim de um ano. “Estas pessoas serão sempre um ex-fumadores, porque trata-se de um hábito e mudar hábitos não é fácil”, lembra Raquel Moreira.
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