Professor, dramaturgo, animador cultural e profundo impulsionador do associativismo local, Capela Miguel nasceu em Portimão mas cresceu em Guimarães, onde construiu uma vasta carreira ligada à educação, ao teatro e à dinamização comunitária. Fundador do grupo de teatro Bando do Gil, foi também diretor do jornal O Povo de Guimarães, além de autor de contos, poesia e textos ligados ao património e às tradições locais. O seu percurso valeu-lhe diversas distinções públicas.

A cerimónia decorreu na sede da instituição e reuniu amigos, colaboradores e várias gerações de companheiros de aventuras culturais. O momento central foi a oferta de um retrato a óleo de Fernando Capela Miguel, pintado por Arménio Sá, num gesto que dá continuidade à tradição do C.A.R. de homenagear, através da arte, personalidades que marcaram a cidade. O homenageado junta-se assim a figuras como Gaspar Carreira e Luís Almeida, também retratados por Arménio Sá.

Em declarações ao Mais Guimarães, Capela Miguel sublinhou o caráter coletivo do seu percurso: “Os grandes acontecimentos dos homens só ganham visibilidade quando são coletivos. Aqueles que o fazem sozinhos são heróis. Eu nunca me senti herói. Gostei sempre de trabalhar com os outros e para os outros.”

O reencontro com amigos e parceiros de longa data marcou profundamente o momento: “Foi uma sensação boa. Tive muito gosto em encontrar muitos dos companheiros com quem fiz grandes acontecimentos nesta terra, que é a minha.”

Para o homenageado, a celebração foi também uma viagem por várias gerações da cultura vimaranense: “Estavam ali três, quatro gerações, com boa memória, a recordar coisas extraordinárias que fomos fazendo, e ainda vamos fazendo.”

Sobre o tributo de Arménio Sá, expressou gratidão e emoção: “O meu amigo Arménio Sá foi extraordinário. Ofereceu-me aquilo que ele sabe fazer: um quadro com a minha cara. É um prazer absoluto estar ao lado de pessoas que também deixaram a sua marca em Guimarães.”

Questionado sobre ser considerado um exemplo para os mais novos, respondeu com simplicidade: “Sou um companheiro, sou um parceiro, sou um amigo. É assim que se fazem as coisas. Mas esses três ‘exemplos’ é treta.”

O C.A.R. reforçou que personalidades como Capela Miguel “fizeram e fazem parte da história da divulgação da cultura da nossa cidade”, sublinhando que a homenagem se pretende “justa e singela”, tendo o homenageado como figura central do 86.º aniversário da instituição.