Festivais Gil Vicente: o teatro como meio de questionar o mundo
Na cidade berço, junho é sinónimo de teatro. Entre os […]
Na cidade berço, junho é sinónimo de teatro. Entre os próximos dias 02 e 11, os Festivais Gil Vicente vão percorrer os palcos vimaranenses pela 34.ª vez e encher os palcos do Centro Internacional das Artes José de Guimarães e do Centro Cultural Vila Flor. É com a estreia de “Tratado, A Constituição Universal” amanhã, dia 02 de junho, que arrancam os trabalhos da 34.ª edição dos Festivais Gil Vicente. A encenação de Diogo Freitas é a primeira – de seis – que se propõe a provocar a plateia e a convida a imaginar novas formas de pensar a realidade e o mundo. O criador e encenador deixa bem claro o que se pode esperar destes 80 minutos de teatro que vão ser revelados pela primeira vez em Guimarães: “este espetáculo não tem respostas, tem questões”. Fascismo, racismo e xenofobia são alguns dos tópicos incontornáveis nesta história que começa por contar o fim da humanidade pela voz de quatro jovens, os últimos da sua espécie que registam o fim de uma sociedade em extinção para que se possa imaginar outra. Diogo Freitas sublinha que este espetáculo é um produto que se transformou “em relação à equipa escolhida”, maioritariamente composta por pessoas nascidas nos anos de 1990, e “também em relação ao que se passa no mundo”. O encenador reconhece que “a questão da guerra” na Ucrânia pairou nos ensaios e não foi evitada.
Os Festivais Gil Vicente prosseguem no dia seguinte, sexta-feira, com mais uma estreia. “Massa Mãe”, de Sara Inês Gigante, tem como figura central uma minhota que se propõe a dissecar os conceitos de identidade e de tradição. No sábado, dia 4, é a vez de “Limbo”, de Victor Oliveira, subir ao palco. Neste monólogo, os horrores da colonização dão o mote para que questionar a hierarquia das raças e o papel que os antigos colonizadores dão hoje aos afrodescendentes.
É com a peça “O Desprezo” que os Festivais Gil Vicente regressam ao palco na quinta-feira, dia 9 de junho, para a segunda ronda de encenações. Inspirados na sétima arte, os auéééu focam-se nas ligações humanas, em quem despreza e em quem é desprezado, para definir o sentimento que dá nome à peça. Os dois títulos que fecham este ciclo de teatro em Guimarães põem em evidência a resposta das mulheres ao patriarcado. Em “Another Rose”, de Sofia Santos Silva, sobressai o confronto entre as realidades oriental e ocidental das mulheres. Está agendado para dia 10 de junho, sexta-feira. O espetáculo “Ainda Marianas”, de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu, que encerra os Festivais Gil Vicente em 2022, toma como ponto de partida o livro feminista “Novas Cartas Portuguesas” no ano em que a obra cumpre 50 anos.
O Teatro Oficina, companhia anfitriã fundada em 1994, vai participar dos Festivais Gil Vicente com o objetivo de pensar e discutir teatro. As jornadas “DEPOIS DO FIM: um ciclo sobre o que acontece quando a escola acaba” são dirigidas a todos os estudantes de teatro, mas especialmente aos que tentaram começar a construir as suas carreiras nos anos pandémicos. Estas jornadas são compostas por um workshop de quatro dias e um ciclo de jornadas de três dias e decorrem em simultâneo com o festival.
A assinatura geral para assistir às seis encenações que compõem a edição de 2022 dos Festivais Gil Vicente tem o preço de 30€ e a assinatura de três espetáculos à escolha custa 15€. Os interessados poderão ainda adquirir um bilhete único, que dá acesso a um espetáculo, por 7,50€.
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