Gabriela Nunes volta a alertar para “situação grave” com fecho de unidades de cuidados continuados
A vereadora Gabriela Nunes (PS) voltou a colocar, na reunião da Câmara Municipal de Guimarães, a preocupação com o encerramento das unidades de cuidados continuados de longa duração existentes no concelho. A decisão da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães e do Centro Social da Paróquia de Santa Eulália de Nespereira deixará o município “sem qualquer uma das 70 camas existentes” nesta resposta social, alertou.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães
Apesar de reconhecer que a gestão das vagas é nacional e centralizada, Gabriela Nunes sublinhou que a inexistência de capacidade local terá consequências diretas para as famílias. “A colocação passa por uma gestão centralizada, mas se Guimarães não tiver camas, os vimaranenses vão para mais longe do seu território, das suas casas e dos seus afetos”, afirmou aos jornalistas.
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Araújo, lembrou que as duas instituições de solidariedade social “decidiram encerrar este serviço e substituí-lo por outro também necessário”. O autarca admitiu que já hoje muitos utentes são encaminhados para fora do concelho para aceder a cuidados continuados: “É preciso ter noção de que há muitos vimaranenses que, infelizmente, têm de ir para fora para ter este apoio”.
O presidente explicou ainda que as instituições não escolhem os utentes que recebem: “Trata-se de uma rede nacional, e as vagas são atribuídas conforme as necessidades regionais e nacionais”. Apesar das limitações, garantiu que o município está disponível para colaborar com o Governo e com o setor solidário: “Não há muito que o município possa fazer sozinho, mas há muito que pode fazer em articulação com quem tem responsabilidade direta. Estamos a tentar garantir que Guimarães não perde capacidade de resposta social”.
“Um retrocesso inaceitável”, diz Gabriela Nunes
Com o encerramento destas duas unidades, Guimarães ficará sem qualquer estrutura de longa duração, passando a dispor apenas de uma unidade de média duração e reabilitação. Para a vereadora socialista, este é “um retrocesso inaceitável”.
Após a reunião do executivo, Gabriela Nunes reiterou que esta não é uma questão local, mas que o município deve fazer tudo o que está ao seu alcance. Sublinhou que a decisão das instituições é legítima, mas não deixa de ter impacto: “As instituições têm direito às suas opções. Há um subfinanciamento destas respostas e isso leva muitas entidades a encerrar serviços. Não faço juízos morais. Mas Guimarães precisa desta resposta e os vimarenses precisam destas 70 camas.”
A vereadora recordou que o PS já transmitiu a sua preocupação aos deputados na Assembleia da República e ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. “Precisamos de perceber que medidas serão tomadas para que esta resposta exista. Este é o momento de estarmos juntos, PS e PSD, para encontrarmos soluções”, afirmou.
Cuidados continuados não são substituíveis por camas de retaguarda
A Santa Casa da Misericórdia pretende converter parte da sua capacidade em camas de retaguarda, destinadas a aliviar a pressão hospitalar, adiantou Eduardo Leite, vice presidente do município e provedor da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães. Gabriela Nunes reconhece a necessidade dessa resposta, mas distingue-a da tipologia agora extinta: “As camas de retaguarda são importantes, mas não prestam o mesmo tipo de serviço que os cuidados continuados de longa duração. São respostas diferentes e ambas necessárias.”
A vereadora defende que o Governo deve garantir o financiamento adequado das respostas sociais, lembrando que “é preciso pagar despesas e assegurar sustentabilidade, mas também é preciso garantir que o concelho não fica sem alternativas”.
Questionada sobre o facto de o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Eduardo Leite, também vice-presidente da Câmara, ter responsabilidades em ambas as esferas, Gabriela Nunes recusou comentar: “Não me pronuncio sobre essa questão. Se fosse comigo, saberia o que faria, mas cabe ao próprio assumir as suas decisões. A minha preocupação é com os cuidados continuados e com os vimaranenses.”
Para já, a vereadora insiste que a prioridade deve ser encontrar soluções que evitem a perda definitiva desta resposta: “Há uma necessidade real de respostas de longa duração. Apelo a que todos, instituições, Governo, autarquia, se juntem para garantir que Guimarães não fica desprovido deste serviço fundamental.”





