Gaya de Medeiros apresenta BAqUE esta noite: Um espetáculo-concerto e uma celebração

“Num ritual de afetos e fábulas, um coletivo de pessoas trans experimenta uma utopia em que todos os corpos são iguais e já não existe género, nem qualquer outro marcador que nos diferencie”. É o que se lê na sinopse de BAqUE e é o que vemos quando nos sentamos nas cadeiras colocadas no palco. A 12.ª edição do festival vimaranense arranca esta quinta-feira, 2 de fevereiro, às 21h30, com este espetáculo concerto coproduzido pel’A Oficina / Centro Cultural Vila Flor que procura responder à pergunta “e se o meu corpo não viesse antes de mim, eu falaria sobre o quê?”.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Alguém está no chão. É Gaya de Medeiros. Ary Zara, Lari Tav (Labaq), João Leonardo e Eríc Santos entram e retiram as peças de roupa colocadas por cima da bailarina.

Quase que numa conversa com o público, vai-se arrastando pelo palco – ou pela relva sintética [será real?] -, escondendo o seu corpo. E assim começa esta peça que “nasceu do desgaste frente às antigas narrativas acerca das corpas trans, sempre conectadas à dor e ao sofrimento”. Em palco, cinco pessoas trans. É a história destas pessoas que vamos conhecer.

“O GUIdance é ao mesmo tempo um lugar de trans_missão e de trans_formação do ser. Uma espécie de expressão que não compreendemos à partida, mas cuja força criadora e misteriosa nos congrega a fazer parte da sua existência”, disse Rui Torrinha, diretor artístico do GUIdance, na apresentação desta edição do evento. “Esse sentido dos corpos outros vai estar na linha da frente desta edição. Esses que fogem à norma seja ela qual for, porque a sua natureza está em permanentemente processo de super_ação”.

E BAqUE nasce assim mesmo. Enquanto artista, Gaya de Medeiros interessa-se por “trazer novas narrativas acerca de outros modos possíveis de estar no mundo”. Foi nessa busca que aproximou um elenco “muito diverso nos seus talentos para evidenciar a potência e a disforia alegria das existências peculiares”.

O elenco propõe-se a “(re)narrar o mundo e as relações que nos conectam com a existência: falar de tudo o que nos vibra na vida e de tudo o que nos faz parar de vibrar nela”. Afinal, como diz a própria no final final, “não vai ficar tudo bem” e é também importante que se fale disso.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Gaya de Medeiros, que assume a direção e produção deste espetáculo, nasceu em 1990, em Minas Gerais, no Brasil. Cursou a universidade de Cinema de Animação UFMG/BR, estudou ballet clássico, dança contemporânea, teatro e dramaturgia. Trabalhou durante nove anos como bailarina e criadora na Cia de Dança do Palácio das Artes, no Brasil.

Em Portugal colaborou com Tiago Cadete, Sónia Baptista, Gustavo Ciríaco, Alex Cassal, Victor Hugo Pontes e Daniel Gorjão. Protagonizou o curta-metragem “Caroço de Abacate”, dirigido por Ary Zara, premiado no IndieLisboa 2022, AFI Film Festival (Hollywood) e no Film Court Festival (Fr). Criou “Atlas da Boca” que integrou o Festival Alkantara 2021 e foi eleito um dos melhores de 2021 pelo Jornal Expresso.

A artista fundou a BRABA.plataforma que visa apoiar, viabilizar e financiar iniciativas protagonizadas/direcionadas para a comunidade Trans/Não binária.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

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