Grã Ordem Afonsina celebra 900 Anos da investidura de Afonso Henriques como Cavaleiro
Comemoram-se este ano os 900 anos da investidura de cavaleiro do Infante Afonso Henriques, episódio marcante na história de Portugal, momento que permitiu que Afonso Henriques viesse a liderar o movimento que culminou com a Batalha de S. Mamede, em 24 de Junho de 1128. As celebrações foram apresentadas numa cerimónia em Guimarães na manhã do passado sábado, 10 de maio, na Torre da Alfândega, em Guimarães.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães
Abel Cardoso, vice-presidente da associação, foi o responsável pela abertura da cerimónia, invocando a importância do momento ocorrido há 900 anos para o nascimento de um país, de uma cultura que se espalhou pelo mundo.
Na cerimónia esteve presente o escultor vimaranense Dinis Ribeiro, que se debruçou sobre a escultura do Infante D. Henrique que a associação, com o apoio de mecenas, instalou em 2023 em Zamora. Segundo o artista, a escultura que levantou polémica, representa Afonso Henriques ainda jovem, “frágil, humano e dependente da vontade divina”, evocando o espírito medieval e a crença no milagre como motor da história. “Ele era a pedra rejeitada que se tornou a pedra angular”, frisou.

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Cooperação entre instituições
Florentino Cardoso destaca que as comemorações dos 900 anos da investidura como cavaleiro, só são possíveis graças à articulação entre diversas entidades portuguesas e espanholas. A Grã Ordem Afonsina celebrou protocolos com a Fundação Rei Afonso Henriques, o Centro de Iniciativas Turísticas de Zamora, a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, e a Catedral de Zamora, entre outros parceiros. “Uma associação modesta como a nossa só consegue ir tão longe em espírito de cooperação”, disse Florentino Cardoso, reafirmando o papel essencial do trabalho conjunto.
O programa inclui um congresso histórico em Zamora no dia 06 de junho, dedicado ao século XII português, com a presença de conceituados historiadores nacionais e espanhóis. Haverá também uma sessão de homenagem junto à catedral daquela cidade espanhola, com a presença dos Nicolinos, da Tuna Afonsina, e de músicos que interpretarão temas de Carlos Paredes. Seguir-se-á um cortejo pelas ruas de Zamora, culminando na representação teatral da investidura na Catedral, missa solene e um almoço de confraternização entre portugueses e espanhóis.

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Rumo aos 900 anos da Batalha de São Mamede
O evento em Zamora é apenas o prelúdio de um objetivo maior: as comemorações dos 900 anos da Batalha de São Mamede, em 2028, considerada como o dia da verdadeira fundação de Portugal. O Presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, reforçou a necessidade de transformar essa data num feriado nacional, designando o 24 de junho como o “Dia da Fundação de Portugal”. O edil disse estar a envidar todos os esforços e diligências para que o 24 de Junho de 2028 seja Feriado Nacional, o que espera vir a ser o passo decisivo para que a data passe a ser celebrada em todo o país.
“Não queremos substituir o 10 de Junho, Dia de Portugal e da Língua Portuguesa. Queremos acrescentar-lhe o Dia da Fundação, porque são marcos distintos e igualmente importantes”, afirmou o autarca.
Um filme épico para o mundo
Entre as propostas, desejou ainda que se reunam condições para a produção de um filme com a história do nascimento de Portugal, que envolva as cidades que fizeram parte da vida e obra do primeiro rei, uma série ou filme histórico sobre a fundação de Portugal, envolvendo cidades como Dijon (terra natal do Conde D. Henrique), Zamora, Santiago de Compostela e, claro, Guimarães. “Precisamos de contar ao mundo como nasceu Portugal”, defendeu Bragança. “Outros países têm filmes épicos sobre as suas origens. Portugal não pode continuar ausente desse palco.”

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Domingos Bragança também apontou para a colocação de mastros com bandeiras no Castelo de Guimarães — da Fundação de Portugal e da República — bem como a valorização da cerca medieval da cidade, com recurso a tecnologias interativas. Um novo espaço interpretativo será instalado na Torre da Alfândega, onde se proclama: “Aqui nasceu Portugal.”
A Grã Ordem Afonsina manifestou ainda a intenção de homenagear figuras chave do processo de independência, como Egas Moniz, através de uma escultura a ser instalada em Guimarães em 2027.