Grande “empenho e compromisso” dos alunos no Torneio de Retórica de Guimarães
O Teatro Jordão recebe, esta terça e quarta-feira, 31 de maio e 1 de junho, as finais do Torneio da Retórica de Guimarães.
O Teatro Jordão recebe, esta terça e quarta-feira, 31 de maio e 1 de junho, as finais do Torneio da Retórica de Guimarães.
Desde janeiro, altura em que o torneio começou, já foram concretizados 60 debates, que envolveram 56 turmas e 1350 alunos das diversas escolas secundárias de Guimarães.
Entre as finalistas estão a Escola Secundária das Taipas, a Escola Secundária Martins Sarmento, bem como o Agrupamento de escolas Francisco de Holanda e o Agrupamento de Escolas Santos Simões.
Os eventos foram organizados pela Associação Artística Vimaranense (ASMAV), em colaboração com as escolas e com o município de Guimarães.
O Mais Guimarães acompanhou de perto a primeira final do torneio, entre as turmas do 11º ano CT1 e SE1 da Escola Secundária Martins Sarmento, que debateram “sim ou não ao serviço militar obrigatório, em Portugal, para todos os jovens com 18 anos?”.
Catarina Mesquita, Daniel Pinto e Tiago Gomes foram os grandes vencedores, que defenderam uma posição desfavorável ao tema.
“Foi exigente porque fizemos cinco debates, um por mês. É uma vitória que sabe muito bem, mas foi renhido”, explicou Catarina Mesquita, referindo-se também às dificuldades de preparação para os debates, especialmente porque acontecem durante o período letivo.
O segredo, conta, está no planeamento. “É fazer muita pesquisa, ter muita noção da história e das estatísticas. O argumento em si vem da pesquisa”, explicou a aluna, acrescentando que “pensar em temas controversos faz sempre bem”.
Também os professores desempenharam um papel de relevo. Apesar dos alunos estarem entusiasmados com o desafio, foi necessária a orientação dos docentes nos argumentos trazidos a debate.
Ana Maria Silva, diretora da escola, destacou que “assim que o desafio foi lançado, a resposta foi, de imediato, positiva”. “Este projeto é uma mais valia para os alunos crescerem. Estamos a educar pessoas e tudo o que permita desenvolver o conhecimento, a argumentação e o pensamento crítico é fundamental”, acrescentou a responsável.
“Falamos com os alunos e eles aceitaram de forma autónoma. Foi um processo que se fez de fora para dentro e correu muito bem. Os alunos receberam o tema e procuraram o conhecimento, que depois transitou para dentro da sala de aula, envolvendo e mobilizando os restantes colegas”, referiu Cristina Carvalho, professora da Escola Secundária Martins Sarmento. A docente diz não ter dúvidas de que “o torneio faz despertar o gosto pela oratória”, mas “estar em discurso e falar em público não é fácil. É, aliás, muito diferente de fazer um exame”.
Ambas as docentes concordam que os alunos têm, cada vez mais, “abraçado causas, parado para pensar e para desenvolver um pensamento crítico”. O facto de não poderem escolher os temas em debate, nem a posição a favor ou contra, faz com que os alunos se foquem na argumentação, obrigando-os a “tomar uma posição diferente da individual, o que os faz crescer muito”.
Francisco Teixeira, presidente da ASMAV, o torneio exigiu muito dos alunos, dos professores, das escolas, mas também do ponto de vista logístico e organizativo”.
Destacando que o “mais importante é o envolvimento cívico e emocional dos jovens”, o presidente da ASMAV disse ser notório o “grande empenho e compromisso” dos jovens, aos quais reconhece “imensa qualidade”.
“Na vida contemporânea, cada vez mais quem sabe tomar a palavra é que tem lugar. Este espaço de preparação científica, pedagógica e cívica é, para nós, uma grande alegria”, acrescentou.
A entrega dos troféus aos alunos esteve a cargo do presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, que assistiu ao debate com “grande satisfação”. “Este torneio mostra que a base para um bom argumento e para uma boa retórica são os pilares da educação, ciência e cultura”, referiu.
O edil vimaranense diz ter assistido a um debate de jovens com “muito talento, que souberam argumentar e fundamentar muito bem” e foi notória “uma pesquisa alargada de conhecimentos”.
Para o autarca, “os jovens que debatem estes assuntos que preocupam a sociedade contemporânea serão ativos no ato eleitoral”, uma vez que não ficarão indiferentes às propostas daqueles que se propõem a liderar, procurando saber de que forma defendem ou não as suas causas.
“Torna-os diferentes, despertados e com compromisso para participar civicamente na sua terra e no seu país”, finalizou Domingos Bragança.
Depois das finais disputadas esta semana, acontecem, em setembro, as meias finais entre os quatro grupos vencedores, às quais se segue a finalíssima, disputada pelos dois últimos grupos.
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