Guimarães acolhe IV Encontro Ibero-Americano de Tunas com homenagem a Afonso Gonçalves
Guimarães acolhe, entre 26 e 30 de junho, a quarta edição do Encontro Ibero-Americano de Tunas Académicas (EITA). O evento reunirá, este ano, 17 tunas académicas de Portugal, Espanha, México, Peru, Colômbia e Chile.

© Eliseu Sampaio/ Mais Guimarães
Ao longo de cinco dias, mais de 500 participantes irão animar a cidade. Embora descentralizado, com atividades também nos municípios de Vizela e Cabeceiras de Basto, o coração do evento será a Plataforma das Artes, em Guimarães, que acolherá os concertos gratuitos das tunas participantes, zonas de restauração e artesanato, produtos culturais, e ainda as TunaeTalks – um ciclo de conferências com registo audiovisual e a presença de figuras do setor cultural.
Um dos momentos mais emotivos será o espetáculo de homenagem a Afonso Gonçalves, vimaranense, membro da organização falecido em Lisboa, depois de uma atropelamento fatal, que terá lugar no sábado, dia 28, e contará com uma atuação especial das tunas convidadas em sua memória. Paulo Gonçalves, pai de Afonso, apresenta esta edição marcada pela expansão territorial e pela forte carga simbólica.
Esta será uma edição especial do EITA…
Sem dúvida. Esta vai ser a edição mais especial do EITA – Encontro Internacional de Tunas Académicas – até agora. Não só pela dimensão, quantidade e qualidade das tunas participantes, mas também porque, nesta edição, ultrapassamos fronteiras municipais. O evento vai decorrer não apenas em Guimarães, como também começará em Vizela e terminará em Cabeceiras de Basto. Isso representa um crescimento de três para cinco dias de evento.
Há também uma motivação pessoal nesta edição. Quer partilhar?
Sim, esta edição tem uma dedicatória muito especial: é dedicada ao Afonso, o meu filho, que fazia parte da organização desde a primeira edição, também ele tuno. Vai ser homenageado por todas as tunas presentes, que farão questão de o celebrar neste evento de forma sentida.
Para quem ainda não conhece, o que é o EITA?
O EITA é muito mais do que um encontro de tunas. Já é, provavelmente, o principal evento de tunas da Península Ibérica. Em apenas quatro anos, consolidou-se como uma referência, com um formato não competitivo, e este ano contará com tunas de cinco países. Continua a ter uma forte presença da TUDI – associação de tunas veteranas de 15 países – e transforma Guimarães e a região na capital mundial das tunas durante uma semana.

© EITA
“Já conhecíamos o apoio de Guimarães, mas a forma como as equipas locais de Vizela e Cabeceiras se envolveram foi mesmo uma surpresa positiva”
Há tunas de outros continentes também?
Sim, já é um evento que atravessou as fronteiras da Península Ibérica e até do Brasil. Este ano vamos ter participantes da Holanda, como a Tuna Ciudad Luz, de Eindhoven, além de tunas dos Estados Unidos e do Canadá. É um verdadeiro evento internacional.
Como foi a recetividade dos novos municípios envolvidos, Vizela e Cabeceiras de Basto?
Fiquei muito agradavelmente surpreendido. Tanto Vizela como Cabeceiras mostraram grande entusiasmo e recetividade à ideia de expandir o EITA para os seus municípios. Perceberam o potencial de criarmos uma plataforma de trabalho intermunicipal que pode tornar este evento ainda mais relevante. Já conhecíamos o apoio de Guimarães, mas a forma como as equipas locais de Vizela e Cabeceiras se envolveram foi mesmo uma surpresa positiva.
Em Guimarães, quais são os principais pontos do evento?
Haverá momentos no centro histórico, claro, mas o epicentro será na Plataforma das Artes. Teremos as rondas à Nossa Senhora da Oliveira, na sexta (27) e sábado (28) às 17h30, em colaboração com a paróquia. Os tunos também participarão na Eucaristia Dominical, no domingo (29) às 12h00.
E o ambiente na Plataforma das Artes, como será?
Vamos criar um verdadeiro festival de verão dedicado às tunas. Teremos barraquinhas de comida, artesanato, instrumentos musicais e, claro, muita música. As tunas atuarão sexta e sábado à noite e domingo à tarde, com espetáculos gratuitos para a população.

© EITA
“É um impacto direto para hotelaria, restauração e comércio local”
Haverá atuações espontâneas também?
Sim, faz parte da natureza das tunas. Depois dos espetáculos, é comum vê-los a tocar espontaneamente nos bares e ruas. E mesmo durante o dia, na Plataforma das Artes, haverá atuações informais. Para além disso, realizaremos as “Tonight Talks”, jornadas culturais que já são uma imagem de marca do EITA, focadas na cultura da tuna, na Black Box do Centro Internacional de Artes José de Guimarães.
Este crescimento do evento pode trazer impacto económico à região?
Sem dúvida. Este ano esperamos mais de 800 participantes, muitos deles de fora da Europa, que ficarão hospedados até sete noites em Guimarães. É um impacto direto para hotelaria, restauração e comércio local. São poucos os eventos que oferecem este retorno económico e, ainda por cima, com entrada gratuita para os espetáculos. Acreditamos que as entidades públicas e também os mecenas privados deveriam olhar para este evento com mais atenção e apoio.
A componente cultural também se reforça este ano?
Sim, o EITA vai além das tunas. No ano passado, tivemos a participação da Sofia Escobar e do Mário Lundum. Este ano, contaremos com o Manel de Oliveira, que celebra 30 anos de carreira e estará conosco na abertura de sexta-feira. Teremos também o Pedro de Castro, referência da guitarra portuguesa, e uma participação especial do Grupo Folclórico da Corredoura, que preparamos como surpresa. Queremos cruzar linguagens artísticas e surpreender o público.
Já está tudo preparado? Que mensagem deixa ao público?
Estamos prontos. Agora é importante que o público apareça. Esta edição é dedicada ao Afonso e queremos muito sentir o apoio de Guimarães e da região. Quando fizemos uma vigília em Lisboa, muitas pessoas disseram que gostariam que fosse mais perto. Agora está aqui, ao lado, e seria muito especial ver a população presente e envolvida. Para nós, enquanto organização e família, será um enorme consolo e alegria ver o Afonso homenageado num evento cheio de vida, música e emoção.