O município de Guimarães assumiu recentemente o papel de investidor no projeto “+Acesso para Todos – Por Comunidades Mais Inclusivas”, promovido pela Associação Salvador e apoiado pela Portugal Inovação Social.

Guimarães junta-se a mais 14 municípios espalhados pelo país neste projeto-piloto que pretende sensibilizar a sociedade para a necessidade de olhar para as questões da inclusão com mais atenção. Alinhado com a Estratégia Nacional para a Inclusão das Pessoas com Deficiência 2021-2025, Guimarães tem colocado no centro da sua agenda a promoção da inclusão social das pessoas com deficiência, bem como da sua participação plena em todas as vertentes da vida comunitária.

Na sessão de apresentação pública do projeto, que decorreu na passada quarta-feira, 4 de maio, no Centro Cultural Vila Flor, Domingos Bragança parabenizou todos os envolvidos, e agradeceu o facto do município de Guimarães ter sido convidado a participar. Classificando a temática de “muito importante”, o presidente da Câmara lembrou a necessidade de nos colocarmos no “lugar do outro”, algo que muitas vezes não fazemos. “Hoje, todos os que aqui estão presentes terão sentido não ter feito tudo aquilo que é possível fazer”, disse. “Não estamos atentos. Temos que ser mais exigentes e corrigir o passivo que se instalou nas acessibilidades. Precisamos de um planeamento urbanístico que olhe com mais atenção para estas necessidades”. Domingos Bragança quer convocar toda a sociedade vimaranense, instituições, responsáveis autárquicos, entre outros, para um objetivo que considera ser “de uma grande dimensão humana”. “Quero uma cidade e um território de Guimarães mais inclusivos, para todos”, concluiu.

Antes, Paula Oliveira, vereadora da Ação Social, lembrou todo o trabalho que o município tem vindo a fazer para promover a inclusão, e deu como exemplo o Plano de Acessibilidades e a recente concessão do transporte público rodoviário de passageiros, concretamente na questão do piso rebaixado e do acesso facilitado a quem utilize cadeira de rodas. Salvador Almeida, presidente da Associação Salvador, disse que há 20 anos que sofre na pele as dificuldades de acesso e que ficou muito satisfeito por poder contar com Guimarães neste projeto-piloto. Para Salvador Almeida, o desafio é “envolver toda a sociedade na procura das melhores soluções”.

Joana Gorgueira, da Associação Salvador, revelou que nem todos os municípios querem fazer parte deste projeto, enaltecendo a resposta positiva de Guimarães. Para a responsável da Gestão de Projetos de Acessibilidade da associação, o compromisso das autarquias é “muito importante”. Para Sara Coutinho, embaixadora da Associação Salvador, e vimaranense, é “um orgulho ver Guimarães a aderir a este projeto. Lembrou que há pessoas há muito anos em casa, sem capacidade de se movimentarem na cidade. “Todos nós, seres humanos, temos capacidade para superar as nossas dificuldades. A minha vida é disso exemplo. Quero que este projeto seja o início de tudo”, disse.

“+Acesso para Todos – Por Comunidades Mais Inclusivas” visa o desenvolvimento e implementação de uma Iniciativa de Inovação e Empreendedorismo Social (IIES) que visa despertar a sociedade em geral para a mudança, sensibilizar os mais jovens para a igualdade e respeito para com as pessoas com diferença, e também promover e desenvolver as acessibilidades, aumentando o número de espaços acessíveis.

O projeto a desenvolver terá como abrangência territorial diversos municípios das regiões Norte (5 municípios), Centro (4 municípios) e Alentejo (6 municípios), com o objetivo de promover territórios mais inclusivos e acessíveis. Em Guimarães, a Associação Salvador propõe-se desenvolver ações de capacitação para docentes, não docentes e alunos da comunidade escolar, um evento para atribuição de distinção às empresas locais, ações de sensibilização para a sociedade em geral, bem como de capacitação para os agentes da mudança, um manual de boas práticas e um selo de acessibilidades. Esta iniciativa será, naturalmente, desenvolvida em estreita colaboração com o Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência e com o Balcão da Inclusão, bem como com um conjunto de serviços municipais, nomeadamente com a Divisão de Educação e com o Departamento de Desenvolvimento do Território, que já identificaram os devidos interlocutores para acompanhar o desenvolvimento deste projeto no concelho.