Guimarães é capital do jazz até 19 novembro
David Murray, Victor Garcia, Manuel de Oliveira, Jorge Pardo, Carles Benavent, Orquestra de Guimarães, Orquestra Jazz de Matosinhos, Ethan Iverson, David Virelles, entre outros, protagonizam os próximos concertos da 31.ª edição do Guimarães Jazz.

manuel-de-oliveira-barra_fb
A 31.ª edição do Guimarães Jazz continua a expressar-se durante esta semana com seis concertos que reúnem em Guimarães artistas de diversas origens geográficas e estilísticas para nos fazer viajar por entre variadas linguagens do universo do jazz, aqui representadas por David Murray, Manuel de Oliveira, Jorge Pardo, Carles Benavent & Orquestra de Guimarães, Victor Garcia, Orquestra Jazz de Matosinhos & Ethan Iverson e David Virelles, Centro de Estudos de Jazz (CEJ) da Universidade de Aveiro, Sonoscopia.

A segunda vaga de espetáculos desta edição arranca com uma nova parceria com a Universidade de Aveiro, com o seu Centro de Estudos de Jazz (CEJ) a fazer-se ouvir já esta terça-feira. Com esta nova forma de associação institucional entre o festival e a sociedade civil portuguesa, é pretendido apresentar, anualmente, uma banda ou projeto nacional que se distinga em virtude das suas qualidades artísticas intrínsecas e da originalidade criativa da música que propõe. Nesta primeira edição da parceria, a formação que mereceu o prémio de Melhor Ensemble e Melhor Arranjo Original no II Concurso Internacional de Jazz da Universidade de Aveiro foi o trio THEMANUS, criado por Afonso Silva, saxofonista e compositor, coliderado pelo baterista Eduardo Carneiro e pelo guitarrista Ricardo Alves.
Já a parceria iniciada há cinco anos entre o Guimarães Jazz e o coletivo portuense Sonoscopia tem como objetivo mostrar ao público propostas musicais que, sendo tangenciais ao fenómeno puramente jazzístico, se encontram umbilicalmente ligadas a este estilo pela forma como absorvem e modulam a matriz disruptiva das suas expressões marcadamente não-idiomáticas. Em 2022, esta parceria mostra-se ao público a 16 de novembro, propondo o duo entre o australiano Will Guthrie e o português David Maranha, um projeto que, não sendo inédito, constitui um novo degrau de aprofundamento da relação colaborativa entre dois músicos relevantes do circuito da música improvisada europeia.
O compromisso assumido pelo Guimarães Jazz no sentido do aprofundamento das suas ligações com a comunidade assume uma das suas formas mais visíveis na parceria, estabelecida desde há alguns anos, entre o festival e a Orquestra de Guimarães. A 17 de novembro, o projeto que a formação orquestral vimaranense irá abraçar é a reinterpretação, sob a direção musical de Carlos Garcia, do álbum “Ibéria”, de Manuel de Oliveira, compositor e guitarrista natural de Guimarães. Em palco, a acompanhar as guitarras clássica e braguesa de Oliveira, estarão, entre outros, dois músicos espanhóis reconhecidos internacionalmente, Jorge Pardo e Carles Benavent.
Ao aproximar-se do destino final desta edição, o Guimarães Jazz lança-se para uma das principais missões assumidas pelo festival ao longo do tempo: apresentar ao seu público o maior número possível de músicos de jazz, permitindo-lhe, assim, uma amplitude de descoberta e conhecimento deste género musical. No entanto, no decurso das suas três décadas de existência, a repetição de nomes foi-se tornando uma inevitabilidade, razão pela qual certos músicos acumulam presenças no festival. Este ano, esse estatuto é representado pelo saxofonista David Murray no dia 18 de novembro. Esteve presente pela primeira vez na edição de 2014 do Guimarães Jazz com o celebrado Infinity Quartet.
No último sábado do festival, às 17h30, o público é confrontado com o Victor Garcia Group. Como é reconhecido, a cidade de Chicago tornou-se, ao longo do tempo, um dos núcleos criativos fundamentais do jazz norte-americano, estatuto que preserva ainda hoje, fruto do cruzamento de uma extraordinária tradição jazzística afro-americana com o multiculturalismo intrínseco das grandes metrópoles. Victor Garcia, trompetista e compositor de ascendência latino-americana, é hoje um dos representantes da nova geração do jazz de Chicago. Para além de dirigir a Big Band da ESMAE, atua também em quinteto no último dia do Guimarães Jazz.
O festival encerra-se em formato orquestral, como já é tradição. Considerada hoje como uma instituição de referência nacional, a Orquestra Jazz de Matosinhos terá a responsabilidade de concluir a edição do Guimarães Jazz 2022 na noite deste sábado, às 21h30, com a apresentação do espetáculo “Jazz In the Space Age”, um concerto em que prestará homenagem, interpretando-o, ao álbum homónimo de George Russell. A acompanhar o notável conjunto de instrumentistas que compõe esta orquestra, estão dois pianistas emergentes da cena jazzística norte-americana – o norte-americano Ethan Iverson e o cubano sedeado em Nova Iorque David Virelles – para um concerto dirigido por Pedro Guedes.
Os concertos do festival serão acompanhados em paralelo por outras das suas facetas identificadoras: momentos de improvisação que revelam o lado mais informal do jazz, num ambiente mais direto e próximo dos músicos, as concorridas e esfuziantes jam sessions decorrem esta semana no Convívio Associação, sendo este ano lideradas por Victor Garcia, que surge acompanhado por um naipe de músicos – o pianista Ben Lewis, o baterista Greg Artry, o contrabaixista Josh Ramos e a vocalista Jill Katon. Os mesmos artistas, músicos residentes que se deslocam propositadamente dos EUA a convite do festival, fixando-se em Guimarães por duas semanas, são igualmente responsáveis por orientar as oficinas de jazz, uma experiência única de trabalho criativo com músicos de elevada qualidade técnica, envolvidos num dos contextos mais fervilhantes da criação jazzística contemporânea.