Habitação, um pesadelo em Guimarães
A ausência total de uma estratégia de habitação por parte do município de Guimarães, é hoje tão incontornável quanto a crise de habitação que vivemos e que não é uma realidade só do nosso concelho.

Contudo a abordagem passiva dos últimos anos, no que à habitação diz respeito, torna ainda mais aguda esta crise para a classe média local do que em muitos outros concelhos. Em devido tempo o executivo municipal foi alertado para esta realidade e, nem por isso, antecipou ou apresentou medidas para o apoio à aquisição de habitação por parte da classe média e dos jovens, uma necessidade urgente e que se agravou num contexto económico de subidas de taxa de juro para conter a inflacção, que penalizam em especial esta franja da sociedade, sempre a mais castigada com a carga fiscal.
O Presidente da Câmara, Domingos Bragança, dizia na última Assembleia Municipal que o PDM teria de ser revisto com urgência pois era necessário aumentar a capacidade de construção destinada à habitação. Eu não poderia estar mais de acordo, com uma diferença, o responsável político por esta urgência é o mesmo presidente da Câmara que em 2015 aquando do anterior PDM defendia precisamente o seu contrário.
A chegar aos últimos dois anos de um consulado que terá 12 anos de governação, este executivo e este presidente afinal percebem que toda a sua estratégia estava errada desde o início e com a mesma naturalidade que afirmavam uma coisa hoje afirmam o seu contrário. Uma autarquia que é campeã regional dos Impostos cobrados aos seus munícipes, que cobra hoje mais do que aquilo que orçamentou para impostos, é incapaz de olhar para a sua classe média e fazer aquilo que é a sua responsabilidade: ajudar a que tenham uma vida melhor vivendo no nosso concelho.
Por mais que se queira fugir a comparações com concelhos vizinhos, e de facto essa comparação tem cada vez menos lugar tal é já a nossa diferença para estes, ela deve ser feita. Vivemos uma crise de habitação em Guimarães num cenário de perda de população, ao contrário de Braga que a têm também mas no cenário inverso. Apesar disso, as medidas de apoio nos concelhos vizinhos existem, enquanto cá tudo é sempre cobrado ao máximo.
A oferta de habitação para a classe média é fundamental para a captação e retenção de talento e o talento é fundamental para a captação de investimento que proporcione emprego qualificado. Uma taxa mais elevada de IRS que a dos concelhos vizinhos, um PDM que o presidente da Câmara sabe que é seu e que hoje assume como errado, a ausência de incentivos à habitação para jovens até aos 40 anos, a ausência de uma estratégia de habitação que vá para lá da habitação social e essa com as debilidades conhecidas, e em alturas como a que vivemos, a ausência de medidas de emergência de apoio à classe média, seja no apoio ao pagamento da sua prestação bancária ou no arrendamento, explicam o desastre pelo qual a classe média passa para viver em Guimarães.
Assim não! Assim quem nos governa não está à altura da história do nosso concelho e muito menos das gentes que, a pulso, sempre construíram Guimarães.
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