No espetro das comemorações dos 50 anos do 25 abril, que iniciaram já a 24 de março de 2022, Guimarães celebra a vida de Santos Simões no programa “Abril com Cantigas de Maio”. A cidade berço celebra a vida de alguém que foi “um elemento agregador na vida cultural vimaranense na metade do século XX” e também “um dos nomes maiores da resistência ao regime em Guimarães”.

Abril com Cantigas de Maio apresenta, nas palavras de Paulo Lopes Silva, um programa com “história, contemporaneidade, discussão sobre o presente e o futuro” e que se inicia já a 19 de abril, quarta-feira, com o filme “Ladrões de Bicicletas”, no Teatro Jordão.

O Cineclube de Guimarães vai realizar uma sessão de cinema dedicada a Santos Simões, revisitando esse que foi um filme importante para o mesmo. Trata-se de um filme icónico do neorrealismo italiano e que foi o primeiro filme exibido pelo Cineclube em 35 milímetros.

A 20 de abril, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) recebe a tertúlia “Território, Imigração e Literatura: Uma tertúlia-Ocupação”, às 19h00.

A Sociedade Martins Sarmento apresenta-se com o objetivo de “trabalhar a questão da liberdade de expressão” e, por isso, prepara uma exposição na qual tenta “avaliar o impacto de censura na imprensa vimaranense”. Ao mesmo tempo, querem ligar aquela que foi a atividade de Santos Simões, particularmente no suplemento de artes, letras e notícias de Guimarães. Haverá outra dimensão: a imprensa clandestina e “como é que as pessoas conseguiram contornar estas questões e levar um pouco da mensagem de liberdade a alguns dos cidadãos”.

A exposição “Liberdade de expressão” vai, assim, estar aberta de 21 de abril a 7 de maio, na Sociedade Martins Sarmento, e por lá passarão eventos como a apresentação do documentário sobre a vida de Vítor de Sá, “Sequioso de Vida”, uma figura que cruza com Santos Simões.

Nesses dias, será também possível, no largo do Toural, ver uma exposição de fotografias denominada “25 de Abril no Toural”.

Feriado com diversas iniciativas

No próximo sábado, dia 22 de abril, decorre o espetáculo “Sons e Vozes de Liberdade”, d’OsMusiké, que junta música e poesia em palco. O habitual concerto “Sons da Liberdade”, com imagens projetadas enquanto a Banda da Sociedade Musical de Pevidém e o Coro da Liberdade tocam e cantam as canções da Liberdade, acontece a 24 de abril, no Grande Auditório Francisca Abreu.

No dia 25 de abril, o Multiusos recebe, ao longo de todo o dia, o evento “Desporto Escolar para a Liberdade”. A Banda Musical de Caldas das Taipas realizará um concerto no largo Condessa do Juncal, às 11h00, enquanto decorrerá uma sessão solene no Teatro Jordão, com uma encenação teatral pelo Teatro de Ensaio Raul Brandão (TERB).

No mesmo dia, às 15h30, no Coreto do jardim da Alameda, canta-se “Abril, ontem e hoje”, com Dino Freitas e amigos.

O Círculo de Arte e Recreio (CAR) apresentará, a 28 de abril, uma Fanzine, convidando a comunidade a participar através de textos, poemas, caricaturas, imagens ou grafismos.

No dia seguinte, o TERB vai apresentar a peça “Uma Previsão Política”, que pretende “mostrar a quem não sabe a influência que Santos Simões teve em Guimarães”, no Jordão.

No dia 30, dia em que se celebra o Dia Internacional do Jazz, a associação Convívio, como já tem sido habitual, recebe um concerto de homenagem a Zeca Afonso, intitulado “De Não Saber o que se Espera”, com participação dos Inquiet’ Ensemble.

O programa termina com o debate “Santos Simões, o cidadão, o autor, o associativista, o resistente, o artista”, na Sociedade Martins Sarmento, a 1 de maio.

Atualizar “os valores da resistência e da liberdade ao longo dos últimos anos”

Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura, referiu-se a Joaquim Santos Simões como alguém que “marcou grande parte das instituições que compõem esta comissão organizadora, marcou Guimarães enquanto cidade de cultura, cidade de resistência e, naturalmente, marcou o país com o legado que deixou”.

Abril com Cantigas de Maio é um momento, lembrou o vereador, no qual várias organizações “se juntam para falar sobre liberdade, resistência, sobre aquilo que é uma luta que até 1974 teve um peso e de 1974 em diante teve um outro peso e que não deixa todos os dias de perder atualidade pela necessidade permanente que temos de atualizar o nosso combate pelas nossas liberdades individuais”. Assim, houve a necessidade de “olhar para um dos nomes maiores da resistência pela liberdade, resistência ao regime em Guimarães e homenageá-lo também no âmbito de uma organização em que naturalmente temos vindo a tratar desse tema”.

Esta organização, acredita, “é também ela um ato de liberdade por si só, porque é uma organização que não pretende ser apenas um momento em que o município de Guimarães organiza uma iniciativa para comemorar o 25 de Abril”. Isto porque, explica, cada instituição propõe “um momento comemorativo deste período”, não se limitando apenas a celebrar o que aconteceu e, assim, atualizando “os valores da resistência e da liberdade ao longo dos últimos anos”.