Homenagem a D. Afonso Henriques vai assinalar os 840 anos da morte do Fundador de Portugal
No próximo sábado, 6 de dezembro, Guimarães voltará a centrar-se na figura de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, assinalando-se a data da sua morte, ocorrida a 6 de dezembro de 1185.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães
Segundo as crónicas, o fundador do Reino terá falecido com 76 anos, idade notável para a época, deixando um legado que continua a marcar profundamente a identidade nacional. A iniciativa é promovida pela GOA, Grã Ordem Afonsina, com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães e da Associação de Veteranos Lanceiros de Portugal.
A conferência de imprensa de apresentação do programa decorreu na manhã desta terça-feira, 2 de dezembro, reunindo Florentino Cardoso, presidente da direção da GOA, Fernando Rego, representante dos Veteranos Lanceiros, e a direção da Santa Casa da Misericórdia. Florentino Cardoso destacou que a homenagem tem um propósito claro: “proclamar D. Afonso Henriques como autor da independência de Portugal”, reiterando que a celebração da data do seu falecimento é “um ato de justiça histórica”.

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O dirigente recordou que, apesar de o país assinalar tradicionalmente a Restauração da Independência a 1 de dezembro, “Portugal nunca perdeu a sua independência”, defendendo que a união com Castela, entre 1580 e 1640, foi “uma união pessoal e não real”. Assim, reafirmou que a verdadeira fundação do Estado português remonta ao século XII, apelando a uma “linguagem histórica mais direta” que permita ao público compreender o significado dos 900 anos da Batalha de São Mamede, cuja efeméride ocorrerá em 2028.
Além da vertente histórica, Florentino Cardoso sublinhou a necessidade de envolver a Igreja Católica nas comemorações dos 900 anos, dada a relevância da Arquidiocese de Braga na formação do Reino. Lembrou os primeiros arcebispos D. Pedro, S. Geraldo, D. Maurício, Paio Mendes e João Peculiar, e a centralidade da devoção mariana na identidade portuguesa, destacando Santa Maria de Guimarães como primeira padroeira do país. Referiu ainda a importância de S. Teotónio, “primeiro santo português”, figura espiritual próxima de D. Afonso Henriques.
Fernando Rego, em representação da Associação de Veteranos Lanceiros de Portugal, afirmou que a unidade militar “tem uma ligação histórica profunda aos valores da pátria” e que a participação na homenagem decorre dessa missão de preservação da memória. Rego revelou que o evento incluirá um desfile com guarda de honra, a cavalo, e uma cerimónia de deposição de flores junto à estátua do rei. Será ainda condecorada uma viúva de um militar português falecido no Ultramar, gesto que simboliza “o reconhecimento pelos que serviram Portugal”.

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O representante dos Lanceiros manifestou preocupação com o estado do monumento a D. Afonso Henriques, esperando que “a espada, símbolo máximo da cavalaria, esteja no seu devido lugar” no dia da cerimónia.
Também a Santa Casa da Misericórdia de Guimarães marcou presença na Conferência de Imprensa, reforçando a colaboração com a GOA e sublinhando a importância do evento. Em nome do Provedor, foi recordado que a instituição “não poderia faltar a uma evocação que honra o fundador da pátria”.
Programa do dia 6 de dezembro
O dia iniciará às 10h30, com a homenagem no alto da Colina Sagrada. Segue-se, às 11h00, um Porto de Honra e visita ao Museu Militar da Casa do Lanceiro. Às 11h30, decorrerá a Assembleia Geral da Associação dos Antigos Alunos do Seminário de Braga, onde serão debatidos os contributos da Igreja para as comemorações dos 900 anos de Portugal. Pelas 12h30, terá lugar a cerimónia no Memorial “Aos Lanceiros de Portugal”, seguida de um almoço de confraternização.
A jornada culminará às 16h30, com uma missa solene na Igreja do Carmo, celebrada por um antigo aluno dos Seminários de Braga, estando convidado o Arcebispo Emérito D. Jorge Ortiga para liderar a cerimónia religiosa.
Florentino Cardoso encerrou a apresentação sublinhando que “Portugal pode esperar o melhor de nós”, reforçando que o objetivo maior é “manter viva a verdadeira história do país e lembrar às gerações mais novas que cada português carrega consigo uma parte de Portugal”.





