IN MEMORIAM DR. JOÃO GOMES ALVES
Por César Machado.
Por César Machado.
Faleceu esta semana o Sr. Dr. João Gaspar de Sousa Gomes Alves. E Guimarães ficou mais pobre. Não foi apenas o respeitadíssimo Advogado que nos deixou. Foi o cidadão. O cidadão de causas, inúmeras, com algo em comum a todas elas – estar Guimarães presente.
A sua participação singular na criação da Unidade Vimaranense, em pleno Marcelismo, é um bom exemplo dessa sua qualidade, num tempo que actos desta natureza, algo “subversivos” caíam mal aos olhos de quem mandava. Mas o envolvimento na vida cívica vinha de muito antes.
O Dr. João Gomes Alves marcou numerosas Associações de Guimarães, da mais variada naturezas, às quais se entregou de modo desinteressado como vem sucedendo com um bom naipe de Vimaranenses que, devotadamente, vão fazendo escola, nessa nobre função de sair do conforto do sofá para abraçar causas de todos, leia-se “problemas de todos”. É uma das singulares riquezas de Guimarães, coisa que vem sucedendo há um bom par de décadas e que faz de nós uma terra diferente e melhor. Esta será, talvez, uma das marcas mais identitárias de Guimarães –as suas Associações e o modo como pessoas de tanta qualidade se juntam, se agregam, e, em conjunto, vão intervindo, rasgando o futuro, muito à frente das instituições políticas –as mais das vezes- década após década, persistentemente, com aquela recompensa –única e sem igual- que se resume à sensação do dever cumprido.
No pluralismo de opiniões que a democracia permitiu, o Dr. João Gomes Alves foi das melhores pessoas a demonstrar, a cada passo, como era absurda aquela ideia segundo a qual os bons estão de um lado e os outros do lado oposto. Como isso era claro ouvindo o Dr. Gomes Alves, um Mestre na arte de discordar com um cavalheirismo desarmante. À palavra encantatória juntava a lhanheza do gesto, um sorriso bondoso e aberto e um modo carinhoso de tratar com todos, mais velhos e mais novos. Sim, quase se tornava necessário pedir desculpa por discordar. Isrto é uma benção. Rara, muito rara.
Foi no exercício da advocacia que conheci o Dr. João Gomes Alves. Todos nos apercebíamos das referências da comarca, ali por 1987, com cerca de 80 advogados em Guimarães. Excelentes advogados, uma enorme “escola”, sem nenhuma dúvida. Referências várias e por razões diferentes. Colegas distintíssimos que levavam mais anos de advocacia do que nós de idade. Um privilégio ter aprendido com esta geração a que pertenceu o Sr. Dr. João Gomes Alves, e que ainda conta, felizmente, com vários Colegas no activo, e muito, muito bem. Com o Dr. Gomes Alves o caso era sério. Um iniciante, ali pelos 24, 25 anos, com um processo a envolver discussões teóricas e “rebuscadas” de um certo ramo do direito civil, como sucedeu comigo, com o Dr. João Gomes Alves na “parte contrária”, aquela reconhecida ciência e prudência, bom, a expectativa não era a melhor. Puro engano. O sorriso com que nos tratava por Colega, logo à chegada, era o mesmo com que se despedia no final. E no durante, entre umas achegas que íamos somando ao reportório (sem nunca usar de qualquer tom paternalista, pelo contrário) iam-se compondo soluções de consenso, justas, equilibradas, as melhores para as partes, tudo como tínhamos aprendido na faculdade e que resultaria da solução apontada por um “bonus pater familias”.
Consta que terão perguntado a Dostoiévski o que era a vida. O escritor terá colocado na mão do inquiridor um exemplar de “Dom Quixote” e respondeu:- “Leia. Isso é a vida”. Se fosse possível ter uma biografia do advogado e do cidadão Dr. João Gomes Alves seria caso para dar a ler aos mais novos. “Leia. Isso é como deve ser a vida”. Obrigado Sr. Dr. João Gomes Alves.
Faleceu esta semana o Sr. Dr. João Gaspar de Sousa Gomes Alves. E Guimarães ficou mais pobre. Não foi apenas o respeitadíssimo Advogado que nos deixou. Foi o cidadão. O cidadão de causas, inúmeras, com algo em comum a todas elas – estar Guimarães presente.
A sua participação singular na criação da Unidade Vimaranense, em pleno Marcelismo, é um bom exemplo dessa sua qualidade, num tempo que actos desta natureza, algo “subversivos” caíam mal aos olhos de quem mandava. Mas o envolvimento na vida cívica vinha de muito antes.
O Dr. João Gomes Alves marcou numerosas Associações de Guimarães, da mais variada naturezas, às quais se entregou de modo desinteressado como vem sucedendo com um bom naipe de Vimaranenses que, devotadamente, vão fazendo escola, nessa nobre função de sair do conforto do sofá para abraçar causas de todos, leia-se “problemas de todos”. É uma das singulares riquezas de Guimarães, coisa que vem sucedendo há um bom par de décadas e que faz de nós uma terra diferente e melhor. Esta será, talvez, uma das marcas mais identitárias de Guimarães –as suas Associações e o modo como pessoas de tanta qualidade se juntam, se agregam, e, em conjunto, vão intervindo, rasgando o futuro, muito à frente das instituições políticas –as mais das vezes- década após década, persistentemente, com aquela recompensa –única e sem igual- que se resume à sensação do dever cumprido.
No pluralismo de opiniões que a democracia permitiu, o Dr. João Gomes Alves foi das melhores pessoas a demonstrar, a cada passo, como era absurda aquela ideia segundo a qual os bons estão de um lado e os outros do lado oposto. Como isso era claro ouvindo o Dr. Gomes Alves, um Mestre na arte de discordar com um cavalheirismo desarmante. À palavra encantatória juntava a lhanheza do gesto, um sorriso bondoso e aberto e um modo carinhoso de tratar com todos, mais velhos e mais novos. Sim, quase se tornava necessário pedir desculpa por discordar. Isrto é uma benção. Rara, muito rara.
Foi no exercício da advocacia que conheci o Dr. João Gomes Alves. Todos nos apercebíamos das referências da comarca, ali por 1987, com cerca de 80 advogados em Guimarães. Excelentes advogados, uma enorme “escola”, sem nenhuma dúvida. Referências várias e por razões diferentes. Colegas distintíssimos que levavam mais anos de advocacia do que nós de idade. Um privilégio ter aprendido com esta geração a que pertenceu o Sr. Dr. João Gomes Alves, e que ainda conta, felizmente, com vários Colegas no activo, e muito, muito bem. Com o Dr. Gomes Alves o caso era sério. Um iniciante, ali pelos 24, 25 anos, com um processo a envolver discussões teóricas e “rebuscadas” de um certo ramo do direito civil, como sucedeu comigo, com o Dr. João Gomes Alves na “parte contrária”, aquela reconhecida ciência e prudência, bom, a expectativa não era a melhor. Puro engano. O sorriso com que nos tratava por Colega, logo à chegada, era o mesmo com que se despedia no final. E no durante, entre umas achegas que íamos somando ao reportório (sem nunca usar de qualquer tom paternalista, pelo contrário) iam-se compondo soluções de consenso, justas, equilibradas, as melhores para as partes, tudo como tínhamos aprendido na faculdade e que resultaria da solução apontada por um “bonus pater familias”.
Consta que terão perguntado a Dostoiévski o que era a vida. O escritor terá colocado na mão do inquiridor um exemplar de “Dom Quixote” e respondeu:- “Leia. Isso é a vida”. Se fosse possível ter uma biografia do advogado e do cidadão Dr. João Gomes Alves seria caso para dar a ler aos mais novos. “Leia. Isso é como deve ser a vida”. Obrigado Sr. Dr. João Gomes Alves.
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