João Torrinha: Que o legado de “intervenção cívica e política” de Santos Simões “nos inspire a todos”
José João Torrinha apelou à participação política de todos “com a consciência clara de que ela vai muito além das paredes das sedes dos partidos políticos”.

O presidente da Assembleia Municipal de Guimarães apresentou Santos Simões, cujo centenário do seu nascimento serviu de mote, este ano, para as comemorações de abril no município de Guimarães, como a “demonstração clara do que pode (e deve) ser a participação política de um cidadão na sua comunidade”.

José João Torrinha apelou à participação política de todos “com a consciência clara de que ela vai muito além das paredes das sedes dos partidos políticos”.
O presidente daquele órgão autárquico lembrou novamente Santos Simões, que interveio politicamente de múltiplas formas e foi “efetivamente um exemplo maior de como isso se pode fazer: seja no nosso local de trabalho seja em múltiplas associações, criando as mesmas, reinventando-as, colaborando com elas ou dando-lhes vida”.
Mas também lembrou a sua “participação política no sentido mais clássico do termo: arriscando tudo na defesa da democracia, como no tempo do fascismo”. Ou mais tarde, “participando ativamente no seio de um partido político, como também foi o caso da pessoa que agora evocamos, convém não esquecer”.
“Tudo isto é política e nada disto deve ser desvalorizado, a começar e a terminar no que aos partidos diz respeito”.
José João Torrinha.
Num discurso virado para o interior dos partidos, o atual presidente da assembleia, lamentou que, atualmente, a palavra “política” tenha virado palavrão e em que a palavra “partido” se “assemelha a coisa malquista e malvista, que se olha de soslaio. E isto, é preciso dizê-lo com todas as letras, é muito mau”.
Porque, adiantou, se a democracia continua a ser “o melhor sistema de todos, a verdade é que os partidos políticos são dela parte indissociável. E se os mesmos viverem tempos de descrédito e de baixa atratividade, então é o próprio sistema democrático que está em risco”. É preciso, por isso, “estarmos atentos aos ataques que lhes são feitos”.
Parte deles, disse o socialista, “são ataques exógenos, vindos de fora dos próprios partidos políticos, e “próprios dos tempos em que se confunde escrutínio com voyeurismo”. Qualquer pessoa que assuma algum tipo de responsabilidade política está exposta “não a uma sindicância saudável, resultante da transparência que se exige a todos, mas a uma espécie de carimbo que se lhe assesta: suspeito até prova em contrário”.

Mas também, acrescentou, “é preciso sermos jutos e reconhecer que boa parte da descredibilização dos partidos políticos vem de dentro. É endógena”. E explicou que, “os partidos, criados que foram para corporizar vários “ismos”: liberalismo, comunismo, socialismo etc, são hoje vítimas de outros “ismos” que importa não defender, mas combater”. E sintetizou.
Desde logo, o individualismo. “Se cada um dos seus membros pensar mais em si próprio e nas suas circunstâncias; se a participação política for entendida como uma carreira em que o objetivo é sempre ir do ponto A ao ponto B, cabe perguntar se isso não é justamente o contrário do que deveria presidir a uma filiação partidária: pensar mais nos outros do que em nós próprios”, disse.
“Igualmente mau é o taticismo”, continuou João Torrinha, quando a participação política “não deveria ser uma espécie de jogo de xadrez em que estamos sempre a pensar dez lances mais à frente. Uma prática em que tudo sucumbe à tática e à estratégia. Em que as nossas ações, em vez de serem orientadas pelo que está certo, se tornam escravas de alianças e resultados. E assim, tal como no xadrez, assistimos a gambitos, sacrifícios, ataques de flanco ou cheques perpétuos”.
Finalmente, “temos o contorcionismo, daqueles para quem o caminho se faz com pouca consistência e eterna adaptação”. São Marxistas não no sentido de Karl Marx, mas de Groucho Marx, ironizou o presidente da AM, “que famosamente disse: estes são os meus princípios e se não gostam deles… tenho outros”.
Estes “ismos”, reforçou João Torrinha, existirão, “em maior ou menor quantidade em todos os partidos, e constituem o caldo de cultura perfeito não para o insucesso do partido A, B ou C, mas para a descredibilização do sistema partidário como um todo. São, é preciso afirmá-lo, um perigo para o próprio sistema democrático que tanto custou a erigir”.
Felizmente, considerou, “a participação política e partidária é muito mais do que isto. Foi com os partidos que se fundou a democracia e foi com eles que ela se consolidou. E será sempre com eles que construiremos uma sociedade mais justa, solidária e democrática. Porque outro caminho seria seguramente pior”.
A terminar, lembrou a forma “particularmente urgente” com que se exige que “o legado de intervenção cívica e política e o seu exemplo de tenacidade, coerência e altruísmo” de Joaquim Santos Simões “nos inspire a todos, todos os dias”.
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