“Quero reafirmar esse compromisso. Mais uma vez, esse compromisso é para executar nos próximos anos. Ao contrário do que promete o candidato do Partido Socialista, que é mais uma vez uma ilusão, promessas para não cumprir”, declarou Araújo na sessão, perante apoiantes e dirigentes partidários.

Parte da intervenção foi dedicada a críticas à governação socialista, no poder em Guimarães há quase quatro décadas. Ricardo Araújo acusou o PS de ter conduzido o concelho a um estado de “estagnação” e apontou falhas na preparação do candidato Ricardo Costa.

“O candidato do Partido Socialista não sabe quanto custam os projetos que anuncia, não sabe como os vai financiar, nem que apoios vai ter. É a impreparação no seu expoente máximo”, disse Araújo, apontando o exemplo do projeto de mobilidade urbana.

O líder da coligação afirmou que, ao contrário do que sugere o PS, o MetroBus, opção que Ricardo Araújo defende, não será apenas “um autocarro a circular nas estradas já existentes”, mas sim “um canal dedicado e exclusivo ao transporte público, com prioridade a norte, para ligação à futura Estação de Alta Velocidade”.

O candidato social-democrata garantiu que o projeto será concretizado já no próximo mandato, defendendo também a expansão futura às freguesias do concelho. Além do MetroBus, Ricardo Araújo prometeu uma concessão de transporte público rodoviário com maior cobertura, mais frequência, horários noturnos e gratuitos para todos os residentes. “Queremos um concelho todo com cobertura”, sublinhou.

A mobilidade é ainda reforçada pela proposta de criação de um transporte escolar dedicado e pela requalificação de eixos rodoviários estruturantes, como a ligação da EN101 às Taipas, a ligação à vila de Lordelo pela 105, e a conclusão da variante à EN206 em Silvares e a 310 na ligação de Pevidém a Serzedelo.

O programa da coligação organiza-se em sete linhas estratégicas, que Ricardo Araújo designou como “os pilares de um concelho competitivo, coeso e inovador”.

A coligação propõe uma Aliança Estratégica para a Inovação, ligando universidades, politécnicos e empresas, e a criação de uma Agência de Desenvolvimento e Captação de Investimento. O objetivo é atrair projetos de maior valor acrescentado, apoiar setores tradicionais como o têxtil e o calçado e promover novas áreas ligadas ao digital e à criatividade. No turismo, o PSD/CDS rejeita a criação de uma taxa municipal e propõe tomar medidas para prolongar a estadia média dos turistas. Ricardo Araújo defendeu que “Guimarães precisa de mais turistas”.

A habitação surge como prioridade do programa da Coligação Juntos por Guimarães, com um “plano de choque” para aumentar a oferta a preços acessíveis. Araújo criticou a revisão do PDM feita pelo PS, que reduziu em 20% a área disponível para construção há dez anos e que “agora quer corrigir”. Os membros da Coligação votaram contra a revisão do PDM e vão votar contra na Assembleia Municipal, já que o documento “não responde às necessidades atuais do concelho”, defende o candidato.

Entre as medidas estão também a execução do programa 1.º Direito, a reabilitação de imóveis devolutos e o apoio às cooperativas de habitação. Foi ainda prometido um Gabinete de Licenciamento para desbloquear processos na Câmara Municipal.

Ricardo Araújo anunciou medidas de reforço da segurança, incluindo policiamento de proximidade e a videovigilância em zonas críticas.

A coligação compromete-se a dar continuidade à candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia e ao objetivo da neutralidade carbónica em 2030. Entre as medidas estão a recuperação de rios, a criação de praias fluviais certificadas, mais áreas verdes e maior eficiência na gestão da água e do saneamento. Ricardo Araújo diz que Guimarães deve também ser mais competitivo pelo preço da água e do saneamento, que é “mais caro do que nos concelhos vizinhos”, apontou.

“O meu objetivo é um concelho verde, mas com pessoas. Uma cidade sustentável não é para expulsar habitantes, é para melhorar a sua qualidade de vida”, afirmou Araújo.

O candidato prometeu valorizar o associativismo, apoiar artistas locais e preparar uma comemoração “digna” dos 900 anos da Batalha de São Mamede. Defendeu também a criação do Museu de Afonso Henriques. Na área do desporto, destacou a devolução da pista Gémeos Castro ao atletismo, a promoção da atividade física informal e a instalação de recintos desportivos de proximidade em várias freguesias e áreas urbanas.

O programa contempla medidas específicas para idosos e crianças. Araújo comprometeu-se a aumentar as respostas residenciais e de apoio domiciliário, bem como a erradicar a lista de espera nas creches. Entre as propostas está ainda a criação de uma creche municipal a funcionar 24 horas.

Por fim, a coligação defende uma reforma administrativa no município, com reforço de recursos humanos, digitalização de serviços, participação cidadã e decisões baseadas em dados. A dinamização do centro histórico com novos serviços públicos, lojas âncora e melhor iluminação foi apresentada como prioridade para devolver “vida e comércio” ao coração da cidade. Entre as propostas está a criação de um parque de estacionamento no miolo do “Triângulo Comercial” definido pelas Ruas de Santo António, Gil Vicente e Paio galvão.

“Um programa realista, não promessas vãs”

Ricardo Araújo insistiu várias vezes na diferença entre a sua candidatura e a do PS. “Este programa não é uma mão cheia de nada. Não são promessas para enganar, são compromissos para cumprir”, garantiu. O candidato defendeu que Guimarães perdeu centralidade e população jovem nas últimas décadas, culpando a governação socialista por não ter respondido a tempo às necessidades de habitação, emprego e mobilidade. “Hoje, o que está em causa é quem está em melhores condições para dar resposta ao que ficou por fazer. O nosso adversário está impreparado”, atirou.

Confiança na vitória

No final da apresentação, Ricardo Araújo manifestou confiança numa mudança política a 12 de outubro. “Estou cada vez mais convicto de que vamos vencer as eleições. Há uma vontade crescente de mudança entre os vimaranenses. A onda está a crescer e já não vai parar”, disse. O candidato garantiu ainda que, se for eleito, governará com respeito pelo passado, reconhecendo os aspetos positivos da governação socialista, mas “fazendo bastante mais e bastante melhor”.