Kafka, Oscar Wilde, Pero Vaz de Caminha: em comum a carta
Tempos houve, em que os adolescentes escreviam cartas, em papel.

Em Niet Hebben – Carta Rejeitada Crista Alfaiate com a colaboração de Diogo Bento correu o risco de partir de textos muito conhecidos como a Carta do Achamento do Brasil de Pero Vaz de Caminha, a Carta ao Pai de Kafka, a Carta a Bosie de Oscar Wilde, as Cartas Portuguesas de Mariana Alcoforado, as Novas Cartas portuguesas de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, e outras tantas cartas, mas que, aparentemente, não têm nenhuma relação uns com os outros, para dar corpo a uma peça que aborda temas como o feminismo, a guerra e o pós-colonialismo.

Tempos houve, em que os adolescentes escreviam cartas, em papel. Essas cartas, nestes novos tempos, são objetos exóticos. As velhas cartas em papel foram substituídas por posts no Instagram, emails, alertas de uma app.
Na peça a artistas está sozinha em palco, mãos algemadas, “a escrever uma carta como quem fala”. À medida que o faz, vai refletindo sobre “o conteúdo de algumas cartas que leu (indevidamente, à socapa, em vez de estar a ‘anhar’ no Instagram ou a tirar selfies)”.
O próprio espetáculo segue a estrutura de uma carta: data e saudações iniciais, corpo do texto, despedida e assinatura. Das cartas a peça absorve também o tom, sem pegar no tema do ponto de vista nostálgico, até porque a ideia é chegar aos adolescentes.
Um texto “sem medo do passado e de olhos postos no futuro. Uma correspondência a ser trocada entre toda a família e para pessoas maiores de 12 anos de idade”.
Niet Hebben – Carta Rejeitada, vai à cena no Grande Auditório do CCVF, no sábado, dia 16 de janeiro, às 19h00.
A interpretação e a criação é de Crista Alfaiate com Cláudia Gaiolas e Diogo Bento no apoio à criação, Rui Monteiro no desenho de luz, Teresa Antunes na Assistência ao Desenho de Luz, Sérgio Martins e Rui Lima na banda sonora, Pedro Lima como técnico de som, Catarina Lee nos conteúdos gráficos e visuais, Aldina Jesus na conceção de figurinos, Joana Costa Santos na produção executiva e Luna Rebelo no apoio à produção.
O esptáculo é uma coprodução LU.CA, Teatro Luís de Camões e TNSJ, com apoio da Fundação GDA e Largo Residências.
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