Ligação Guimarães Braga: metrobus em vez de tramway
O metrobus substitui completamente o projeto anterior do tramway.
A ligação por metrobus entre Guimarães e Braga, foi anunciada por Domingos Bragança, como um dos investimentos previstos no Plano Nacioanal de Investimento (PNI), apresentado pelo governo, na quinta-feira, dia 22.
A ligação entre as cidades de Braga e Guimarães através de um meio de transporte alternativo ao rodoviário já passou por várias fases. No início de 2020, o tramway era apontado como a solução de mobilidade entre as cidades do Quadrilátero: Guimarães, Famalicão, Barcelos e Braga. Cerca de 600 mil pessoas, num território com uma dinâmica económica muito forte.
Domingos Bragança defende o tramway – um misto de elétrico e metro de superfície – desde há muito tempo. Na verdade, a ideia terá sido lançada pelo presidente da Câmara de Guimarães, em 2016, na conferência “O Futuro do Minho” realizada em Braga, no Museu dos Biscainhos em que esteve presente o secretário Estado do Desenvolvimento e Coesão (naquela altura), Nelson de Souza.
Domingos Bragança queria construir uma linha de tramway a ligar o centro da cidade de Guimarães a Fermentões, Ponte e Taipas, com o trajeto do tramo norte a interligar-se posteriormente com o lanço do concelho de Braga. Outro percurso ligaria a cidade de Guimarães às vilas de Pevidém, Brito e Ronfe, fazendo a conexão com Joane, onde se ligaria à rede de Famalicão.
O metrobus substitui completamente o projeto anterior do tramway
Esta ramificação da solução de mobilidade que vier a ser adotada mantém-se, porém, o sonho do tramway parece ter acabado aqui. Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, assume que o “metrobus” se ramificará, “até na malha urbana de Braga”. Também Domingos Bragança afirma que, “em Guimarães estamos a fazer estudos que possam ligar Moreira de Cónegos e Lordelo à cidade e também a ligação da cidade a Ponte e à Vila das Taipas, e depois então a ligação a Braga, isto tudo em “metrobus”. Quer dizer que este projeto se sobrepõe ao anteriormente defendido para o tramway e elimina-o.
“Uma solução como o metro de superfície seria mais vantajosa”
Ricardo Rio
Ricardo Rio defende que “foi uma opção pragmática”. Segundo o edil bracarense, “não haveria massa crítica para um investimento tão avultado [tramway ou metro de superfície]. Foi nesse contexto que surgiu o ‘metrobus’ como possibilidade”. Ricardo Rio não deixa de pensar que “uma solução como o metro de superfície seria mais vantajosa”. Ainda assim, Rio acaba por se conformar com uma solução que classifica como “um bem menor”.
Ricardo Rio esclarece que as duas Câmaras, Guimarães e Braga, têm estado em contacto com o ministro, já há algum tempo. Na opinião do presidente da Câmara de Braga o projeto do metro de superfície não avançou por falta de densidade populacional no trajeto entre Guimarães e Braga.
“O metro, para ser rentável, precisa de ter paragens a cada 800 metros, no máximo de quilómetro em quilómetro, na maior parte do percurso entre Guimarães e Braga isso não seria possível”, esclarece Ricardo Rio.
A ligação às outras cidades do Quadrilátero não faz parte deste projeto
Segundo Ricardo Rio, o projeto não contempla a ambição de ligar as cidades do Quadrilátero. A ligação entre os dois concelhos terá uma extensão de 25 quilómetros. Domingos Bragança afirma que o Orçamento de Estado prevê um investimento de 200 milhões de euros nos próximos dez anos, até 2030, para este projeto. Ricardo Rio admite que o projeto será, em grande medida, financiado por fundos comunitários.
Relativamente ao traçado previsto e outros detalhes, como paragens ou tipo de veículos, neste momento ainda não são conhecidos. Contudo, Domingos Bragança adiantou que os autocarros serão completamente elétricos. As Câmaras de Guimarães e Braga e a Universidade do Minho constituíram um grupo que está a trabalhar, já há dois meses, para fazer os estudos prévios. É das conclusões deste grupo que surgirão as primeiras novidades relativamente à configuração do projeto.
O “metrobus” é constituído por vias dedicadas onde circulam autocarros elétricos ou a combustão, articulados ou simples. O conceito também é conhecido como BRT, sigla com origem no inglês Bus Rapid Transit (autocarro de trânsito rápido, numa tradução livre). Atualmente o conceito é usado em várias cidades como Istambul, na Turquia, Bristol, em Inglaterra, Curitiba, no Brasil, ou Trondheim, na Noruega.
Tal como o metro de superfície, estes veículos acionam os semáforos de forma a terem prioridade em todas as interceções. Como no metro, os passageiros podem entrar e sair por qualquer porta, uma vez que os títulos de transporte são, na maioria dos casos, adquiridos fora das viaturas, em máquinas, à semelhança do que acontece no metro do Porto.
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