LUÍS CIRILO CARVALHO: “OS DEPUTADOS QUE O ALIANÇA VIRÁ A ELEGER NUNCA SERÃO MULETA DE UM GOVERNO SOCIALISTA”

Luís Cirilo Carvalho, 59 anos, é cabeça de lista por Braga às eleições legislativas, que irão decorrer a 06 de outubro. Foi militante do PSD por 44 anos, pelo qual desempenhou, por exemplo, o cargo de conselheiro nacional. Pelo concelho e distrito, afirma que o Aliança batalhará pela questão da mobilidade.

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Nasceu em Guimarães, viveu “quase todo o tempo” da sua vida por cá e hoje divide-se entre “todo o país” e Lisboa. Luís Cirilo Carvalho, 59 anos, é cabeça de lista por Braga às eleições legislativas, que irão decorrer a 06 de outubro. Foi militante do PSD por 44 anos, pelo qual desempenhou, por exemplo, o cargo de conselheiro nacional. Pelo concelho e distrito, afirma que o Aliança batalhará pela questão da mobilidade.

Aceitou o desafio de encabeçar a lista do Partido Aliança por Braga. Quais foram os principais motivos?

Saí do PSD fruto de um processo reflexivo que me levou a saber que não me identificava com o partido. O presidente do Aliança, Pedro Santana Lopes, convidou-me para diretor executivo do partido, que equivale ao cargo de secretário-geral do PSD. Fruto disso, e vivendo em Esposende há alguns anos, o cargo exige estar em Lisboa em permanência, pelo que me mudei, mas viajo pelo pais. Quando se colocou a questão das listas de candidatos a deputados, soube que só aceitaria pelo distrito em que vivi a minha vida toda, que conheço muito bem. Esse distrito seria Braga. Fui convidado pelo partido para ser cabeça de lista e já fui deputado pelo PSD. Isto é retomar uma história interrompida em 2005, com a dissolução do Parlamento. E uma coisa é ser segundo ou sexto na lista. Outra é ser cabeça de lista. É um desafio extraordinário e motivador.

A lista de Braga pelo Aliança tem gente de quase todo o concelho e mais mulheres do que homens, por exemplo. Como decidiu quem fazia parte das suas escolhas?

Sim, temos 13 mulheres e 11 homens. Mas.de facto, não sou nada favorável à Lei da Paridade. São leis discriminatórias. Portanto, quando aceitei ser cabeça de lista, comuniquei logo ao presidente que a lista teria uma maioria de mulheres. Estamos a cumprir a lei, como é óbvio, mas num entendimento totalmente diferente. É uma marca distintiva. E as pessoas vêm das mais diversas áreas profissionais: temos uma arquiteta, professores, profissionais liberais, técnicas de câmaras municipais, um operário de construção civil… É uma lista variada, com média de idades de 40 anos. Fiz questão de ser o mais velho. A Diana Costa, número seis na lista, é a candidata efetiva do Aliança mais jovem. Não temos organização de juventude nem “jotas”, não queremos, mas apostamos nos jovens. Em relação aos concelhos, só Vizela, Vieira do Minho e Póvoa do Lanhoso é que ficaram de fora. Poderiam estar, mas não quero selecionar ninguém por ser daqui ou dali.

“É retomar uma história interrompida em 2005”

As sondagens indicam um resultado muito favorável à esquerda e desfavorável à direita. Pensa haver possibilidade de eleger alguém de Braga?

Prognósticos só no fim. Estamos convictos e na legítima expectativa de eleger dois ou três deputados de Lisboa e um ou dois do Porto. Mas reconhecemos que, nas Europeias, tivemos um mau resultado, abaixo do esperado. Há alguns distritos em que poderemos eleger deputados. Mas, quanto a sondagens, será melhor ficar sossegado… Não seria a primeira vez que as sondagens são contrariadas pelos resultados das urnas. No nosso distrito temos uma certa dificuldade, mas é uma lista que traduz bem a sua realidade, com um forte conjunto de ideias a ser apresentado e defendido no Parlamento. Há a vontade de fazer a diferença. E em relação a Guimarães, espero que tenha grande representação na Assembleia. Espero, com confiança, ser eleito e que os outros deputados candidatos vimaranenses também o sejam. As coisas estão a correr bem. Guimarães não tem falta de cabeças de lista e nunca teve tanta possibilidade de eleger tantos deputados como nestas legislativas.

E, em relação a Guimarães, que questões levará pelo Aliança ao Parlamento?

Não vamos fazer, nesta eleição, nenhum tipo de combate político autárquico. O nosso espírito é de colaboração e por isso mostrei disponibilidade para convergir com os municípios. A principal questão é a da mobilidade. Obviamente que batalharei, se for eleito, junto do Governo que ganhar, tratar de uma condição que limita muitos vimaranenses diariamente. Falo do nó de Silvares, uma questão que continua por resolver e que continua a atrapalhar a vida das pessoas. Depois, por exemplo, a questão da ausência de uma linha ferroviária a fazer a ligação entre Guimarães e Braga. E noto que existe vontade do Presidente da Câmara de Braga para que isso se resolva. A questão ferroviária e, mais uma vez, de mobilidade, precisa de investimento. E pode ser muito interessante para os deputados com uma ligação forte a Guimarães ou a Braga lutarem para que essas questões sejam resolvidas.

O Aliança acredita numa “sociedade de mérito”. Já muito se falou da questão das quotas de género ou étnico-raciais. Num mundo como o de hoje, como se contextualizam diferentes realidades através do mérito?

Por princípio, acreditamos no mérito. O critério do mérito é fundamental no acesso ao ensino superior, por exemplo. Há quotas a mais para coisas a menos. Percebo que partidos como o Bloco de Esquerda ande quatro anos a fazer todas as vontades ao PS e dá jeito ao Bloco dizer que é oposição. Propostas como a da quota para entrar na universidade é fogo de vista. Discordamos totalmente acreditamos no mérito. No dia a sociedade não reconhecer o mérito, estará gravemente doente.

Santana Lopes disse ao Sol ter feito esforços para convergir os partidos de centro-direita, para constituir ligação a seguir às legislativas. O plano não terá dado certo. Assim sendo, que papel desempenhará o Aliança como oposição, com ou sem coligação?

Não somos daqueles que acham as sondagens boas quando nos dá jeito nem o contrário. As sondagens dizem que é impossível um partido não socialista ganhar as eleições. O PS fica a poucos lugares de uma maioria absoluta. Se as sondagens estiverem certas, há a possibilidade de o PS fazer uma revisão constitucional com o Bloco de Esquerda e o PCP. Essa é uma possibilidade destabilizadora para o país. E nós fizemos a proposta aos partidos não socialistas. Não quiseram, assumirão depois as responsabilidades. O que posso dizer é que os deputados que o Aliança virá a eleger nunca serão muleta de um Governo socialista. Estaremos a defender as nossas ideias e de Portugal como país europeu. Garanto uma recusa total de acordo político com um partido socialista.

Por falar nesses partidos não socialistas: desfiliou-se do PSD em setembro do ano passado e era militante desde 1975. Deixou o PSD, e passo a citar, segundo uma publicação sua no Facebook, “pelo rumo atual do partido” e pela postura condescendente do mesmo em relação ao Governo. Posto isto, o rumo que o Aliança está a começar a traçar, ou a tentar, reflete o que, até ao ano passado, viu ser viável no PSD? E é a oposição que não será condescendente?

Bem, fui militante pelo PSD durante 44 anos. Desde 21 de janeiro de 1975. O que posso dizer é que, no Aliança, reconheço muito do PPD de Francisco Sá Carneiro (Partido Popular Democrático), principalmente na liderança. Diria que o partido é a preservação do PPD.

Entrevista publicada na edição n.º 204 do Mais Guimarães (a 28 de agosto)

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