MATANÇA DO PORCO – DOMINGO GORDO EM S. PEDRO DE RATES
por Mário Moreira Matança do porco – Domingo gordo em S. […]
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por Mário Moreira
Matança do porco – Domingo gordo em S. Pedro de Rates
Viagem à história, à cultura popular, às tradições medievais
– Mãe, então matámos o porco e vamos dá-lo aos vizinhos?
– Meu filho, quando houver, no largo, nova matança do porco, vais descobrir… Por todos quantos ajudavam, antes e depois, eram distribuidos generosos nacos de carne, temperados em vinha d’alhos, com cheiro inebriante, apetecível mesmo em crú. Todos o faziam, uns aos outros, numa entreajuda, entrega e disponiblidade de amor aos outros. Fazia-o com enorme júbilo em nome de meus pais. Valores que adiquiri e com os quais cresci e jamais me separarei.
Organizado pela Junta de Freguesia de S. Pedro de Rates, tive a honra, com mais de 300 pessoas a uma rejoada das antigas, com papas de sarrabulho como manda a tradição.
A matança do porco foi durante séculos uma das mais enraizadas e marcantes tradições portuguesas, imprescíndivel à gestão familiar. Por razões de posse, havia quem o fazia por diversas vezes, no ano.
Este magnífico evento em domingo de Entrudo foi muito bem resgatado de memórias, em ambiente familiar, fraternal, bem gordo.
- Pedro de Rates, com patrimóno visigótico, românico, doado pelo conde D. Henrique a monges franceses, nasceu e cresceu à sombra do mosteiro de frades. A venerável “Vila de Rates” tem centro histórico, esmerado e hospitaleiro, partilha saberes e sabores ancestrais.
Entre os presentes destaco duas mulheres do povo, da mesa 33, com quem tive o privilégio de conversar e enriquecer. Duas guerreiras, guardiãs; Srª Júlia Costureira/Padeira e a Srª Conceição Cozinheira/Cantadeira. Mulheres, entre outras, administram, preservam e divulgam a história das tradições de Rates. A Srª Júlia administra o forno comunitário faz visitas guidas ao incontornável mundo do pão. Ensina a produzir o pão e com direito a ele.
Vale bem uma escapadinha a esta terra cheia de memórias.
“Papas de Sarrabulho”
Numa panela temperada com folha de louro, cravinho e pimenta, cozer as carnes, até ficarem macias; ½ kg ossos de suã, 1kg barriga de porco, 1 galinha caseira, 1 pernil salgado, 1 salpicão, ½ kg presunto, 1 e ½ carne de vaca, 1 fressura de porco. Limpar as carnes de ossos, gorduras e desfiar. A fressura pica-se fininho ou tritura-se. Coar a água. Partir em pedacinhos o pão duro, adicionar água da cozedura, deixar algumas horas até que fiquem numa papa. Ferver a restante água, adicionar o pão, as carnes, ½ sangue bem passado, apoximadamente, mexendo sempre, até engrossar e ficar, sem grumos. Adicionar os cominhos, o sumo de limão, a pimenta e retificar o sal.
Bom apetite.
Um abraço gastronómico.
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