MEDALHAS, MEDALHÕES, GAMBOZINOS E POKEMÕES

ANTÓNIO ROCHA E COSTA Analista Clínico

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por ANTÓNIO ROCHA E COSTA
Analista Clínico

Entramos na chamada “Silly Season”, época canicular que predispõe ao veraneio e a outras ocupações leves e lúdicas, em que ninguém está disposto a tratar de assuntos e temas demasiado sérios.

Agindo em conformidade, procurarei impregnar esta crónica do “ar do tempo” e dissertar sobre factos triviais, como são a distribuição de medalhas e a loucura dos Pokémons, fazendo-o em dois andamentos:

Primeiro andamento

Não é de hoje homenagear os heróis que engrandeceram a Pátria. Já Camões se referia, nos Lusíadas, “àqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando”. Vai sendo cada vez mais frequente distinguir com medalhas, os Portugueses (artistas, atletas, empresários, homens de letras, cientistas…) que se se posicionam acima da mediania e, de um modo ou de outro, contribuem para “levantar hoje de novo o esplendor de Portugal”, quer seja a nível nacional ou a nível local.

O 10 de Junho, a nível nacional e o 24 de Junho, dia de Portugal, focalizado em Guimarães, constituem as datas em que ocorrem a maioria das condecorações mas, ultimamente, com os excelentes resultados alcançados a nível desportivo, tem sido um fartote de medalhados, tendo, segundo fonte oficial, crescido em cerca de 50% o número de Comendadores da Ordem de Mérito, desde que o Presidente da República começou a distinguir a 11 de Julho, atletas e técnicos que conquistaram títulos europeus.

Perante esta abundância, creio que será oportuno lançar o debate sobre os critérios que subjazem a estas distinções, já que por muito nobres que sejam os feitos, não sei se será muito justo colocar ao mesmo nível o campeão europeu de futebol e o campeão europeu de matraquilhos. É bom que se pense um pouco nisto, sob pena de banalizarmos os títulos honoríficos, regressando aos tempos da célebre expressão da autoria de Almeida Garret: “foge cão que te fazem barão!… Para onde, se me fazem Visconde?!…”

Segundo andamento

No meu tempo, aí por volta dos anos sessenta do século passado, juntavam-se à noite, em pequenos grupos, os rapazolas da aldeia para, munidos de sacos de serapilheira, irem à caça aos “gambozinos”, seres imaginários, insusceptíveis de ser aprisionados na malha fina dos artesanais contentores.

Os tempos evoluíram desde então e agora o que está na moda é partir de telemóvel em punho, de dia ou de noite, à caça dos bichos do Pokémon-Go, que tanto podem aparecer no Parque das Nações, junto ao Tejo, como no Largo da Oliveira, em pleno Centro Histórico de Guimarães.

Rezam as crónicas do quotidiano, que a presença de “pokemaníacos” nas ruas é cada vez mais avassaladora, fazendo engordar os negócios que vão surgindo em torno desta onda, havendo já sites a vender pokémons por centenas de euros e táxis destinados a transportar treinadores de Pokémon a 30 euros por hora. Por outro lado, é de realçar a componente saudável deste jogo, ao obrigar os protagonistas a deixar o conforto dos sofás, para percorrer quilómetros em busca dos pequenos monstros.

Perante esta pandemia de bicharada virtual, já há quem comece a ficar preocupado, pensando que a populaça ensandeceu, mas não façam caso que isto é passageiro, é apenas um epifenómeno que veio para preencher de maneira diferente a “silly season”.

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