Meu querido mês de Agosto…temos mesmo que acordar?

Por Rui Armindo Freitas.

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por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de EmpresasPor muitos apelidada de silly season, o período estival atinge o seu pico, em Portugal, em Agosto. Em Agosto tudo se torna mais leve. Sejam as férias passadas no local de residência habitual, nas praias do norte, centro ou sul, nas belas praias fluviais ou barragens do interior, parece que apesar de assistirmos ao correr da vida em torno de nós, tudo parece mais leve…alguém, que não está de férias, deverá estar encarregue da situação. Pois bem, chegado ao fim este período é tempo de emergirmos das profundezas do descanso, olharmos pelo periscópio do submarino em que parecíamos mergulhados, espreitarmos com cuidado, na certeza porém que seja qual for a realidade, que remédio emergiremos para a realidade, de corpo inteiro. Por isso caro leitor, agora que o meu/nosso querido mês de Agosto, tão bem descrito pelo Dino Meira, esse ídolo da K7 portuguesa, fica para trás, perspetivemos o que temos pela frente. Custa-me ter que vaticinar que a uma euforia como não me recordo, em torno de umas férias sem restrições pandémicas, os próximos meses trarão uma pesada factura que será passada a caneta escura e que nos dará saudade destas semanas em que estivemos a descansar. Assim, depois de um verão com incêndios que deixarão cicatrizes na nossa paisagem, mas que, temos que deitar as mãos aos céus, porque poderia ter ardido mais; de hospitais presos por arames, mas que a culpa é de alguém algures nos anos 80; o início de um ano escolar, que não tenho que ser bruxo para saber que será caótico; greves nas empresas de handling para quem regressa de férias; supressão de comboios pelos motivos mais variados; um PRR que falha todas a metas de execução; contratações e rejeições de assessorias nas finanças; teremos a juntar uma conjuntura internacional que será tudo menos favorável para todos. Aliás, uma vez mais, os países com situações mais debilitadas serão sempre os que mais sofrerão. Prepare-se o leitor para adoptar no seu dia a dia, medidas de contingência na habitual forma de vida. Digo isto pois, o peso que a energia e combustíveis vão assumir no orçamento familiar de cada um de nós, não tem paralelo em anos recentes. A sobrecarga que trarão as subidas de taxa de juro para quem tem créditos junto da banca vão colocar pressão em proprietários e promotores, as alterações das preferências de todos nós que forçarão mudanças estruturais na composição do tecido económico, mudanças essas que só ocorrem com ajustamentos forçados com as consequências sociais, que penalizam sempre mais quem tem menos formação apesar de não deixarem de fustigar os mais capacitados. Pode parecer estranho estar a falar disto a esta altura do campeonato em que se vangloriam dos números historicamente baixos do desemprego, mas temo ter más notícias se referir que historicamente também, quando temos um cenário de inflação como o que vivemos, secundado de pleno emprego, desde que há registo, a consequência habitualmente observada é uma recessão. Este cenário motivado também por um conflito sem fim à vista que penaliza energia e alimentação, instabilidade entre China, Taiwan e Estados Unidos, fenómenos climáticos extremos por via das alterações climáticas que já não conseguimos refutar… a que se junta por cá um país em falência, desta vez não a financeira, mas de uma administração pública caótica e em putrefacção avançada, vítima de 7 anos de socialismo…

“Meu querido mês de Agosto, por ti levo o ano inteiro a sonhar…” e acrescento eu “Meu querido mês de Agosto temos mesmo que acordar?”

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