Modatex deixa o Estádio D. Afonso Henriques; CESPU ocupa espaço temporariamente
O tema foi levantado pelo vereador socialista Ricardo Costa, que alertou para a necessidade de assegurar a continuidade da Modatex no concelho e de planear estrategicamente o futuro da CESPU.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães
Ricardo Costa manifestou preocupação com a saída da Modatex, recordando que a presença do centro de formação profissional em Guimarães “custou muito a conquistar” e que tem desempenhado um papel essencial na qualificação de trabalhadores do setor têxtil, do vestuário e do design.
“A Modatex terminou o contrato de arrendamento a 31 de outubro e, até ao momento, não existe ainda uma solução concreta para a sua permanência em Guimarães. O que eu esperava ouvir do senhor presidente era que já havia uma solução encontrada para garantir que a Modatex continuasse no concelho”, afirmou o vereador socialista.
Costa lamentou a ausência de uma resposta imediata por parte do executivo municipal, defendendo uma postura mais proativa: “Esperava uma atitude diferente. O município deve procurar a Modatex, compreender as suas necessidades e encontrar uma resposta que permita mantê-la a funcionar em Guimarães. Não basta dizer que, se a Modatex quiser ficar, depois se vê o que se pode fazer.”

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O vereador da oposição sublinhou que a Modatex tem um papel relevante na economia local e que a sua saída representaria uma perda significativa. “A Modatex serve muitas empresas de Guimarães, é responsável por formar técnicos qualificados em várias áreas, desde o têxtil ao design. Por isso, não podemos deixar que simplesmente desapareça do concelho”, afirmou.
CESPU: solução temporária e visão estratégica
O vereador socialista abordou também o caso da CESPU, defendendo que a instalação temporária da instituição nas antigas instalações da Modatex deve ser acompanhada de um plano a longo prazo. “A CESPU é uma entidade de ensino superior que muito nos honra ter em Guimarães. Mas é importante pensar além do imediato. Não basta resolver o problema do curto prazo; é necessário definir uma estratégia para o futuro”, afirmou.
Ricardo Costa defendeu que o AvePark seria o local ideal para a instalação definitiva da CESPU, enquadrando-a num “cluster da saúde” que consolide o posicionamento de Guimarães como polo de inovação científica e biomédica. “Quando falamos de atrair estudantes, temos de criar um ecossistema que os faça sentir-se parte da cidade. O AvePark já acolhe o Instituto 3B’s, o Instituto da Cidade de Guimarães e a spin-off Hidromedical. A CESPU encaixaria perfeitamente neste contexto. Devemos dar músculo ao AvePark e posicionar Guimarães como referência na saúde e investigação biomédica.”
O vereador salientou ainda que a criação deste cluster seria um passo importante para o desenvolvimento económico e científico do concelho. “Temos de ter uma ideia de cidade, de economia e de futuro. A instalação definitiva da CESPU no AvePark seria a cereja no topo do bolo”, concluiu.
Presidente da Câmara garante continuidade dos compromissos
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Araújo, esclareceu que o ponto em discussão na reunião “não introduz nenhuma decisão nova”, limitando-se à aprovação de um aditamento a um protocolo já existente entre a Câmara, a CESPU e a ULS do Ave.
“O que hoje se submeteu à reunião foi apenas a aprovação de um aditamento a um protocolo que já existia. Esse protocolo, celebrado ainda pelo anterior executivo, previa a instalação da CESPU no antigo Seminário do Verbo Divino, onde se perspetiva criar condições adequadas para acolher cursos ligados à saúde”, explicou o autarca.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães
Araújo recordou que, devido à ausência de obras no edifício do Verbo Divino, o executivo anterior já tinha decidido aprovar uma solução temporária: a utilização das antigas instalações da Modatex, no Estádio D. Afonso Henriques. “Não há nada de novo nesta decisão. Estamos apenas a operacionalizar um compromisso já assumido. O essencial é garantir que os cursos na área da saúde e da gestão da saúde se iniciem em Guimarães com a maior brevidade possível.”
Questionado sobre a hipótese de rever o protocolo e transferir a CESPU para o AvePark, o presidente admitiu que essa possibilidade poderá ser avaliada “caso surjam novos dados que o justifiquem”, mas defendeu o respeito pelos compromissos formais já estabelecidos. “Não podemos andar todas as semanas a equacionar novos locais. Há um compromisso entre três entidades que tem de ser respeitado. Só se houver dados novos e relevantes é que se ponderará uma alteração. O mais importante é cumprir o protocolo e iniciar os cursos em Guimarães o quanto antes.”
Câmara disponível para encontrar solução para a Modatex
Relativamente à Modatex, Ricardo Araújo confirmou que o contrato de arrendamento terminou no final de outubro e garantiu que o município está empenhado em encontrar uma solução que assegure a continuidade da instituição no concelho. “Já tenho uma reunião agendada”, disse. “Estamos disponíveis para conversar diretamente com a Modatex, sem intermediários, para encontrar a melhor solução”.
O autarca destacou que o município “mantém total abertura e interesse” em garantir que a Modatex continue a desempenhar o seu papel formativo e de apoio ao setor têxtil em Guimarães.





