MÚSICA DE NATAL NAS RUAS DA CIDADE…AINDA?!

ÂNGELA OLIVEIRA Advogada

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por ÂNGELA OLIVEIRA

Advogada

Água mole em pedra dura…para a música de Natal nas ruas da cidade é que não há cura.

A música de Natal nas ruas de Guimarães está para os habitantes e visitantes do centro histórico como o Natal dos hospitais está para os telespectadores da RTP, quando se é apanhado, muda-se de canal. Gira o disco e toca o mesmo, toca a girar e o mesmo torna a tocar, num Neverending Story de tortura natalícia.

Azar dos habitantes e trabalhadores do centro histórico vimaranense que não se podem mudar durante as festividades. Os proprietários dos imóveis até têm direito à isenção do IMI, mas pelo andar da carruagem, só lá se aguentarão os bares, os hotéis e os alojamentos locais para turistas…qualquer mente sã que mantenha a capacidade da audição, podendo, fugirá de viver no centro histórico, nem os hipsters resistirão.

Pelo menos o Natal dos hospitais parece agradar aos doentes que assistem ao vivo e a RTP encaixa o dinheiro da publicidade com um programa barato. 2-0 para o Natal dos hospitais pois o comércio tradicional com esta insistência não encaixa qualquer mais valia e aguarda-se para saber a quem agrada a ditosa sinfonia.

Percebe-se. Até ver, que eu saiba, nenhum vereador do nosso executivo camarário vive no centro histórico. Eu própria não vivo na cidade, e confesso, além de saber que terei de dar voltas e voltinhas à procura de estacionamento, a perspetiva da banda sonora não me é muito convidativa, e vai daí, muitas vezes dou comigo “a mudar de canal”.

Mas é Natal, época de esperança e, de novo, voltamos a falar do mesmo a ver se alguém ouve. A cidade concorre a Capital Verde Europeia para preencher a agenda da nossa querida Camara Municipal, mas tudo o que saia da check list da avaliação dos senhores da europa, que lá estão… longe, é como feriado na loja na ausência do patrão. Festa e siga a Marinha!

A cereja no cimo do bolo é que o circo, literalmente, se instalou no centro histórico. Podia ser figura de estilo acerca da palhaçada da programação cultural em época natalícia, mas não é. De todas as praças da nossa querida cidade, de todos os jardins e parques…circo na Feira do Pão, com direito a tenda gigante, roulottes, carros em cima dos passeios, cordas presas às árvores, sessões às 21.30…um mimo natalício para o nosso centro histórico, classificado pela UNESCO como património da humanidade há 16 anos.

Pensar e tentar convencer que estas iniciativas fomentam o comércio local é um embuste enfeitado com luzinhas que piscam, e os comerciantes das cidades vizinhas agradecem…e, claro, os centros comerciais.

Guimarães, que tem uma aposta cultural tão seletiva para os seus espaços culturais, Centro Cultural Vila Flor, Plataforma das Artes, etc. e uma programação criticada por muitos por ser demasiado elitista (outras romarias), tem com a programação de rua um desprezo que não se entende, e aquela que não é pensada pela Oficina mas diretamente pela Camara Municipal é completamente descuidada, numa atitude de “qualquer coisa serve” que não se compadece com uma cidade que foi Capital Europeia da Cultura, Património da Humanidade, aspirante a Cidade Verde Europeia e a Capital do Minho e tantas outras conquistas por aí festejadas.

Mas os desejos de Natal são infinitos. A ver o que nos traz 2018. Até lá, Boas Festas!

 

 

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