NATAL, OÁSIS DE MISERICÓRDIA

D. JORGE ORTIGA

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por D. JORGE ORTIGA

O Papa Francisco diz que onde houver um cristão, aí se deve poder encontrar um oásis de misericórdia (MV 12). Encontramos nesta pequena afirmação o essencial deste Ano Santo. A sede é uma das maiores dificuldades que a pessoa humana pode experimentar.

Costumamos pensar nos desertos como locais áridos, cheios de areia e vento seco, sítios onde a água aparece como uma miragem. Mas há outros desertos para além daqueles que habitam o nosso imaginário ou à distância da televisão: os desertos humanos, que são imensos e nos aparecem todos os dias, mais ou menos perto de nós. Importa que alguém – qualquer um de nós, qualquer cristão – vá ao encontro destes desertos como um oásis oferecido, como água que sacia a sede. Sabemos que a Misericórdia não se limita ao perdão. Estaremos preparados para a experimentar e oferecer em pleno? Vivemos numa sociedade enferma, que cada vez mais necessita de atenções e respostas. Precisamos de estar atentos e vigilantes a todos os desertos, mesmo aos que, por vezes, se escondem e até surgem como paisagens verdejantes.

O Natal é um tempo ainda mais favorável para permitir que o nosso coração toque nestas realidades. O Natal é tempo favorável para a água abundante: que ninguém experimente a sede! “Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das Misericórdias e Deus de toda a Consolação! Ele nos consola em todas as nossas tribulações para que possamos consolar os que estão em qualquer tribulação, através da consolação que nós mesmos recebemos de Deus” (2 Cor 1, 3-4). Um dos elementos constitutivos do Ano Santo é a Peregrinação, normalmente entendida como a visita a um santuário.

Quero, porém, convidar os cristãos, as nossas comunidades paroquiais, os religiosos, movimentos e associações, a que interpretem de um modo simbólico a Peregrinação, colocando-se a caminho e procurando abrir-se aos mais necessitados. O que é que isto significa? Que é necessário irmos ao encontro dos tristes, dos desalentados, dos desempregados, dos doentes, dos sozinhos, dos pobres, dos envergonhados, daqueles que experimentam situações de precariedade. Tornemos-nos, deste modo, oásis de misericórdia, proporcionando a todos o abraço de Cristo através da água do consolo e do amparo solícito que distribuímos.

Acordemos e ouçamos tantos gritos a pedir ternura, carinho, tempo, atenções, dinheiro! Podem estar em nossa casa, na nossa família, na mesma rua, na mesma aldeia ou cidade. Iremos precisar de muita valentia e coragem para recomeçar sempre. Certamente o cansaço irá surgir, poderemos até vacilar, mas a esperança num mundo mais fraterno tem que persistir. Está nas nossas mãos, na mão de Pág. 1/2 Gabinete do Arcebispo Primaz MENSAGEM Ref. MSG_13/2015 Mensagem de Natal Braga, 18.Dez.2015 todos, construir esse mundo.

As adversidades e o cansaço não podem ser obstáculos naquilo que é um direito essencial de todos, o da água abundante. O ser humano é um Viator, um peregrino que caminha dobrado sobre si mesmo, ou norteado pela meta da misericórdia a concretizar nas necessidades espirituais ou materiais. Sim, é verdade, há muitas sedes de consolação! A mais dramática é a sede de Deus.

Assim sendo, pergunto: não poderá ser interessante descobrir algum ateu ou agnóstico, alguém afastado das suas obrigações cristãs, a quem sejamos capazes de ouvir? Mais ainda: estabelecer um diálogo, prestando todos os esclarecimentos e propondo o encontro com Deus.

É um modo de anunciar Cristo e viver o Natal, oferecendo Deus a quem – mesmo ignorando ou desconsiderando esta necessidade – d’Ele tanto precisa. Estas pessoas estão ao nosso lado, todos os dias, onde quer que vivamos. “Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o acto último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (MV 2).

Bom Natal nesta peregrinação do encontro diário com Cristo em todos os rostos humanos, sobretudo naqueles que se encontram mais desencantados com a vida e naqueles que se afastam ou vivem à margem de Deus.

Que o Presépio deste ano seja um oásis que retempera energias a quem necessita de alguma coisa, material ou espiritual, para ser feliz.

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