NICOLINAS EM TEMPO DE ASSÉDIO

ANTÓNIO ROCHA E COSTA Analista clínico

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por ANTÓNIO ROCHA E COSTA
Analista clínico

As redes sociais, mais que os meios de comunicação social, fizeram irromper da noite para o dia factos e casos adormecidos, que de repente se tornaram virais, passando a estar na moda e a monopolizar todas as atenções.

É o caso do assédio sexual que, competindo com outros temas, passou a marcar a agenda mediática, atingindo, quer os famosos de Hollywood, quer conhecidas figuras politicas, qual furacão que se formou a partir do nada, destinado a causar estragos.

Com todo o respeito pelas verdadeiras vítimas do autêntico assédio sexual, não deixa de ser intrigante o facto de a maior parte delas só terem denunciado os factos ocorridos, após uma longa “incubação”, que em alguns casos atingiu algumas dezenas de anos, o que faz com que os alegados “abusadores” tenham atualmente provectas idades, que chegam a atingir os 93 anos.

Como em tudo na vida, o bom senso, o equilíbrio e o sentido da razoabilidade, deverão imperar nestes casos, sob pena de se confundir o inofensivo piropo, o romântico galanteio ou o ritual de sedução, com o assédio sexual.

Ao longo dos tempos, o conceito de assédio foi variando e aquilo que há uns anos atrás era encarado como normalidade, poderá ser hoje considerado um grave atentado aos costumes e à liberdade individual da mulher ou do homem, sendo que à luz da moral vigente, uma mulher que responda adequadamente ao assédio de um atrevido, é considerada uma senhora de pelo na venta, enquanto que se for um homem a rejeitar a abordagem importuna de uma Dama, poderá ser acusado de “maricas”.

Sendo muito ténue a linha que separa o galanteio/piropo do assédio sexual, aqueles que pretendam declarar-se ao sexo oposto, deverão utilizar a técnica de “lançar o barro à parede” e se pegar… pegou, caso contrário, disfarcem e partam para outra. Há também aqueles que leem por outra cartilha e professam a seguinte teoria: quando uma mulher diz “não”, quer dizer “talvez” e quando diz “talvez” quer dizer “sim”. Esses tentarão sempre outra vez.

Estando as Festas Nicolinas aí à porta, é nosso dever, face ao “status” vigente, alertar os autores dos Pregões e os Pregoeiros, para escolherem bem as palavras que vão utilizar para se dirigirem às Damas e Donzelas. Igual recomendação deve ser feita aos estudantes que tomam parte nas “Maçãzinhas” para que o gesto de oferecer o pomo rosado, colocado na ponta da lança, às senhoras que ocupam as sacadas, não seja confundido com assédio sexual, sendo que se fosse ao contrário, isto é, se fosse a Dama a oferecer a maça, seria considerado apenas uma tentação, tal como aconteceu no Paraíso, quando Eva ofereceu a maça a Adão.

A propósito das Nicolinas e para terminar a preceito, transcrevo aqui um excerto do Pregão de 1976, do qual tive a honra de ser o autor, sendo o Pregoeiro o meu ilustre amigo insigne médico Vimaranense (no tempo presente) José Cotter:

“Para vós garotas, que sois o nosso encanto

Não podia faltar o doce galanteio.

Vamos rir e folgar, para afastar o pranto

Que de tristezas e dor vai este Mundo cheio.

Sob esta capa rota, caloroso manto,

Palpita uma quimera, um ardente anseio,

De sabermos um dia, quanto é bom, oh quanto!…

Entrar no “Paraíso” pela porta do meio.

 

 

 

 

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