“O 25 de abril não pode ser uma peça de museu”, diz Vitorino d´Almeida

O conhecido maestro e compositor português, Vitorino d´Almeida, subiu, na noite do passado sábado, 20 de abril, ao palco do teatro Jordão, em Guimarães, para uma tertúlia com Miguel Leite, abordando a vida de um artista na altura do Estado Novo.

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As conversas foram intercaladas com a música do pianista vimaranense Pedro Emanuel Pereira no espetáculo comemorativo dos 50 anos do 25 de abril de 1974. Com estreia em Guimarães, “Sons de Abril” foi também apresentado em Penafiel e Valença.

“Quando uma revolução pára, acabou, é museu! E o 25 de abril não pode ser uma peça de museu, tem de ser uma coisa viva”, disse Vitorino d´Almeida aos presentes no teatro vimaranense.

O maestro mostrou-se preocupado com a situação politica atual, afirmando que “Quando se deixa avançar um certo tipo de regimes, que é o que se está a passar atualmente no mundo, nos mais variados sítios, à direita, ao centro, em cima, em baixo, está-se a permitir um mundo medonho”.

Para Vitorino d´Almeida, a atual geração dos 18, 19 ou 20 anos tem, pela frente uma missão gigantesca, citando Marcelo Caetano, “uma obrigação ciclópica de salvar o mundo, um mundo que se está marimbando se esta espécie for à vida”, disse.

“Vivemos numa época em que, sinceramente, há que desejar que os múltiplos tiranos que há por esse mundo fora tenham muita saúde, que se sintam bem, que não se enervem , porque se se enervarem, se souberam que vão morrer ou coisa parecida, têm uma coisa chamada bomba atómica, que eles não hesitarão em lançar”, teme Vitorino d´Almeida.

Sobre o 25 de abril de 1974, acusou uma “imensidade de pessoas que se disseram vitimas da PIDE, mas elas exageravam porque quem sofreu foi quem estava preso, essencialmente, e quem estava preso era quem andava de pé descalço, quem não tinha acesso à escola”, afirmou, acrescentando que nunca ninguém o prendeu, lhe bateu, “e como eu muitas outras pessoas”, referiu.

Após 1974, produziu “A Culpa”, um filme que “não o poderia ter feito antes” e que começa com a figura de um lobo que está fechado numa jaula de um jardim zoológico.
Esse lobo, contou, “representava aqueles que não tinham culpa e estavam atrás das grades”. De resto, todas as outras personagens, as que são de direita, as do centro ou que são de esquerda, todas à sua maneira tiveram culpa”, uma “responsabilidade que não diminuiu pelo facto de ter acontecido o 25 de abril”.

Por isso, continuou, o 25 de abril não foi só uma revolução portuguesa, não foi só um movimento português, “foi de facto uma das coisas mais bonitas que este país em toda a sua história fez, pois deu uma grande lição ao mundo, não só de liberdade”.

O 25 de abril, terminou, “olhou mais longe, mais profundamente nos problemas da fraternidade”, e advertiu, “Não vamos continuar agarrados ao 25 de abril de 74, que ficará para sempre na história, porque as revoluções são para continuar”.

Vitorino d´Almeida interpretou um tema do filme “A Culpa” e, no final do espectáculo, brindou os presentes numa improvisação a quatro mãos com Pedro Emanuel Pereira

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