O Cinema: uma estética crua

Por Ana Amélia Guimarães.

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por Ana Amélia Guimarães Professora

O Paulo Cruz Mendes foi meu amigo, dele guardo saudade das conversas intensas e da amizade que a vil morte cedo ceifou. O João Paulo Cruz Mendes (1968-2007) dedicou a vida ao estudo e à reflexão sobre cinema. Estudou Filosofia e Cinema na Universidade Nova de Lisboa, na Universidade Católica do Porto, na Universidad de Valladolid (Espanha) e na Faculdade de Letras de Lisboa, onde apresentou a tese de mestrado O CINEMA DE TARKOVSKI: APRESENTAÇÃO DA REALIDADE E INFINITO ÉTICO.”

Reconheço sem qualquer problema e com muita alegria, portanto, que há um interesse pessoal no que vou dizer, cara leitora e leitor. No entanto que este reconhecimento não rasure o que de facto interessa: a edição de uma obra imprescindível para o estudo do cinema como arte e a dor de perceber o quanto o Paulo Cruz Mendes teria para nos dar.

A questão de saber se o cinema pode ser considerado uma forma de arte é o objeto central de reflexão do livro O CINEMA: UMA ESTÉTICA CRUA, que foi publicamente apresentado este mês na Cinemateca, em Lisboa.

O Cinema: uma estética crua foi publicado pelas Edições Húmus, em parceria com o Lucky Star – Cineclube de Braga. Esta obra apaixonada e rigorosa reproduz a tese de doutoramento que o Paulo apresentou à Universidade de Lisboa, mas que não chegou a defender por ter, como dissemos, entretanto morrido de doença.

Na obra agora editada, Paulo Cruz Mendes defende que o cinema é “uma estética crua” porque, “não cria uma realidade alternativa àquela que podemos vivenciar, antes a reproduz com a frieza que é própria da tecnologia de que faz uso”. Partindo deste pressuposto, o autor questiona a validade de se considerar o cinema uma forma de arte…

Podemos ainda encontrar na obra uma reflexão aturada sobre a relação do cinema com a indústria, a fotografia, a literatura e o teatro, enriquecendo assim os debates, que há muito decorrem, sobre a história do cinema e a estética cinematográfica.

Como disse, a primeira sessão de apresentação ocorreu no dia 20, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, com intervenções de Carlos João Correia, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que orientou o trabalho de investigação (e que assina o prefácio da obra) e de António Cruz Mendes, irmão do autor, seguindo-se agora sessões em Braga, Porto e Guimarães.

Para quem goste de saber mais do que aquilo que o lixo mediático despeja, diariamente, em inútil abundância no «mercado», para aqueles que valorizam o que os vimaranenses fazem para o património público, para os muitos amigos do Paulo, teremos ao nosso dispor novas apresentações: na Livraria Centésima Página, em Braga (às 18h30 do dia 27), na Casa dos Livros, no Porto (às 16h do dia 3 de novembro), e na Associação Martins Sarmento, em Guimarães (às 18h do dia 10 de novembro). Nestas três sessões, o livro será apresentado por Vítor Moura, professor de Estética na Universidade do Minho.

Esta é uma boa notícia, sem dúvida.

Nota: Título da imprensa nacional: «A chuva que caiu, na tarde desta sexta-feira, provocou inundações em diversas ruas da Cidade Berço. As bacias de retenção, construídas na ribeira de Couros para evitar estas situações, encheram por completo.».. a impune favelização de luxo em zonas nobres da cidade apresentou a sua fatura à autarquia: a falta de impermealização dos solos resultantes do deixa andar deixa fazer imobiliário contribui para «rios» de água e encharcamentos na cidade. De capital verde só mesmo a intenção.

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