O impacto da pandemia na restauração vimaranense
O setor da restauração tem vindo a sofrer consequências com a pandemia e com as restrições impostas pelo Governo. Com a persistência e agravada situação pandémica, os restaurantes em Guimarães notam quebras que rondam os 80%.

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O setor da restauração tem vindo a sofrer consequências com a pandemia e com as restrições impostas pelo Governo. Com a persistência e agravada situação pandémica, os restaurantes em Guimarães notam quebras que rondam os 80%.

O Mais Guimarães contactou sete restaurantes da cidade para perceber de que forma essas quebras aconteceram e que soluções os proprietários encontraram para dar a volta à difícil situação e tentar obter algum lucro, contudo esta “é uma situação difícil de gerir”, conta o Sr. Martins, proprietário do “Dan José Penha”.
Muitos dos estabelecimentos de restauração da cidade berço estiveram encerrados durante o confinamento, o que gerou quebras de 100% na faturação. Quando puderam abrir novamente portas, notaram que “as pessoas tinham receio de sair de casa”, revelaram grande parte dos proprietários contactados.
Uma grande ajuda para este género de negócio é o turismo e é disso que vive muito a cidade. “Desde março que o turismo desapareceu”, comenta Nuno Castro, dono do “Casa Amarela”. As únicas pessoas que continuam a frequentar os restaurantes são os residentes locais e esses em serviço de lista. Ou seja, mesas pequenas, porque grupos, que também eram outro ponto forte, deixaram de existir devido às limitações impostas pelo Governo.
Depois da reabertura pós confinamento, desde meados de julho e o mês agosto foi a altura em que houve trabalho razoável nos restaurantes. “Nada de especial nem nada comparado a anos anteriores”, comentam os proprietários dos estabelecimentos deste setor. Palmira Dias, dona do “Casa Costinhas” revela que “no mês de agosto a quebra não foi assim tão grande, trabalhamos mais ou menos 70%”.
Outubro foi mês do “descalabro”
Se o verão conseguiu ajudar um pouco a restauração, a faturação do mês de outubro voltou a baixar, como confirma Pedro Fernandes, proprietário do restaurante “Buxa”. “Em setembro foi-se trabalhando, e o descalabro voltou outra vez em outubro. No meu caso, estou com 55% de quebra, em relação ao ano passado. De outubro para diante voltou aos 80%”. Ainda sobre a opinião do dono deste estabelecimento, os políticos deviam dizer “saiam com segurança, para os lugares que vos oferecem garantias de segurança, e ponham a economia a mexer”.
A grande diferença acaba por ser durante a semana, como explica Carlos Martins, dono do “Dom Chá”. “Ao fim de semana as pessoas esquecem-se um bocadinho e acabam por sair mais, mas durante a semana nota-se bastante”. Agora, com a medida dos restaurantes encerrarem às 22h30, o Sr. Martins, proprietário do “Dan José Penha” afirma que “nem vale a pena abrir, mais vale fazer almoços”. Também Emília Salazar, dona do “Doce Parque”, conta que existe uma grande diferença entre os almoços e os jantares servidos no seu restaurante.
Carlos Martins nota ainda disparidades relativamente aos números do pequeno-almoço, referindo que “muitos pais iam levar os miúdos à escola e depois vinham tomar o pequeno-almoço e isso deixou de existir”.
“As pessoas tinham muito receio”
Vera Ribeiro, proprietária do restaurante “Clube Paraíso”
Outra situação que alguns dos espaços contactados pelo Mais Guimarães registaram, foi o facto de que viviam de eventos como festas de aniversários, de empresas, comunhões, batizados e que, com o cancelamento destas celebrações e com as medidas impostas, não é possível ajuntamentos em restaurantes. Vera Ribeiro, proprietária do “Clube Paraíso” dá o seu testemunho: “Na altura em que as pessoas puderam voltar a juntarem-se era tudo muito restrito, mas nessa altura as pessoas tinham muito receio, por isso tivemos muitos poucos eventos e agora nem procura sequer para essa parte”.
Desta forma, todos os proprietários confessaram que preveem “um Natal catastrófico”, palavras utilizadas por Emília Salazar. Assim como a Páscoa e outros eventos que se costumam realizar na cidade de Guimarães, a época natalícia é uma das ocasiões que ajuda a salvaguardar o negócio deste setor da restauração.
Os proprietários tentaram encontrar novas formas para ter mais lucro, como por exemplo a adesão a plataformas como a “Ubereats” e a “Glovo”, contudo Nuno Castro alerta para a situação de que “os clientes não se apercebem que estas plataformas, além da taxa que cobram, ficam com cerca de 30% do valor que eles [os clientes] estão a pagar, e pensam que aquilo que pagam reverte a favor do restaurante”.
O dono do estabelecimento localizado na Penha deixa uma mensagem de força, dizendo que “vai continuar a lutar, tentar que isto melhore daqui para a frente e que consigamos ultrapassar esta fase”.
Texto de Filipa Rocha e Joana Meneses





