O JACARANDÁ E A VESPA ASIÁTICA

ANTÓNIO ROCHA E COSTA Analista clínico

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por ANTÓNIO ROCHA E COSTA
Analista clínico

Para quem não conhece, a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra é a que vai desde as traseiras do Tribunal até à rua Dr. José Sampaio. Melhor seria que se alterasse a toponímia e esta artéria passasse a chamar-se Avenida dos Magistrados, já que metade dos lugares de estacionamento automóvel que existem na dita cuja , estão reservados aos senhores agentes da Justiça, para além de uns tantos que também lhes estão reservados em zonas adjacentes. Será que existem assim tantos magistrados no Tribunal de Guimarães? Ou serão mais os lugares que os presumíveis ocupantes? E será justo que o cidadão comum pague o aparcamento e os meritíssimos magistrados estejam isentos?

Dito isto, em jeito de nota introdutória, cumpre-me recordar que esta avenida foi em tempos ornamentada por árvores de pequeno porte que floresciam na Primavera: ameixieiras e cerejeiras de flor, que recentemente foram substituídas por uma espécie arbórea exótica denominada Jacarandá.

Manda o bom senso que, quando se planeia um jardim ou a arborização de um espaço público, se deve ter em conta a adaptação da planta ao meio e o impacto que a mesma poderá exercer sobre o local de implantação. Já vimos árvores de grande porte, cujas raízes levantavam os passeios e já vimos arbustos a ladear avenidas de grande envergadura, como já vimos também árvores que na Primavera largam pólenes que parecem autênticos “novelos de algodão” e que são uma dor de cabeça para aqueles que sofrem de doenças respiratórias de natureza alérgica.

A espécie de Jacarandá que ladeia a Avenida dos Combatentes, possui folhas formadas por pequenos folíolos de cor verde-amarelada. Não obstante as suas flores de cor violeta que desabrocham no mês de Maio constituírem um espectáculo de rara beleza, não deixa de ser irritante o facto de os pequenos folíolos que atapetam os passeios molhados no Inverno se colarem à sola dos sapatos, que irão sujar de seguida tudo o que é piso de habitação ou estabelecimento comercial das cercanias. No meu caso concreto, em que o local de trabalho se situa precisamente nesta zona, já não bastava a falta de estacionamento e o assédio dos arrumadores de automóveis, para ainda ter que aguentar com a praga dos folíolos de Jacarandá, que obrigam a uma limpeza do piso do estabelecimento várias vezes ao dia, já que sempre que entra um cliente, deixa dezenas de folíolos colados ao chão.

Mas, pior que o Jacarandá é sem dúvida a vespa asiática, cujo nome científico é “Vespa velutina”, que ultimamente tem causado alarme nesta região.

Desde que foi detectado em 2011 o primeiro ninho desta espécie invasora, algures em Viana do Castelo, o seu número não para de aumentar. Li há dias num jornal que já estão referenciados mais de 4000 ninhos no nosso país e que a situação está a ficar fora de controlo. A última edição do jornal em que escrevo estas linhas noticiava a destruição levada a cabo pela Câmara de Guimarães e pelos Bombeiros das Taipas de três ninhos de vespas detectados na Vila Termal.

O processo burocrático e o aparato logístico que envolve a destruição de um ninho de vespas asiáticas, cria um impacto semelhante ao que foi causado por uma notícia dum jornal local, na década de oitenta do século passado, que referia o avistamento de piranhas no rio Ave, precisamente nas Caldas das Taipas.

Mas o que tem a ver o Jacarandá com a vespa asiática? – perguntará o leitor. Pertencendo um ao reino vegetal e o outro ao reino animal, são contudo oriundos igualmente de regiões muito distantes do nosso país, sendo que o Jacarandá causa grande irritação e a vespa asiática causa grande apreensão, ou seja: “Se um Jacarandá incomoda muita gente, um ninho de vespas asiáticas incomoda muito mais”.

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