O que esperar de 2023?
Saúde, Cultura, Educação, Desporto e Economia são os temas abordados por várias personalidades vimaranenses.


Economia
Por Rui Armindo Freitas

2023, um ano desafiante
Escrever sobre o futuro em Economia é interpretar hoje os sinais que podem ditar o amanhã, tendo por certo que o futuro amanhã já terá uma perspetiva diferente, moldada pelo dia que hoje passou. Assim, ao dia de hoje 2023 apresenta-se como o ano mais desafiante dos últimos anos, desde logo porque teremos o menor crescimento global dos últimos anos e grande parte das economias ocidentais à beira da recessão. A inflação abrandará o ritmo, mas tão cedo não estará no objectivo dos 2% convencionado na generalidade das economias desenvolvidas, e as taxas de juro tão cedo não voltarão aos valores que conhecemos na última década.
A nossa região terá grandes desafios uma vez que pela sua composição quase “mono sectorial” faz com que seja mais vulnerável em alturas de crise, acrescendo uma crise energética motivada pela guerra ainda sem fim à vista, e com os necessários, mas também pesados custos da transição energética. A nível geoestratégico, o reposicionamento das relações China/EUA, prometem continuar a alterar equilíbrios pelo mundo fora, alguns benéficos para a nossa região, mas menos globalização também trará novos desafios. A incerteza é o que temos de mais certo em 2023, mas não é isso que caracteriza o futuro?
Educação
Por Raquel Roby

Acabamos de entrar em 2023 e, ao nível da educação, ainda há tanto para conquistar. Também não estaria a ser correta se dissesse que nada foi feito até então, no entanto, é importante olharmos para a educação de um ponto de vista macro. A Sociedade está muito acelerada, parece que estamos sempre atrasados para tudo: para sermos os melhores, para sermos perfeitos, para fazermos mais. Esta é, também, a realidade das escolas, atualmente. Seria importante, nas idades mais infantis, a criança brincar mais, para se conhecer e explorar o mundo que a rodeia. No mesmo sentido, nas idades académicas, seria importante ajustar os currículos no que diz respeito ao desenvolvimento da criança, permitindo aos alunos explorar o modo como querem aprender e, igualmente importante, integrar no currículo a “disciplina” de inteligência emocional, na qual o aluno aprenderia a conhecer-se, a sentir-se, a tomar consciência de si e a explorar os seus valores. Para isso, seria importante a presença de um facilitador de aprendizagem que tivesse um Olhar íntegro da criança/ jovem, sem julgamentos.
Cultura
Por João de Guimarães

O ano de 2023 será um ano decisivo no que toca a recuperar hábitos perdidos com a pandemia. O sector cultural e artístico foi um dos mais afectados.
Guimarães é muito forte nestas áreas. Tanto por impulso municipal, associativo, como pelo contributo dos artistas e cidadãos em geral. São inúmeros os casos de festivais, eventos, bandas, cantores, instrumentistas, compositores, grupos de teatro, escolas de dança, artistas plásticos, equipamentos culturais, etc., que fazem de Guimarães um ponto de partida de criação assim como um marco incontornável no mapa artístico nacional e internacional. Uma forma de vida que nos enche de orgulho.
O público é a cereja no topo do bolo. É imperativo que esteja cada vez mais exigente, formado e diversificado. Cabe a cada um de nós, criadores e/ou consumidores, o papel de dar força a este mundo e de o fazer crescer a cada dia que passa. Sejamos unidos, sejamos melhores, sejamos amor.
Desporto
Por Flávio Meireles

Que saibamos aproveitar o desporto naquilo que o setor consegue como nenhum outro: unir os povos, estreitar as diferenças e promover a igualdade de oportunidades. Paralelamente, que consigamos, e no futebol em particular, aproveitar o ano de 2023 para cimentarmos pontes e sinergias entre os diferentes Clubes, tornando possível a regeneração e pacificação do futebol português, onde os atletas sejam, definitivamente, os únicos protagonistas. E que aproveitemos cada dia para valorizarmos e promovermos o desporto, respeitando aquilo que é o esforço de cada atleta para atingir o sucesso. Espero, igualmente, que seja mais um ano inspirador para Portugal e para os desportistas portugueses, mais um ano em que voltemos a escrever história nas diferentes modalidades e competições.
Saúde
Por Victor Manuel Sanfins

2023 – As minhas expectativas para a Saúde
O pedido da “Mais Guimarães” para escrever este texto fez-me regressar a Janeiro/1991, quando, terminada a licenciatura, iniciei a minha actividade como Interno Geral no Hospital de Santo António. Era, na Saúde, um período de forte turbulência, que culminou com a demissão de Leonor Beleza (a braços com as acusações no âmbito do Processo dos Hemofílicos) e a nomeação de Arlindo Carvalho (mais tarde, condenado por corrupção). Dois anos que culminaram com a minha vinda para Guimarães, em Janeiro/1993 (pensava eu que pelos 5 anos da especialidade de Cardiologia!) e na minha entrada na direcção da Ordem dos Médicos (no Conselho Regional do Norte), onde fiquei seis anos, o que me permitiu conhecer de perto muitos dos burocratas das estruturas do Ministério da Saúde (e de ver como a burocracia vive num mundo diferente do que existe no terreno).
Muitos dos problemas do SNS pouco mudaram ao longo destes 30 anos, em que vi passar sete Primeiros-Ministros e catorze Ministros da Saúde:
– a enorme afluência aos Serviços de Urgência, a porta sempre aberta para os Doentes, que a ela ocorrem, quando não tem outra alternativa para resolver um problema de saúde (agudo ou crónico). Até agora, o SNS ainda não conseguiu criar alternativas que permitam que os SU se dediquem ao que devia ser a sua função: a assistência em situações de doença aguda grave ou crítica. Não me parece que 2023 será o ano em assistiremos a uma alteração substancial desta realidade.
– apesar de se ter multiplicado por dez o nº de Médicos que anualmente se formam, parece que nunca faltaram tantos no SNS. A degradação das Carreiras Médicas (nunca vi a situação melhorar de um ano para o outro), a degradação dos salários, a falta de projectos, no SNS, que sejam aliciantes para os jovens Médicos (que cada vez mais abandonam o SNS após a conclusão da Especialidade), o crescimento desmesurado da burocracia (assustadora nos Centros de Saúde) são os exemplos mais evidentes do que tem vindo a acontecer. Não me parece que 2023 será o ano em assistiremos a uma alteração substancial desta realidade.
– a perda de autonomia das Administrações Hospitalares tem-se vindo a acentuar, com particular impacto em áreas cruciais (contratação de pessoal, aquisição de equipamentos, etc.). Daqui resulta uma muito menor eficiência, por mais competentes que os gestores sejam. Não deixa de ser surpreendente que os defensores do modelo PPP nunca expliquem porque não podem os gestores do SNS ter o mesmo grau de autonomia dos gestores PPP. Talvez 2023 seja o ano em assistiremos a uma alteração desta realidade, se o CEO da Saúde tiver apoio político suficiente para tal.
– a nossa capacidade terapêutica e a acessibilidade dos doentes a tratamentos mais modernos em cada vez mais hospitais tem sido um dos aspectos mais positivos destes 30 anos. Para 2023 fica a expectativa de que não se perca esta capacidade de evoluir e de, assim, se colocar o Doente no “centro” da acção do SNS.
PS: em 1992, então Interno Geral no Hospital de Santo António, integrava a Comissão Nacional do Internato Geral. Eram dois os principais motivos da nossa luta: um mapa de vaga (referente a 1993) para a Especialidade, completamente aberrante (por exemplo, o nº de vagas de Cardiologia foi reduzido de 64 para 9) e o fim da dedicação exclusiva para os internos da Especialidade, então decidida pelo Governo em funções. Numa das manifestações que então organizamos, à porta mo Ministério da Saúde, desfilava uma urna, que tinha inscrito “Morreu sem Médico”, e que fez, no dia seguinte, a capa do JN. Aos dois Colegas do Hospital de S. João que então integravam a Comissão Nacional e que, agora, ocupam os dois cargos de maior responsabilidade da Saúde, desejo que tenham êxito no exercício das suas funções e que não esqueçam muitas das coisas que então, jovens Médicos, defendíamos.
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