O verão vale (cada vez mais) a pena em Guimarães

Tivesse mar Guimarães e seria a cidade perfeita. É vulgar ouvirmos isto de vimaranenses e turistas. É comum pensarmos nisto também quando o calor aperta.

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Tivesse mar Guimarães e seria a cidade perfeita. É vulgar ouvirmos isto de vimaranenses e turistas. É comum pensarmos nisto também quando o calor aperta.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Tivesse mar Guimarães e teríamos uma cidade preenchida pelo frenesim de turistas de verão, de chinelo, calção, e toalha de baixo do braço. Pouco espaço nos sobraria, a nós e a quem procura experiências distintas, para desfrutarmos das nossas praças, das esplanadas, das nossas sombras e da quietude que nos sabe bem, quando estamos de férias e temos mais tempo para desfrutarmos e redescobrirmos a cidade, este concelho que se quer afirmar como alternativa aos mais comuns destinos desta estação.

A aposta passa, obviamente, pelo património, não só o edificado, pelo turismo de natureza, pela montanha e pelo rio, mas também pela diversificação da oferta cultural. Estivemos à conversa com Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura e do Turismo na Câmara Municipal de Guimarães.

O verão vale a pena em Guimarães?

É um slogan de que eu continuo a gostar muito, dos anos 90, quando comecei a ver alguns artistas nestas praças, principalmente no Largo da Oliveira e na Praça do Santiago. E eu acho que o verão continua a valer a pena, e vale cada vez mais a pena em Guimarães.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Tem sido uma preocupação do município, manter e atrair visitantes para o território nesta altura do ano?

O município de Guimarães tem investido significativamente na promoção de Guimarães, quer a nível patrimonial, em que somos fortes, mas também a nível cultural e artístico. Estamos a trabalhar numa estratégia de diversificação para chegarmos a novos públicos, a pessoas que procurem Guimarães por outras dimensões, com outras vontades, porque Guimarães tem uma oferta diferenciada.

Posso dar como exemplo uma das estratégias que tem sido bem sucedida, que é a questão do Enoturismo, a nossa rota do Enoturismo, que vai ao encontro de um tipo de público que interessa muito a Guimarães. Já temos 12 quintas que estão integradas nesse programa. Imagine alguém que vem visitar Guimarães e que, em vez de passar pelo centro histórico e sair, ou ficar cá uma noite, fica hospedado numa quinta de Enoturismo, ou numa unidade da região, e ali faz uma experiência vínica, faz uma prova de vinhos, participa nas colheitas, percebe o processo de trabalho. É uma experiência muito mais gratificante e genuína.

Para além do enoturismo, nós temos outras áreas em que temos estado a investir. Ainda recentemente lançamos o Mapa Verde e o Passo Verde numa lógica de também cruzamos a política de turismo com as outras dimensões das  políticas seguidas pelo município, neste caso do desenvolvimento sustentável.

Em Guimarães temos um grande potencial no turismo de natureza, muitos locais a visitar que estão integrados nesta lógica e queremos posicionar-nos aí. Mas também no turismo de congressos, no turismo cultural ou no turismo industrial. Temos apostado na diversificação, o que faz com que as pessoas venham até Guimarães. E isso sente-se na cidade e no concelho.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

Provavelmente, o município percebeu que há todo um público que poderá, nesta altura, já estar saturado do turismo de praia e procure destinos com uma oferta muito diferente dessa?

O facto de termos unidades de turismo rural e de turismo de habitação com muita qualidade, permite-nos diversificar a nossa oferta, indo ao encontro desse outro tipo de turismo.

Temos que nos focar em tudo aquilo que o território tem para dar, e já não seria pouco, para além do Centro Histórico Classificado, do Castelo e do Paço dos Duques, e promover uma experiência de vários dias a quem nos visita, com subidas de teleférico à Penha, visitas à Citânia de Briteiros e Castro de Sabroso, à Basílica de S. Torcato ou convidá-los a fazerem termas nas Caldas das Taipas e a participarem numa prova de vinhos numa das quintas dessa região.

Mas também inserir alguma inovação, como estamos a fazer na zona de Couros e no Bairro C, que junta a criatividade associada ao turismo, num modelo de desenvolvimento do território que também nos interessa transmitir.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

A Câmara está a estruturar uma oferta que permita a um visitante passar mais dias em Guimarães, aumentando o tempo que habitualmente passa cá?

Depois de os termos cá, aos turistas, temos de ter oferta. Nós estamos a trabalhar, quer com algumas agências, quer com a própria ATP, quer com o Turismo do Porto e Norte, para termos algum tipo de oferta integrada.

E a partir de setembro iniciaremos também um conjunto de reuniões transsetoriais dentro do turismo, e com os agentes do setor, para que se criem essas ofertas. É essa lógica de cross-selling, envolvendo as diferentes áreas do turismo, os diferentes operadores, que nos permitirá aumentar a permanência dos turistas em Guimarães.

Ressalvo também que estamos a trabalhar agora em alguns produtos com a Associação de Turismo do Porto, que é o parceiro da promoção internacional, exatamente para começarmos a criar aqui pacotes de três, quatro, cinco dias, interligados também com os transportes, que é uma dimensão muito importante para que quem queira ficar em Guimarães.

Guimarães já tem algumas praias fluviais, nomeadamente algumas bem conhecidas, como a praia em Barco ou a Praia Seca nas Taipas. São também importantes para o turismo de verão em Guimarães?

Claramente. E está na altura de começar a certificá-las para que elas possam ser praias fluviais reconhecidas como tal. E depois pensar nelas como um ecossistema, com a interligação delas com as margens de rios e as ecovias que estão a começar a nascer, na ligação com os caminhos pedonais e caminhos cicláveis, exatamente nesta lógica do turismo de natureza, do turismo sustentável, do turismo verde, muito valioso para quem procura este tipo de destino alternativo.

Nós achamos que, ao longo de todo o território, com os rios, que felizmente já não têm nada a ver com o que eram no início do século, temos essa oferta também para acrescentar à nossa oferta turística.

E a utilização do rio vai promover uma maior preocupação com ele, certamente…

Durante muitos anos estivemos enquanto cidadãos de costas voltadas para o rio. E só assim se explica que ele possa ter chegado ao ponto onde chegou nos anos 80 e 90. A partir do momento em que nós o começamos a usar, somos nós os primeiros agentes de defesa e somos nós os primeiros a cuidar, a gostar do rio e a fazer essa proteção.

“É IMPORTANTE QUE, QUER O TURISTA, QUER O VIMARANENSE, SEJA O NOSSO PRIMEIRO DEFENSOR DOS RIOS E DOS CURSOS DE ÁGUA DE GUIMARÃES”

© Direitos reservados

Guimarães começa também a ser um local onde há festivais de verão. Também nesta dimensão, Guimarães começa a posicionar se como um destino atrativo nesta altura?

Guimarães nunca quis estar, e eu acho que esse mercado está especialmente saturado, na rota dos grandes festivais de verão. Prefere a diversidade, prefere a diferenciação, as várias possibilidades que se abrem a vários públicos. Aquilo que temos até ao final do verão é muito demonstrativo disso.

“TEMOS A PREOCUPAÇÃO DE CHEGAR COM A OFERTA CULTURAL E ARTÍSTICA A TODO O TERRITÓRIO, QUE NATURALMENTE SIRVA AOS TURISTAS, MAS SIRVA TAMBÉM AOS VIMARANENSES”.

 

Em Guimarães conseguimos ter por exemplo, e em simultâneo, um sunset em Nespereira e outro na Penha, um SN em Guardizela,  um Rock in Rio Febras em Briteiros, ou o Vaudeville no centro da cidade, ou até o Couros Fest na Ramada, e muitas outras manifestações culturais pelo concelho, para todos os gostos, todas as idades, e com essa abrangência territorial. E isso começa a ser uma realidade ao longo de todo o ano também.

Temos projetos muito interessantes que chegam a várias gerações também, e estamos a implementar através do programa Excentricidades, numa política de descentralização cultural. Não nos concentrarmos apenas em ter programação cultural fixa, chave-na-mão, em espaços culturais clássicos e estamos a envolver as pessoas, as comunidades.

Nesta lógica de descentralização cultural, e de investimento no território, temos conseguido ainda integrar iniciativas que interessam às estruturas locais e às juntas de freguesia, qualificando também a oferta das festividades que já tinham preparadas.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

O que é que não se pode perder, em Guimarães, até ao final do verão? 

Imperdível é, desde logo, o cinema em noites de verão do Cineclube de Guimarães, pela história, pela tradição, e pelo facto de ser uma oferta de Guimarães há mais de 30 anos e que vemos aparecer agora noutras cidades. As sessões decorrerão no Largo do Juncal, às terças, quartas e quintas, entre 09 e 25 de agosto.

Já neste dia 12 de agosto há mais um espetáculo do Excentricidade em Caldelas, no Pavilhão Polidesportivo. Depois, e já completamente integrado no calendário da cidade, e que tem sido um sucesso desde a primeira edição, teremos o Guimarães Clássico, entre 18 e 20 de agosto, organizado pelo quarteto de cordas de Guimarães. E até ao final do mês teremos ainda o Vai m’a Banda que também já é incontornável numa ligação bem conseguida mas inesperada entre o lado tradicional e gastronómico das nossas tascas e a música e talentos emergentes da música alternativa nacional. E, no dia 27, destaco o “Minha Poetry Slam”, um espetáculo no Bairro C.

Depois entraremos em setembro com o Suave Fest, nos dias 02 e 03, organizado pelo Convívio, com o Manta no Centro Cultural de Vila Flor a 09 e 10, em simultâneo a Festa da Juventude em S. Torcato, que já tem a sua expressão, com o aniversário do Vila Flor no dia 17 e, nesse final de semana também, entre 16 e 18, teremos mais uma Green Week.

Até ao final do verão estaremos aqui com grande intensidade, com estes e muitos outros eventos musicais e culturais. Mas Guimarães continuará com muita energia para além deste período, porque haverá sempre muito para ver e fazer nesta cidade e neste território.

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