Foi um dos temas que marcou o período antes da ordem do dia da sessão do Executivo Municipal de Guimarães, que se realizou na manhã desta segunda-feira, dia 16. A coligação PSD-CDS/PP quis saber a posição de Domingos Bragança, quanto à aprovação na Assembleia da República, por parte da bancada socialista, de um projeto de lei apresentado pelo Bloco de Esquerda que visa estudos tendo em vista a viabilidade da ligação ferroviária entre as cidades de Braga e Guimarães.

Depois de Ricardo Araújo, deputado do PSD à Assembleia da República, ter dito aos jornalistas que o voto favorável do PS na Assembleia da República “é grave” porque “compromete” o trabalho feito até aqui, na concretização do metrobus, na reunião de Câmara foi o vereador Bruno Fernandes a questionar o autarca de Guimarães. “Questionámos para saber se o senhor presidente estava de acordo com isto porque, o que está a acontecer, é obrigar o Governo a estudar a solução de ferrovia, diferente da solução aprovada pelo município, já com estudos. Este processo pode sofrer um retrocesso, vai suspender todo o trabalho feito até aqui”, disse.

Na resposta, Domingos Bragança desdramatizou a situação, mantendo a sua posição. “Sempre defendi, baseado em estudos, que se justificava a implementação de metrobus/metro ligeiro de superfície até porque o processo da mobilidade é um compromisso nosso para com a Capital Verde. A Câmara não introduz incertezas, o meu ciclo termina para o ano, mas o ciclo de Guimarães prossegue”, referiu na sessão. E disse mais: “Não discuti essa matéria com o senhor Ricardo Costa, o nosso projeto é este, foi aprovado e não há abrandamento no projeto”.

“Se não falou com o senhor deputado, ele deveria ter falado consigo”, entendeu Bruno Fernandes, adiantando não ter dúvidas de que o projeto de metrobus “vai parar”. “Alguém acredita que vamos ter as duas soluções? O que foi aprovado é lei que obriga a estudar a ferrovia de ligação a Braga”, insistiu.

“Em 2025, os partidos podem expor as suas ideias e podem nem ser iguais à minha”

Mas o presidente da Câmara de Guimarães, afirmando que o seu compromisso é com os vimaranenses. “Eu aqui não represento os socialistas, represento os vimaranenses, não obedeço a instituições partidárias, nunca o fiz e não o vou fazer, defendo a democracia todos os dias. Em 2025, os partidos podem expor as suas ideias e podem nem ser iguais à minha”.

Entende que esse acontecimento “não compromete o metrobus/metro ligeiro de superfície”: “Tivemos o compromisso do Governo anterior, recentemente estive com o senhor ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, que se mostrou aberto e consensual sobre o caminho da mobilidade urbana sustentável”. “Um estudo ferroviário pode remeter para as calendas, para daqui a 30 ou 40 anos, e comprometer a mobilidade urbana sustentável”, disse ainda, garantindo que, depois da aprovação do projeto lei, “não houve comunicação entre autarquia e Governo”.

No final da sessão, à questão se ficou surpreendido com o voto a favor do deputado vimaranense e líder da concelhia rosa, Ricardo Costa, Domingos Bragança respondeu: “Eu não sei, tem de fazer essa pergunta ao senhor deputado Ricardo Costa, que com certeza votou em consonância com o grupo parlamentar do PS e, se calhar, dentro da filosofia, quanto mais melhor, para Guimarães”. Em breve o projeto metrobus/metro ligeiro de superfície será entregue ao Governo

Para a oposição, “é hábito do senhor presidente da Câmara tentar agradar a gregos e a troianos”: “Não teve uma posição porque quis dizer que tem a sua posição, mas que pode haver alguém que queira adicionar outra solução. Temos consciência que isso não é possível, mas podemos andar aqui a fazer de conta que tudo é concretizado. Estamos a discutir uma matéria com tamanha importância e não dá para haver hesitações”.