PÃO E CIRCO

ANTÓNIO ROCHA E COSTA Analista Clínico

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por ANTÓNIO ROCHA E COSTA
Analista Clínico

Será que caminhamos finalmente para a tão propalada “sociedade do lazer”? Eis uma interrogação que faz todo o sentido face ao que temos vindo a presenciar nos últimos tempos.

Com efeito, o desenvolvimento acelerado das tecnologias, que em breve atingirá um dos pontos mais altos, com a massificação da impressora a três dimensões, aumentará drasticamente o exército de desempregados e contribuirá para acentuar ainda mais aquilo que já vem acontecendo há muito tempo: a desvalorização do valor do trabalho.

É óbvio que, com baixos salários, ou sem salário nenhum, não se vislumbra quem irá comprar e consumir os produtos colocados no mercado por obra e graça da tecnologia, uma vez que, que eu saiba, as máquinas, embora possam gerar gastos com a sua manutenção, não compram as mercadorias que produzem.

Ora, esta breve reflexão introdutória remete-nos para um acontecimento que a muitos passou desapercebido e que teve lugar na cidade americana de S. Francisco no ano de 1995 e que se designou como o primeiro “State of the World Forum”. Nele participaram cerca de quinhentas das pessoas mais influentes e poderosas do mundo (entre outros, Bush júnior, Gorbachev, Tatcher, Bill Gates, etc.) para reflectirem sobre o destino a dar num futuro não muito longínquo aos oitenta por cento da população mundial que deixarão de ser necessários para a produção, tornando-se por isso excedentários. Segundo notícias então divulgadas, uma das soluções propostas para resolver o problema das populações “supérfluas”, seria garantir-lhes um rendimento que lhes assegurasse um modus vivendi, que seria um misto de alimento e entretenimento, sendo que assim ficaria garantida de certo modo a chamada “paz social”.

Passados mais de 20 anos, eis que o mundo globalizado já começa a debater-se com a pré-anunciada situação e a solução atrás apontada (que de resto não apresenta qualquer novidade, pois na antiga Roma já se entretinham os súbditos com “pão e circo”) começa entretanto a ganhar forma bem definida. Exemplo elucidativo é o referendo de 5 de Junho de 2016, realizado na Suíça, no qual estava em causa a implementação de um Rendimento Básico Incondicional (R.B.I.). Desta vez votaram a favor 23,1% dos suíços, mas penso que será apenas uma questão de tempo, até que esta proposta venha a ter pernas para andar, não só na Suíça, mas noutras partes do Globo.

Não estando para já garantido o “pão”, o circo é já uma evidência, como o comprovam os espectáculos em curso e os que aí virão, com especial relevância para o Euro 2016 e a Copa América e, a nível mais caseiro, para a Feira Afonsina, que mais uma vez está aí à porta.

De referir, que a moda das feiras medievais de pacote vai grassando por esse país fora, sendo já inúmeras as cidades, aldeias ou lugarejos que a ela aderiram.

Enquanto isto, vamos desviando a nossa atenção dos assuntos incómodos, como são o denominado BREXIT (referendo sobre a possível saída do Reino Unido da União Europeia), o colapso acelerado da Banca portuguesa e, coisa menor, a não aprovação pelo AICEP da instalação de uma empresa multinacional de informática em colaboração com a Universidade do Minho, na zona de Couros, que pelos vistos representaria um investimento de cerca de 10 milhões de euros e a criação de cerca de uma centena de postos de trabalho. Assuntos incómodos, mas que poderão pôr em risco o chamado “pão garantido”.

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