
por Mário Moreira
“Pau de lodo” – Memória de um povo
“Prometes honrar a Confraria Gastronómica da Carne Barrosã – DOP, privilegiando-a, apreciando e divulgando as suas qualidades?”
– “Prometo!”
Passou recentemente o aniversário da entronização como membro confrade na “Confraria da Carne Barrosâ”.
Após as boas vindas, proferidas pelo seu Mestre, decorreu o ritual da benção de investidura, “O Pau de Lodo”. Uma varada nos ombros, tem como supremo objetivo a solene “promessa” pela preservação e divulgação, deste tesouro gastronómico do Gerês, da serra do Larouco, da serra das Alturas e da Cabreira, privilegiando-a e apreciando as suas peculiares qualidades.
Bovinos de puro sangue português, a carne de raça barrosã, de cor rosada, suculenta, muito tenra, deve o seu nome ao planalto do barroso, um dos mais agrestes climas do país. Uma das suas características, distingue-se de todas as outras pela altura da sua cornamenta. Hoje, a sua produção certificada estende-se pela região do Minho.
Neste privilégio ato de investura, entre os presentes, estiveram personalidades, como: D. Ximenes Belo, Luís Portugal (Jafumega), o Embaixador, Sá Machado…
Nesta inesquecível cerimónia, foram distribuidos os símbolos próprios, referências fundamentais, de uma das confrarias mais relevantes do Norte do País: o distintivo, o estandarte, o traje, a vara…
Foi desta extensa região que partiu em meados do século XIX a mais saborosa alcatra da Europa, para Inglaterra…”carne que fez aguar os súbditos das magestades britânicas…”.
A Carne Barrosã é considerada, DOP – Denominação de Origem Protegida. A carne barrosã é fruto de práticas de produção alheias aos termos modernos. Carne Barrosã é vendida com Certificação de Qualidade com a garantia desde o começo da cadeia de produção, ou seja, desde o nascimento com a inscrição no “Livro Genealógico”.
É sabido que há muitos lugares a vender esta preciosidade num jogo de “gato por lebre”. Sempre que surgirem dúvidas é de elementar justiça questinar ou denunciar às autoridades competentes, em caso de fraude.
“Posta Barrosã”
Limpar a alcatra e cortar em postas com 300gr, aproximadamente. Levar ao lume a grelhar. Virar a carne só quando surgirem gotas de sangue. Este processo tem de ser breve e eficaz. Dispor a carne numa travessa, com fundo de azeite, em local quente e salpicar com sal grosso. Efetuar o molho com os sucos da carne na travessa, alhos picados e gotejar com vinagre de vinho. Este molho, pode ser triturado ou não, em conformidade. Regar a carne com este molho. Guarnecer com grelos salteados ou salada de alface e tomate, batatas cozidas ou a murro. Decorar com raminho de alecrim.
Bom apetite.
Um abraço gastronómico.