Pedro Pinto critica gestão municipal: “Guimarães vive de títulos, mas esquece os cidadãos”

O vice-presidente da concelhia do Chega em Guimarães, Pedro Pinto, publicou um artigo de opinião onde acusa a autarquia de privilegiar o marketing político em detrimento das necessidades reais da população.

© Pedro Pinto

Na análise, o dirigente começa por sublinhar que a cidade tem sido frequentemente destacada a nível nacional e europeu, acumulando distinções como “Cidade Verde Europeia 2026” ou “Capital Europeia da Cultura”. Porém, considera que essas conquistas não refletem a experiência quotidiana dos vimaranenses.

“A prioridade, ao que parece, não é nem o cidadão nem o desenvolvimento equilibrado da cidade”, escreve, lembrando que, apesar da imagem de modernidade promovida pela autarquia, Guimarães perdeu habitantes nos últimos 20 anos.

Comparando com concelhos vizinhos, Pedro Pinto realça que “enquanto cidades como Vizela assistem a um crescimento populacional e económico expressivo, Guimarães perdeu habitantes”, situação que associa à falta de oportunidades, de habitação acessível e de qualidade de vida. “Esta sangria demográfica não é apenas um número: é um sintoma de que algo está profundamente desalinhado com a forma como a cidade é governada”, alerta.

A crítica estende-se também ao tecido económico. Apesar de reconhecer a relevância de projetos como o Avepark e os polos tecnológicos, o responsável do Chega considera que estes não têm sido suficientes para fixar jovens qualificados.

“A cidade não conseguiu criar uma economia diversificada que sustente emprego qualificado e evite a fuga de talento. (…) Em vez de se renovar com políticas claras de apoio às pequenas e médias empresas, Guimarães assiste a uma estagnação perigosa”, defende.

No campo da sustentabilidade, o dirigente questiona a distância entre os prémios conquistados e a realidade sentida em muitas freguesias. “Basta sair do centro histórico ou dos bairros reabilitados para o turismo para perceber que a realidade não é tão verde como se pinta”, aponta, enumerando problemas como a ausência universal de saneamento, transportes públicos insuficientes e acessibilidades deficitárias.

Para Pedro Pinto, a estratégia municipal assenta numa “política de espetáculo”, mais preocupada em “colecionar prémios e organizar eventos de prestígio” do que em implementar medidas concretas para melhorar a vida dos cidadãos.

“A imagem de cidade do futuro contrasta com a experiência do dia a dia de quem vive, trabalha e tenta criar família em Guimarães. A prioridade parece ser a fotografia para a imprensa e não o bem-estar real da comunidade”, reforça.

Apesar das críticas, o dirigente sublinha o potencial do concelho, lembrando o valor da sua história, cultura e capital humano. Contudo, considera que esse potencial não está a ser devidamente aproveitado.

“Guimarães tem todas as condições para se afirmar como cidade de referência. Mas o potencial esvai-se quando a governação esquece quem deveria estar no centro de tudo: o cidadão”, afirma, concluindo que é urgente recentrar a política local “criando oportunidades, reforçando serviços públicos e garantindo qualidade de vida”.

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