PELA CIDADE

WLADIMIR BRITO Professor de Direito na Universidade do Minho

Wladimir Brito

por WLADIMIR BRITO
Professor de Direito na Universidade do Minho

1. No decurso da campanha eleitoral, por imperativo ético suspendi a publicação de artigos por entender que seria eticamente incorrecto continuar a utilizar este jornal para veicular as minhas opiniões.

Assim, começo por felicitar todos os candidatos aos vários órgãos do poder local e todos aqueles e aquelas que colaboraram na campanha eleitoral, por revelarem um elevado sentido cívico e político que só contribui para o reforço da democracia local.

2. Posto isto, não posso deixar de lamentar a conduta adoptado pelo Dr. Domingos Bragança, candidato do PS à Câmara Municipal, no decurso da campanha quando, no debate no JN, respondendo a uma pergunta minha sobre o sentido do parecer do ICOMOS relativo à construção na Caldeirôa do tão publicitado parque de estacionamento, num intolerável jogo de palavras, escondeu intencionalmente que tinha sido negativo, ocultando assim, consciente e deliberadamente, dos cidadãos uma informação de grande relevo para a sua campanha e para os vimaranenses, dado que a construção do parque era uma questão central da sua campanha e para o interesse público.

O que está aqui em causa não é saber se, revelando o parecer negativo, o Dr Bragança deixaria de ganhar as eleições, mas sim o cumprimento do dever de verdade e de transparência que deve presidir às nossas condutas em todas as circunstâncias, mesmo no decurso de uma campanha eleitoral. Condutas intencional e voluntariamente opacas só contribuem para enganar os cidadãos eleitores, desacreditar os políticos e o processo eleitoral, aumentar o desinteresse pela participação nesse processo e pelo exercício do direito-dever de votar.

Há linhas vermelhas que não devem ser ultrapassadas, por respeito pelo imperativo ético da verdade e da transparência que deve prevalecer sobre vantagens pessoais ou grupais. É preciso perder o medo da verdade e da transparência, em especial quando nos propomos dirigir os destinos de um Município. Foi isso que o Dr. Bragança não fez, optando neste caso pela intencional e voluntária ocultação um facto que sabia ser do interesse público. Teve medo da verdade, teve medo da transparência e, por isso, violou intencionalmente e o seu dever de verdade e de transparência. É lamentável.

3. Mas, mais grave ainda é que, com justificações variadas, o agora Presidente da Câmara Municipal continua a ocultar o parecer, mesmo sabendo que se trata de um documento que deve ser disponibilizado a quem tenha interesse em consultá-lo. Foi preciso recorrer ao CADA para obrigar a CMG a entregar esse documento, o que, mesmo assim, não aconteceu até agora.

O que faz o Dr. Bragança esconder tal documento? Será que a construção do parque poderá contribuir para impedir, por culpa exclusiva do Dr. Bragança, a candidatura de Couros a património mundial?

Assim se atropela a transparência na Administração pública pela qual sempre lutei como cidadão e como candidato. Este caso lamentável permite compreender por que razão defendi com tanta convicção a necessidade de uma Administração municipal transparente. É que a Administração opaca dificulta  o exercício do dever de fiscalizar as práticas administrativas e contribui para práticas socialmente censuráveis e lesivas do interesse público. 

 

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