PELA CIDADE
WLADIMIR BRITO Professor de Direito na Universidade do Minho
por WLADIMIR BRITO
Professor de Direito na Universidade do Minho
- No início de um novo ano civil parece-me interessante falar de acontecimentos que pela projecção dos seus efeitos em 2018, irão afectar o concelho positiva ou negativamente.
- Desde logo, a nova composição do Executivo Municipal, que é uma das mais relevantes singularidades políticas local, por marcar a transição de um Executivo pluripartidário para um Executivo bipartidário, PS e PSD, o que acontece pela primeira vez na história política do nosso concelho. É neste quadro que o jogo das forças políticas locais terá de ser feito dentro e fora do Executivo, tanto mais que na Assembleia Municipal estão representados todos os partidos que concorreram às eleições de 2017.
Dentro do Executivo, o PS maioritário irá impor as sua opções políticas por mais levianas que sejam, pois é assim que esse partido age quando tem maioria; a Coligação, se se quiser afirmar, terá de projectar a sua oposição dentro Executivo para fora dele e, desde logo, na Assembleia Municipal, onde terá de fazer passar a sua mensagem crítica sobre as medidas e os abusos do Executivo.
Por outro lado, fora das instituições formais, o PSD e a sua coligação – pese embora irrelevância do CDS local – terão de encontrar estratégias de acção política que amplie, credibilize e torne socialmente eficaz a sua oposição no seio dos órgãos municipais. Com efeito, a Coligação não pode continuar a ver o debate na Câmara como se de uma tarefa burocrática se tratasse; o debate é político e as posições nele assumidas, pelo menos sobre os temas mais relevantes para o destino do concelho, devem ser publicamente reveladas e, se necessário, devem ser objecto de debate público.
- Por seu lado, os partidos sem representação no Executivo, mas com representação na Assembleia Municipal – CDU e BE –, terão também agir dentro e fora desse órgão, revelando conhecimento dos temas a discutir, formular com clareza e elegância as suas críticas às opções políticas da maioria dominante e apresentar as suas propostas, através de um discurso credível e legitimador, que demonstre a relevância social e política das opções ofereci-das.
Para tanto, basta-lhes lançar mão das propostas feitas nos seus programas eleitorais, oferecer novas alternativas, demonstrando que são exequíveis desde que haja vontade política, e não permitir que o PS se aproprie das suas propostas, denunciando publicamente qualquer tentativa de apropriação.
Para além disso, não podem descurar a tramitação dos licenciamentos e dos concursos públicos para obras ou para prestação de serviços e devem olhar com atenção as entidades que, recorrentemente, ganham esses concursos.
- Vai ser interessante acompanhar a “guerra” entre facções internas do PS, lideradas respectivamente pelo Domingos Bragança e pelo Luís Soares, apoiado por António Magalhães, que levou já ao sacrifício de Costa e Silva. Ajuste de contas ou conquista do poder pelas “Taipas”, apoiada por Moreira de Cónegos? Uma novela política a seguir, pelos seus efeitos futuros na política local. Luís Soares preparou a sua eleição para a liderança do PS, oferecendo a D. Bragança a vitória eleitoral. Estratégia correcta para um negócio justo?
- Termino sugerindo aos partidos da oposição a organização de um debate público sobre as “Empresas municipais e a sua gestão pela ‘família’ PS”.
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