PELA CIDADE
Por Wladimir Brito
por WLADIMIR BRITO
Professor de Direito na Universidade do Minho
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1. Li há dias um texto que em que se afirma que os pombos, através de suas fezes, podem transmitir diversas doenças ao homem e que nos informa sobre as medidas que devem ser tomadas para se evitar essa transmissão, tais como: eliminar os ninhos e os ovos, não varrer as fezes, mas humedece-las e depois lavar o local onde se depositam, não alimentar os pombos, manter o lixo bem fechado, colocar grampos ou objectos que os impeça de pousar e tapar os buracos nas paredes para neles não fazerem ninho.
Vem isso a propósito do perigo para a saúde pública que representa o aumento exponencial da população de pombos em quase todas as cidades europeias que vou conhecendo. Na nossa cidade, invadem e ocupam vários locais, onde fazem ninho e pernoitam e aliviam os intestinos, expelindo enormes quantidades de fezes para as paredes, o chão e, por vezes, para as nossas cabeças ou roupas. A limpeza dessas fezes, feita pelos serviços camarários ou contratados pela Câmara, é deficiente por se limitar a uma superficial lavagem com jactos de água, sem recolha posterior das fezes, que, por isso, ficam espalhadas pelos passeios e ruas. A saúde pública reclama a tomada urgente de medidas para combater esse flagelo.
2. Após as eleições surge uma nova configuração do Parlamento, onde uma direita radical passa a ter voz, o PS e o PSD tiveram os resultados esperados e o PCP e o CDS tiveram uma séria derrota eleitoral.
No decurso da campanha eleitoral António Costa ofereceu ao PCP o mais envenenado dos presentes quando o elogiou dizendo que é um partido previsível – logo, sem rasgo inovador – que causa poucas, mas previsíveis, perturbações ao PS e ao sistema político. Mais veneno numa única dose não podia ser ministrado. Esse presente, ligado aos efeitos da geringonça no seio do PCP, gerou uma crise interna que, por mais pequena que seja, num partido como o PCP perturba seriamente a nomenclatura, que, no seu discurso para o exterior, recusa sempre a aceitar a sua existência.
Sob o ponto de vista externo, temos de assinalar o lamentável discurso de Jerónimo de Sousa sobre a greve dos camionistas dos transportes de matérias perigosas – já não se pode controlar tudo, caro Jerónimo – e uma campanha eleitoral dominada por uma comunicação – discurso e imagens – sem rasgo de criatividade, ancorados em estereótipos que perderam validade no mundo actual e a perda de votos (uma parte deslocou-se, imagine-se!, para a extrema direita), em áreas onde o eleitorado lhe era “fiel”. Foram, entre outros, estes factores que contribuíram para o resultado eleitoral obtido pelo PCP.
Olhando para o panorama europeu, verificamos que os tradicionais Partidos Comunistas desapareceram nalguns países, enquanto noutros definham, por se revelarem incapazes de se adaptar ao novo mundo da inovação, aos novos mode-los de organização do trabalho, às causas transversais e globais, à geometria sempre variável e aos novos modelos de organização e de direcção das lutas cívicas e políticas, à necessidade de um novo discurso político adaptado às exigências desse novo mundo de causas e de interesses transversais e globais, em que a situação de classe não corresponde, na maior parte das vezes, à posição de classe e em que se reclama novos modelos de participação e de “alianças” sociais e políticas.
O que nos preocupa é saber que por cada PC que desaparece ou definha nasce um movimento e/ou um partido da extrema direita.
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