PERDIDO POR UM CENTENO, PERDIDO POR MIL

José da Rocha e Costa Gestor de empresas

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por José da Rocha e Costa

Gestor de empresas

A velocidade alucinante a que as coisas mudam hoje em dia é um paradigma com o qual nos habituámos a viver. É por isso natural que já ninguém estranhe a facilidade com que se fazem heróis e vilões do dia para a noite e se mudam opiniões com o estalar de um dedo, ou melhor dizendo, com o estalar de uma nova polémica. No fundo, a opinião publica vive com sede de ter de que falar. De ter algum assunto para pôr a seguir ao tradicional “vai-se andando”, típico daquelas conversas de circunstância das quais tentarei exemplificar:

-Então Sr. Antunes? Como vai isso?

– Vai-se andando.

– Tem que ser, não é?

-É. Pois é. Tá difícil a vida. Os salários sempre na mesma e os políticos não querem saber da gente.

– Eles é que a levam,essa é que essa. Já viu aquilo do Centeno? A ajudar o filho do Vieira lá com aquilo do IMI só para ganhar uns bilhetes para ir à bola.

Acho que posso interromper o meu vulgar exemplo, pois o caro leitor além de não andar a dormir, provavelmente já teve esta conversa com vários “Antunes” desta vida e deve fazer uma vaga ideia do que se segue.

No último artigo de opinião que escrevi para este periódico, lembro-me de ter falado sobre a comunicação social como um meio promotor de espectáculo ao invés de informação. Não quero maçar o caríssimo leitor, e por isso não vou bater na mesma tecla. Mas vou bater na tecla seguinte. Sabendo então que a função dos meios de comunicação tem vindo a ser deturpada e que cada vez mais, não podemos acreditar em tudo o que lemos nos jornais ou vemos na televisão, por que carga de água é que o Ministério Público promove uma busca ao Ministério das Finanças com base numa dúvida levantada por um jornal, sem base factual nenhuma e sem o mínimo conhecimento de quais são as um Ministro das Finanças? Das duas uma: ou os membros do ministério público querem eles também fazer parte do espectáculo, ou então fazem parte dos tais “Antunes” da vida e deixam vir ao de cima a sua costela de justiceiro de café, deixando cair pelo caminho aquela que deveria ser a essência do seu trabalho: a isenção e o dever de investigar sim, mas baseado em suspeitas plausíveis.

Acho que estamos a cair no ridículo. Como se a justiça portuguesa precisasse de mais “casos” para a descredibilizar ainda mais. No meio desta trapalhada toda, o Partido Popular Europeu (PPE) chegou a pedir um debate para discutir as “alegações” contra Mário Centeno, pedido esse que acabou por ser retirado uma vez que incidia em suspeitas que, como estou a tentar explanar desde o início deste modesto texto, não fazem sentido nenhum. Mas imaginemos que o Ministério Público tinha sido menos célere a arquivar este inquérito, e que o debate do parlamento Europeu tinha mesmo acontecido. Se tal se tivesse verificado, o futuro de Centeno como Presidente do Eurogrupo poderia mesmo vir a ficar comprometido.

Resumindo e concluindo, um indivíduo escreve umas coisas num jornal, que nem sequer fazem grande sentido, e numa catadupa de reacções desproporcionadas e algumas imbecis mesmo, o Presidente do Eurogrupo ia “indo à vida”. Tenho em crer que isso não beneficiaria o país em nada, é que Centeno apesar do ar meio rústico, parece-me um homem competente.

De resto, pelo que tenho lido, esta é também a opinião de grande parte dos analistas políticos. Folgo em saber que o bom senso ainda impera, no entanto, li também que apesar de isto ser um “não caso”, o Ministro não se devia ter “posto a jeito” e, que daqui em diante, devia evitar fazer este tipo de pedidos. Eu discordo completamente. Se o Ministro nada fez de errado, então tem mais é que continuar a agir naturalmente. A primeira coisa que eu faria se fosse Mário Centeno? Sei lá. Isto de discutir política é extenuante. Vou mas é ver se alguém me arranja aí dois bilhetes para ir à bola?

 

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