Acusando o Partido Socialista de fazer com que Guimarães tenha perdido importância regional nos últimos 10 anos, que coincidem com os mandatos de Domingos Bragança como presidente da Câmara Municipal, o presidente da concelhia social democrata, em Conferência de Imprensa na manhã desta segunda-feira, dia 11 de setembro, lembrou que Domingos Bragança afastou o anterior responsável pelo Desenvolvimento Económico do município – Ricardo Costa – assumindo essa pasta em 2021, mas “não se notaram diferenças” nos últimos dois anos.

Ladeado por alguns membros do PSD, gestores e empresários, nomeadamente Ricardo Lobo, Rui Armindo Freitas, Eduardo Leite e Ricardo Machado, que “contribuíram para a elaboração de um plano de ação” que quer dinamizar o município em termos económicos, Ricardo Araújo, também vereador na câmara municipal, defendeu que o município “deve ter um papel importante e ativo na transição e promoção do desenvolvimento económico de Guimarães”.

Na Conferência de Imprensa realizada na sede do partido, no Largo do Toural, o autarca ressalvou que Guimarães tem que ser “transformado num concelho atrativo para as empresas, que aposta no desenvolvimento económico para criar mais empregos qualificados e para elevar a remuneração média dos vimaranenses, melhorando a sua qualidade de vida, atraindo e fixando talento”.

Por isso, o PSD de Guimarães vai dedicar o próximo trimestre à Economia, Empresas e Inovação. “Ao longo dos próximos meses vamos visitar empresas, reunir com empresários, trabalhadores, associações e sindicatos do setor, entidades de ensino e formação, centros de investigação. Queremos discutir e analisar com eles estas preocupações, mas principalmente construir em conjunto estas e outras soluções para o futuro de Guimarães, disse o líder laranja.

Ricardo Araújo considerou que, a nível económico, Guimarães não evoluiu na última década, apontando o dedo à Câmara Municipal, e lembrando que, a nível nacional, Guimarães foi onde o desemprego mais cresceu desde julho do ano passado, face ao mesmo mês de 2023.

Acusou ainda a Câmara Municipal de deixar que Guimarães tenha sido ultrapassado, em termos de preponderância regional, pelos municípios vizinhos, nomeadamente Famalicão e Braga, quer no dinamismo económico, quer no rendimento per capita. Ricardo Araújo apontou, perante este cenário, que em Guimarães, “as famílias têm menos rendimentos e as empresas querem sair do concelho”, lembrando o caso recente da AMF Shoes, que queria construir novas instalações no concelho e que, por dificuldades em encontrar terrenos apropriados, foi investir noutros municípios.

Ricardo Araújo alertou da importância da criação, “com urgência”, de uma “entidade dotada dos recursos técnicos e humanos especializados, que inclua um gabinete de apoio ao empresário e permita uma relação direta, rápida e flexível entre a autarquia e o mundo empresarial”.

O PSD defendeu a elaboração de um Plano Estratégico para o Desenvolvimento Económico, dividido em dez eixos essenciais e dez objetivos complementares. Entre as medidas, o partido pretende que o município adote procedimentos que visem apoiar as empresas implantadas já na cidade, nomeadamente nos setores mais tradicionais, “que estão a passar por um período de maior dificuldade”, a diversificação da economia local, e a colocação de Guimarães no radar nacional e internacional de investimentos.

Neste ponto, Ricardo Araújo nomeou também algumas empresas que, nos últimos meses se instalaram nos concelhos de Santo Tirso e Braga, “multinacionais que procuram trabalhadores qualificados”, referiu.

O PSD pretende alterar o paradigma do turismo em Guimarães, com vista a aumentar, sobretudo, o tempo de permanência dos visitantes na cidade, o desenvolvimento da atividade agrícola e a criação de condições de contexto que favoreçam o comércio. O PSD quer medidas que promovam a inovação e o empreendedorismo, e que facilitem a transferência de conhecimento científico.

Na sua longa intervenção, Ricardo Araújo criticou ainda a política de impostos seguida pelo município vimaranense. O líder concelhio dos sociais democratas quer ver implementadas políticas fiscais mais atrativas para os empresários e a instalação de empresas no concelho. A eliminação da derrama para empresas com faturação até 150 mil euros é uma das medidas concretas apresentadas por Ricardo Araújo. O vereador, que acusa o município de não baixar impostos, nomeadamente o IRS para os particulares, quando Guimarães “tem a taxa mais alta entre os municípios da região”, e quando “arrecadou uma receita de impostos superior ao que tinha orçamentado para 2022”.

O PSD considera ainda importante modernizar a “máquina de administração autárquica”, os serviços que Guimarães disponibiliza, melhorando as “tecnologias nos serviços públicos municipais, assim como na mobilidade, no ambiente, na energia ou na gestão da água.

Por fim, de forma a diminuir os impactos da subida do desemprego nos setores tradicionais, com ênfase no setor do têxtil e vestuário, Ricardo Araújo exige medidas imediatas para proteger as empresas e os trabalhadores.

Com o crescente aumento do desemprego, o autarca quer ver garantido “um acesso rápido e eficaz aos mecanismos de apoio do IEFP e Segurança Social, assegurando capacidade e qualidade de resposta destes organismos públicos”, bem como o apoio à prestação bancária e ao arrendamento e o suporto de parte dos salários dos trabalhadores parados em resultado do despedimento ou lay-off.

Lançou ainda o repto a Domingos Bragança para que, junto do Governo, procure a implementação urgente de “medidas de apoio às empresas de setores em maior dificuldade”, mas sobretudo, aos trabalhadores e suas famílias.