Quando a competição é o ingrediente principal

Atletas de alta competição pousaram as luvas, as raquetes, afastaram-se dos campos e dos ringues e treino passou a ser sinónimo de novas tecnologias em casa.

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Atletas de alta competição pousaram as luvas, as raquetes, afastaram-se dos campos e dos ringues e treino passou a ser sinónimo de novas tecnologias em casa.

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João Sousa viajava e competia quase todas as semanas e, por isso, “ter estado mais de dois meses em casa foi uma situação inédita”. Sem o treinador por perto, teve a ajuda do pai no campo de ténis. “Tenho essa felicidade e facilidade e, portanto, acabei por fazer o meu trabalho tanto físico como de campo”, explica.

Estar em casa foi uma experiência que já não vivia “há muitos anos”. A temporada antes do confinamento de março, disse o tenista vimaranense, “não estava a correr muito bem”, o que fez com que o isolamento fosse bom a nível psicológico. “Foi bom para desconectar um bocadinho, desfrutar um bocadinho mais da família, da minha namorada, e estar mais tranquilo.” Já a nível físico, foi um tempo que usou para ficar “em forma e para trabalhar alguns aspetos físicos que gostaria de trabalhar”, garante.

O vimaranense está agora em Espanha, o confinamento apanhou-o no circuito e a competir, mas não esconde que esta situação “atrasou os objetivos. Uma coisa é treinar e trabalhar e outra coisa é competir. Nós, jogadores de alta competição, precisamos da competição, é o nosso ingrediente.” 

“Senti que nos cortaram as asas”

© Joana Meneses/Mais Guimarães

O mês de março de 2020 trouxe Francisca Jorge de volta a Guimarães e uma mudança de hábitos. Apesar de tudo, conta que “vir a casa sabe sempre bem”. No meio de jogos e treinos, são raras as vezes que consegue voltar e estar com a família. Neste momento, “dentro do azar”, está a conseguir “ter sorte”. A tenista vimaranense tem tido oportunidade de viajar e competir. 

A pandemia afetou os atletas física e psicologicamente. A tenista não hesita e diz “mentalmente, claro!” Sente que cresceu e que estar em casa lhe deu motivação para estar em Lisboa a treinar ainda com mais vontade. Contudo, Francisca acredita que “saímos mais fortes” desta situação, mesmo que isto signifique que alguns objetivos foram adiados. “Senti que nos tinham cortado as asas.” A motivação não esteve sempre no auge, mas nunca deixou de estar ciente dos seus objetivos, garantiu. Quando a mandaram para casa “alguns objetivos foram reformulados, outros mantiveram-se, porque eram objetivos mais atingíveis”, explicou.

A atleta vimaranense quer chegar ao “top 250, acho que é um objetivo ambicioso, é difícil, não é impossível. Penso que é atingível se eu acreditar que sou capaz”.

A incerteza na luta pelos Jogos Olímpicos

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Rui Bragança foi o primeiro atleta português a vencer um combate de taekwondo nos Jogos Olímpicos. O país fechar em ano de Jogos “foi estranho”. Pouco ou nada se sabia, “quando é que iam ser, quando é que iam deixar de ser”. O pré-olímpico estava marcado para abril de 2020, o que gerou “algum stress e ansiedade”.

Tal como Francisca Jorge, o vimaranense Rui Bragança foi rápido na resposta quando questionado sobre o impacto a nível físico e psicológico da pandemia. “Foi muito tempo, muita coisa que mudou de um momento para o outro.” Contudo, este segundo confinamento, já era esperado, “já estava toda a gente minimamente preparada”. O trabalho com a psicóloga nunca parou. “Se um atleta não estiver bem psicologicamente também não vai conseguir estar bem fisicamente. Infelizmente a parte psicológica é deixada muito ao acaso.”

A pandemia atrasou sonhos e objetivos futuros. “A partir do momento que os Jogos Olímpicos foram atrasados um ano, já foram as coisas adiadas. Em relação ao resto, será uma questão de tempo”, desabafa. Rui Bragança está a trabalhar para um pré-olímpico que ia ser em janeiro e passou para maio. Garante que estão “a apontar as armas todas para lá”, mas estão “preparados para caso alguma coisa mude.”

“A esperança de um regresso rápido

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“Foi muito doloroso ver tudo isto parar” e ver um trabalho que estava a crescer, quer na formação, quer na competição, a mudar, garantem Ulisses Dias e João Castro, professores responsáveis pelo Jiu-Jitsu no Vitória.

A pandemia “veio alterar tudo o que se tinha já programado” e os objetivos eram muitos “a nível interno e a nível internacional”, confirmou Ulisses Dias. Iam marcar presença, com alguns atletas, no Mundial, nos nacionais, no Europeu de adultos e de crianças.

Os treinos foram, obrigatoriamente, diferentes. Uma paragem total durante os primeiros meses levou “a uma grande desmotivação e tristeza por parte de todos”. Os professores tiveram de arranjar soluções e adaptar a modalidade à realidade que vivemos. Aulas online para os mais pequenos e um grupo onde discutem regras da modalidade “para melhor interpretação a nível de competição”, foram algumas das iniciativas levadas a cabo.

A chave parece ser certa: “levantar a cabeça e olhar bem lá na frente com a esperança de um regresso rápido à normalidade. A força e dedicação para voltar a levantar esta arte, esta modalidade, cabe a nós, professores, não fossemos nós filhos do Berço, terra de Conquistadores.”

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