Recordar… o Vitória #49

Por Vasco André Rodrigues.

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Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Dizem muitos que terá sido o jogador que saiu dos escalões de formação vitorianos, com maior dose de talento: Pedro Miguel da Silva Mendes.

Nascido na vila de Moreira de Cónegos, cedo mostraria as capacidades que o haveriam de distinguir dos demais: inteligência acima da média que lhe permitia uma leitura de jogo superlativa, uma capacidade de passe só comparável aos melhores e muita vontade em evoluir, aprender!

Por essa razão, passaria com distinção todos as categorias de base do Vitória, até chegar ao sonho que qualquer atleta que enverga as cores do Rei, na formação, anseia; chegar à equipa sénior.

Consegui-lo-ia na temporada de 1999/2000, depois de um ano de tirocínio no Felgueiras, onde, em conjunto com outros jovens como Fernando Meira, Selmir, Lixa e sob o comando de Diamantino Miranda, praticaramo melhor futebol daquela época na Liga de Honra. Não seria o suficiente para o emblema duriense regressar à Primeira Liga, mas seria o bastante para Pedro Mendes, Fernando Meira e Lixa regressarem ao Vitória sob o comando de Quinito.

Seria, pois, com o velho mestre Quinas que se estrearia na equipa principal do Rei. Aconteceria, logo, na primeira jornada da época, em Setúbal, frente ao homónimo sadino, onde durante 76 minutos, Pedro pintou a manta. Pegou na batuta e foi o maestro de acordes de melodia futebolística de encantar, apesar do empate a um não ser lisonjeiro para tanta qualidade! O primeiro golo, esse, não demoraria e surgiria num lugar especial: no antigo Primeiro de Maio, casa do eterno e figadal rival, onde a jovem equipa vitoriana, comandada por um imprevisível e meteórico Lixa, em 45 minutos arruinou qualquer veleidade ao adversário.

Porém, essa seria uma época de aprendizagem. Pedro Mendes não seria muito utilizado, algo que voltou a suceder na temporada seguinte, ano em que, fruto dos maus resultados, os Branquinhos contaram com três treinadores: Paulo Autuori, responsável pela construção do plantel baseado em inúmeros jogadores brasileiros, Álvaro Magalhães e Augusto Inácio.

Seria este que salvaria o Vitória da descida e, posteriormente, “pai” de uma das mais belas equipas da história recente do clube.

Demoraria mais uma época… o Vitória, com Pedro Mendes já com papel preponderante, ainda haveria de ficar pelo meio da tabela.

Porém, no final desse exercício, contrariamente ao que era habitual, Pimenta Machado acreditou nas potencialidades do seu treinador. Deu-lhe carta branca. Augusto Inácio mereceu toda a confiança!

A actuar em Felgueiras (sempre Felgueiras na história do talentoso médio), o Vitória terá escrito das mais belas partituras do futebol português nos últimos 20 anos. Alicerçado num original 3-5-2, sem avançados fixos, onde qualquer um podia aparecer em zona de finalização, tal era, tão somente, a consequência de um futebol rendilhado, de toca e foge, de progressão contínua e de todos os elementos em movimento. A comandar as operações, na sala das máquinas, Pedro Mendes que, ainda, arranjava tempo e espaço para aparecer na área a concluir, ou, simplesmente, a colocar a bola com açúcar à disposição de Romeu, Guga, ou do seu grande amigo Nuno Assis.

Seriam 6 os golos que apontaria nessa temporada, alguns de compêndio como os apontados em casa e fora ao Boavista. Aliás, o tento do meio campo que logrou no Bessa, apesar da derrota vitoriana por três bolas a uma, terá sido um dos mais belos dessa liga …. e o último que haveria de apontar com a camisola do Vitória!

Como resultado do seu talento seria desejado, cobiçado…. Mourinho conquistá-lo-ia, levando-o para o Porto. Nos Dragões, ainda que perdesse alguma influência, tocaria o mundo, o céu…conquistaria o que qualquer jogador deseja… títulos! Seria campeão nacional, mas acima de tudo campeão europeu, em Gelsenkirchen, frente ao Monaco, partida que jogou na sua totalidade.

Imediatamente, abraçaria outro desafio… a glamourosa Premier League esperava-o! Primeiro no Tottenham, longe do fulgor da actualidade, mas a querer crescer. Com o francês Jacques Santini, seria líder do meio campo, conseguindo actuar em 30 desafios e apontar o seu primeiro golo na Premier League, frente ao Everton, num êxito por cinco bolas a duas.

Perderia influência e seria vendido ao Portsmouth, onde em três temporadas reassumiria o papel de maestro. Em Fratton Park, hoje o seu nome, ainda, é recordado pela excelência da sua visão de jogo, pelos seus passes teleguiados, pela sua liderança na vitória na Taça de Inglaterra em 2008, frente ao Cardiff, festejada com o cachecol do Vitória em riste!
O próximo passo na carreira seria o Glasgow Rangers, na vizinha Escócia, na época de 2008/09, que seria a última em que a sua condição física não o atormentaria. A partir daí, inúmeros problemas físicos haveriam de ensombrar a sua carreira.

Porém, ainda regressaria a Portugal, ao Sporting, para em duas épocas, tentar lutar contra si… contra a sua condição física. Não seria capaz de manter uma série de jogos consecutiva, ainda que sempre parecesse possível driblar os engulhos físicos.

Até que chegou a temporada de despedida… onde tudo começara! No Vitória! Acolhido como um deus! A jogar com a camisola número 5! Porém, os espinhos seriam mais do que as rosas! Os problemas físicos aliados à instabilidade económica, financeira e desportiva que o clube vivia terão tornado o regresso bem mais difícil do que esperava! Aliás, o seu último jogo como profissional e, concomitantemente, de Rei ao Peito ocorreria à 28º jornada, dessa temporada de 2011/12, em Barcelos, frente ao Gil Vicente. O Vitória haveria de ser derrotado por três bolas a uma, e o maestro calçaria pela última vez as botas.

Depois desta lesão decidiu… chegara o fim do futebol nos relvados!
Aos 32 anos, mas com a certeza de ter chegado longe: a internacional A, a campeão europeu, à Premier League. mas, acima de tudo, ao coração dos vitorianos.

Agora continua a viver o futebol, mas nos escritórios das negociações de atletas com os seus amigos Fernando Meira e Nuno Assis… mudam-se os tempos, mantem-se a paixão pelo desporto-rei.

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