Recordar… o Vitória #53

Por Vasco André Rodrigues.

riva

Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Chaves foi, por várias vezes, um dos pontos de abastecimento do Vitória. Assim, de Aqua Flaviae, entre outros, chegaram nomes como Toñito, o malogrado Carlos Alvarez, o inolvidável Geromel ou Riva.

Falemos deste último!

Um extremo mais veloz do que a própria sombra, numa definição que, para além do cowboy Lucky Luke, poderia assentar como uma luva a este brasileiro natural de Itabira, no estado de Minas Gerais.

Porém, antes de chegar ao Vitória, o “Bip Bip”, tal a velocidade, o frenesi, a capacidade de vir acima e abaixo sem parar na ala que aplicava, haveria de lutar para se afirmar.

Depois da primeira experiência no nosso país em Paços de Ferreira, voltaria à sua terra natal. Porém, deixara marcas no futebol português, a ponto de ser lembrado em Chaves, necessitado de um extremo acutilante e capaz de meter em respeito o lateral adversário.

Apesar da temporada colectivamente ter sido sofrível, com os flavienses a terem 3 treinadores e a salvarem-se por um ponto da despromoção, Riva daria nas vistas, a ponto de clubes com maiores pretensões desejarem apostar nos seus préstimos para um bom desempenho na temporada de 1996/97. O brasileiro decidiria pelo Vitória, por essa altura, sob o comando de Jaime Pacheco e seria pedra fundamental numa época que teve o seu ponto alto naquela inesquecível eliminatória vencida perante o Parma. Porém, antes disso, logo à primeira jornada do campeonato, frente ao Gil Vicente, marcaria o primeiro golo vitoriano desse ano, numa estreia, certamente, inolvidável para o veloz jogador.

Voltemos aquela noite quente, escaldante, frente ao Parma, no D. Afonso Henriques. Aí o brasileiro foi inebriante, imparável, capaz de atormentar o juízo aos laterais italianos, aturdidos pela intensidade, como agora se apraz dizer, do jogador. Um tornado eléctrico que ajudou a um dos maiores êxitos da história europeia do nosso Vitória.

A época continuaria dentro da regularidade. Riva era aquele jogador capaz de jogar sempre a um ritmo elevado, com uma aplicação tão do agrado de Jaime Pacheco. Ainda que não tivesse golo na ponta das botas (para além do mencionado ao Gil, só apontaria mais um), as suas assistências eram sempre um ponto de referência para Gilmar, o avançado marcante destes anos.

Contudo, durante as quatro épocas de Rei ao peito haveria sempre de aumentar os seus registos goleadores, chegando ao ponto de, na última temporada, apontar 9 tentos.

Porém, antes disso, haveria de viver outros momentos marcantes.

Falemos, por exemplo, do golo marcado ao Boavista, em pleno Bessa, que valeu, aos, já na altura, comandados por Quinito bater uns axadrezados que estreavam…Jaime Pacheco, que houvera sido despedido dos branquinhos! Riva saira do banco e resolveu…aliás, muitas vezes foi utilizado como arma secreta, saída do banco, capaz de desbloquear as equações mais intrincadas, de resolver os problemas mais intrincados.

Quando começava a titular, procurava deixar o seu sinal…como sucedeu naquela noite de 13 de Fevereiro de 1999, dia em que os Branquinhos subjugaram o FC Porto e Riva abriu o activo, com assinalável frieza, perante Vítor Baía.

Porém, a época acabaria naquele doloroso balde de água fria de Alverca, para, posteriormente, Riva começar a sua última temporada de branco. Seria a mais produtiva em termos de golos e a única em que conseguiria apontar dois tentos num jogo, numa goleada frente ao homónimo sadino por quatro bolas a zero. Era um dos mananciais de experiência de uma equipa rejuvenescida pelo mestre Quinito e que, fruto dessa juventude, haveria de cair a pique a partir de Fevereiro e da saída de Fernando Meira para o Benfica.

O herói destas linhas, esse, continuaria a remar contra a maré…a tentar manter a equipa à tona. Não o conseguiria, porém, em fim de contrato, haveria de marcar o último golo dessa época plena de desilusões, na derrota por três bolas a duas,nos Açores, frente ao Santa Clara.

Sem proposta para permanecer onde Portugal nasceu, rumaria com o seu compatriota, Edmilson (outro nome marcante destas temporadas vitorianas) ao eterno e figadal rival.

Contudo, tal seria uma curva na carreira…ainda hoje segue o Vitória e manifesta, quando instado a tal, o seu carinho pelo clube do Rei…o nosso clube!

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