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Recordar… o Vitória #63

Por Vasco André Rodrigues.

Recordar-o-Vitória

Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Depois da partida de António Pimenta Machado, o universo vitoriano mobilizou-se para um acto eleitoral.

Estávamos em 2004, e para esse acto de escolha apareceram dois candidatos: Manuel Almeida, que já houvera sido vice-presidente do Vitória, e Vítor Magalhães, por esses dias em estado de graça com o trabalho que houvera desenvolvido em Moreira de Cónegos, onde catapultou o Moreirense do terceiro escalão nacional até à primeira metade da tabela da primeira Liga.

Venceria este último, com quase 85% dos votos, o que consistiu uma nuvem de esperança no futebol vitoriano. Eram ventos de mudança, de esperança num futuro de evolução e de crescimento, de um Vitória mais voltado para os resultados desportivos do que para as infra-estruturas… a esperança de novos tempos!

Logo no início da sua primeira temporada, a sua primeira grande aposta. Falamos da contratação do treinador Manuel Machado, que tanto sucesso houvera tido consigo em Moreira de Cónegos. Era a garantia de um técnico como extensão do presidente no banco de suplentes, a certeza de uma estrutura capaz de se entender a uma só voz!

E seria assim, efectivamente, nos primeiros tempos. Apesar dos resultados titubeantes do início da temporada, algo normal com o técnico Manuel Machado, a verdade é que a harmonia reinava em Guimarães. O presidente demonstrava uma ambição superlativa em recolocar o clube nos trilhos europeus e os adeptos apoiavam como há muito não se via!

Porém, tal relação haveria de ser minada, após a eliminação em Setúbal para a Taça de Portugal. Agastado com a falta de apoio presidencial e com as constantes críticas de uma franja de seguidores, o treinador colocaria o seu lugar à disposição. Apesar de inicialmente a mesma ter sido aceite, tal decisão haveria de ser revertida, mantendo-se o técnico vimaranense no comando da equipa com os resultados que se sabem: o Vitória acabaria por conquistar um lugar europeu e o novo presidente, logo no primeiro ano, conseguia cumprir uma das suas grandes promessas eleitorais.

O pior viria no ano seguinte!

Querendo dar um toque pessoal a uma equipa quase toda ela construída pela anterior direcção, resolveu cortar a direito.

Desde logo, permitiu que Manuel Machado partisse, para fazer regressar Jaime Pacheco, um D. Sebastião que os vitorianos ansiavam desde o momento que Pimenta Machado o despedira. Um gesto a querer demonstrar um apaziguamento do passado, mas que se revelaria um enorme erro.

Além disso, procurou reformular completamente a equipa. Ipso modo, permitiu as partidas de Palatsi, Paulo Turra, Romeu, Djurdjevic, Luiz Mário, Alexandre, para além de alguns atletas cedidos a título de empréstimo e que haviam sido úteis no apuramento europeu como Alex, Marco Ferreira, Elpídio Silva e César Peixoto.

Era um novo Vitória a ter de ser construído em contra-relógio.

Não podemos dizer que a estrutura vitoriana presidida por Vítor Magalhães não se tenha esforçado. Assim, nomes como Nilson, Geromel, Svard, Neca, Benachour, Clayton, Dário, Manoel ou Saganowski e Tiero, que desaparecia do mapa após o primeiro jogo de pré-temporada em Felgueiras, prometiam.

Porém, a verdade é que montar um conjunto completamente novo, que começou a trabalhar sob o espectro das derrotas e onde sempre faltou quem desse um murro na mesa revelou-se demasiado penalizador para os objectivos vitorianos.

Como sempre, pagaria o treinador, com Jaime Pacheco a ser despedido! E, aqui, o presidente vitoriano terá cometido um erro histórico. O facto de ter escolhido um técnico como Vítor Pontes, sem qualquer tarimba e experiência para situações de risco, levariam à catástrofe final. Porém, diga-se que, durante uma temporada em que os desmandos foram muitos, em que as situações de indisciplina se sucederam, terá faltado quem desse aquele murro na mesa que colocasse as tropas em sentido. Houve lassidão, brandura, acreditou-se que com mais dois ou três jogadores contratados em Janeiro o Adamastor seria dobrado e tudo falhou…com o barco a ir ao fundo e a orquestra alegremente a continuar a tocar, até aquele famigerado dia do jogo com o Estrela da Amadora, em que depois de consumada uma descida que não acontecia há quase 50 anos, os vitorianos se despediram da equipa com um arrepiante “Vitória até morrer”!

Após o funesto acontecimento, as críticas sucederam-se. Alguém tinha de assumir as responsabilidades da descida aos infernos…de um malogro abismal e inesperado!

Com as críticas a virem de todos os lados, o, então, presidente, marcaria uma assembleia geral para ser-lhe ratificada uma moção de confiança. Apesar da muita contestação, provou-se que os vitorianos, por vezes, são de uma brandura de costumes que só os prejudica. O presidente teria o voto de confiança e poderia começar a tentar a preparar o regresso à Primeira Liga.

Para isso, urgia reconstruir a base da equipa depois da partida de inúmeros jogadores. Assim, de modo a facilitar esse trabalho, escolheria Luís Norton de Matos como treinador e com carta branca para escolher os jogadores. Por essa razão, haveriam de chegar ao Vitória nomes como Dembélé, Nemouthé, mas principalmente Kamel Ghilas e Yves Desmarets, dois nomes que haveriam de se revelar determinantes no futuro do clube.

Contudo, mais uma vez, o espectro da desilusão pairava sobre a equipa. O passeio que se augurava no segundo escalão inexistia! As derrotas no Varzim, em dia de Marcha Branca, ou em Moscavide pareciam demonstrar que mais uma temporada estava a ser perdida…estragada! O Vitória andava longe dos lugares de subida, Norton de Matos era criticado e o presidente voltava a sentir na pele muitas objecções ao seu trabalho e ao futuro que preconizava para o Vitória.

Acabaria por não resistir às pressões e demitir-se-ia. Contudo, não sem antes, tomar, talvez, a melhor decisão do seu mandato: depois do despedimento de Norton de Matos, contratar Manuel Cajuda, um homem que haveria de se tornar um deus em Guimarães, pelas razões por todos sabidas.

Quanto a Magalhães, voltaria a Moreira de Cónegos, local onde sempre conseguiu ser feliz…

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