Recordar… o Vitória #71

Por Vasco André Rodrigues.

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Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Matias, um defesa central, chegado a Guimarães, no início da década de 90.

Pelo menos dentro de campo, era um duro. Um defesa agressivo, incapaz de virar a cara a qualquer desafio, com a capacidade de atemorizar o mais galã dos avançados, num tempo em que os centrais tinham fama, e muitas vezes proveito, de serem feios, duros e maus!

Chegado ao Vitória na temporada de 1991/92, proveniente do União da Madeira, assumiria papel relevante nos Branquinhos. Sempre com regularidade, sempre a ser opção válida e sempre com os mesmos atributos que faziam dele imperial no jogo aéreo e suficientemente determinado para seguir à letra a velha expressão de que “se passa a bola, jamais poderá passar o homem.”

Matias teria estreia de sonho com a camisola branca do Rei. Naquele 18 de Agosto de 1991, em desafio disputado em Famalicão, perante uma enchente assombrosa de vitorianos, a equipa orientada por João Alves teria desempenho inolvidável, superlativo, a prometer mundos e fundos. Venceria por quatro bolas a uma, com um golo incrível do tunisino Ziad, mas com o central, em estreia, a fazer a bola beijar as redes do Tó Ferreira. Era o melhor dos cartões de visita que o jogador poderia desejar.

Assumiria, fruto disso, uma titularidade quase indiscutível, que teve o seu ponto alto, nessa temporada, no desafio da Taça de Portugal, frente ao Académico de Viseu, onde conseguiria bisar… os dois únicos golos da partida seriam seus, ajudando os Conquistadores a seguir em frente na prova maior do futebol português.

A temporada seguinte seria a que mais foi utilizado. Seriam 29 jogos, num ano em que o regresso de Marinho Peres não surtiu o efeito desejado, sendo substituído a meio da temporada por Bernardino Pedroto, o homem que selaria a salvação do clube. Matias, esse, seria imprescindível para uma equipa que viveu, com excessiva dependência, da magia de Pedro Barbosa, o pai de uma salvação, tantas vezes temida. O central, esse, seria pedra imprescindível, voltando a ter papel marcante em outro jogo da Taça de Portugal. Na verdade, seria seu o golo do triunfo dos Branquinhos, nos oitavos de final da prova, frente ao Belenenses. O Vitória continuaria em prova, até cair nas meias finais da competição, perante o Benfica, em doze minutos finais fatais, após o golo do inevitável Ziad ter posto os adeptos da “religião do Rei” a sonhar com o regresso ao Jamor.

O central continuaria na seguinte a fazer parte do plantel vitoriano. Sempre com uma utilização na ordem dos 20 jogos, sempre como alternativa credível para emparceirar com o brasileiro Tanta ou com o internacional português Samuel, Matias era a alternativa credível… um homem de equipa que quando chamado a desempenhar a sua função era incapaz de decepcionar o mais exigente dos treinadores. Além disso, nessa temporada, voltaria a ser determinante num desafio que nenhum vitoriano gosta de perder. Na verdade, seria seu o golo que permitiria aos comandados de Pedroto empatar no Bessa, depois do brasileiro Artur ter adiantado os axadrezados no marcador.

A temporada de 1994/95 seria a última de Rei ao peito. Sob o comando de Quinito, manteria a média das duas dezenas de jogo por temporada, contudo, desta feita, sem conseguir apontar qualquer tempo. Todavia, algo de pouco relevante, já que o talento individual daquela equipa do meio campo para a frente permitia resolver a maioria dos problemas.

Despedir-se-ia do Vitória e dos vitorianos no último jogo dessa época, num empate a dois frente ao Sporting, numa contenda que foi, também, o último desafio que um tal de Luís Figo disputou, por um clube, em Portugal.

Matias, esse, partiria rumo ao Leça, para, quase de imediato, saltar para o FC Porto… um sinal da inelutável qualidade de um, jogador, que, agora, como treinador corre mundo, tendo estado em países como o Irão, o Iraque, a Arábia Saudita e, mais recentemente, a Nigéria. Actualmente treina os açorianos do Rabo de Peixe, do campeonato de Portugal, sem nunca esquecer, contudo, o Vitória…

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