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Recordar… o Vitória #77

Por Vasco André Rodrigues.

palatsi

Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Terá sido um dos guarda-redes mais marcantes da história vitoriana…

Um homem com uns reflexos tão apurados, que parecia que se agigantava na baliza, voava de um poste ao outro e. fazia milagres!

Jerôme Palatasi marcou o início do século nas redes vitorianas, pela sua qualidade entre os postes, ainda que não fosse um guardião alto para a função (1,80), e pelo carisma que o fazia ser respeitado por colegas e admirado por todos os vitorianos.

Chegado a Guimarães em 2001/02, proveniente do Beira Mar, com estatuto de um dos bons guardiões do futebol português, pela mão de Augusto Inácio, de imediato assumiu a titularidade das redes vitorianas, ganhando o lugar ao português Vítor Nuno e ao germânico Tomas Tomic.

Palatsi dava a segurança que o último reduto necessitava, mas, desde logo, se viu ser dotado de uma leitura de jogo que merecia elogios e que lhe permitia lançar rápidos contragolpes.

Nessa primeira temporada realizou 35 jogos, demonstrando o quão imprescindível era na equipa…aliás, sê-lo-ia sempre durante as 4 épocas que viveu no Vitória.

Porém, não obstante as melhorias defensivas que o treinador Augusto Inácio conseguiu implantar na equipa, a verdade é que a temporada pautou-se pela mediania. Ainda que tivessem dado incialmente bons indícios, os Branquinhos haveriam de terminar a temporada de um modo calamitosos, ao, apenas, conseguirem vencer um desafio (perante os Belenenses) nos últimos 12 jogos do ano. A Europa, deste modo, fugia!

Na época seguinte, o francês seria o líder de um inovador sistema defensivo que haveria de surpreender o país futebolístico. Num modelo de 3 defesas, idealizado pelo técnico, o Vitória foi a lufada de ar fresco na Liga. Uma equipa capaz de asfixiar adversários pela sua qualidade ofensiva, mas que defendia de modo inatacável ao ponto de Rogério Matias ter-se tornado internacional A, Ricardo Silva ter feito o FC Porto arrepender-se de o ter cedido a título de empréstimo e de Cléber ter-se tornado um incontestado líder. E, quando estes homens falhavam, como último garante, estava um francês de elasticidade apurada e capaz das defesas mais improváveis. Um talento nas balizas, que, apenas, houvera feito uma época de relevo no seu país, na temporada de 1992/93, no principal campeonato do seu país, ao serviço do Montpellier, antes de ser cedido por empréstimo ao Rouen, para não mais ter oportunidade de relevo.

Porém, voltando a essa inolvidável temporada de 2002/03, Palatasi seria mais uma vez rei e senhor das balizas…37 jogos, muitos voos miraculosos e muito mérito no quarto lugar conquistado e que, fruto dos maus resultados das equipas portuguesas nas competições europeias impediu os vitorianos de mostrarem as suas qualidades nas montras do Velho Continente.

A temporada seguinte seria terrível para o Vitória… apesar das muitas esperanças depositadas e do investimento efectuado, tudo correria mal à equipa. Tal facto fez com que o treinador que apostara no guarda-redes fosse despedido, dando lugar a Jorge Jesus, ainda longe de ser o autoproclamado Mestre da Táctica. A época, esse, continuaria difícil, com o Vitória nos lugares baixos da tabela, a lutar para fugir à despromoção, destroçada psicologicamente pelos maus resultados e pelo sucedido a Feher no seu estádio…uma bomba-relógio de factos negativos que faziam temer o pior!

Porém, a equipa encetaria uma série de bons resultados e muito por culpa do guardião que, além das boas defesas efectuadas, ainda seria autor de um facto que merce realce: marcaria um golo!

Estávamos a 07 de Março de 2004. No derby concelhio era o Moreirense, orientado por Manuel Machado, que estava tranquilo e que, por isso, assumia as despesas do jogo. Aos 25 minutos da contenda, depois de um ataque cónego, Palatsi ficou com a bola. Aproveitando o efeito do vento, tentou colocá-la perto da área adversária. Esta saiu com força e empurrada pela força eólica passou pelo guardião do Moreirense, João Ricardo, beijando as malhas da sua baliza… um golo insólito, improvável e raro, mas que não serviria para a vitória dos Conquistadores, pois Armando Silva, nado e criado no Vitória, haveria de empatar o jogo.

Os Conquistadores, contudo, haveriam de se salvar, graças a um êxito muito sofrido na Amadora, fruto de um golo de Flávio Meireles e a uma conjugação de resultados positivos na última jornada, pese embora a derrota caseira frente ao Sporting.

Logo de seguida, o histórico presidente António Pimenta Machado anunciaria a sua saída, abrindo um período eleitoral que consagraria Vítor Magalhães como novo presidente do clube. Com ele chegaria Manuel Machado como treinador, que, apesar da reformulação do plantel, não prescindiria do guardião.

Continuaria, pois, a ser imprescindível, sendo peça fulcral no apuramento europeu, conquistado num jogo memorável no D. Afonso Henriques, frente ao Boavista, na penúltima jornada da época 2004/05.

Logo de seguida, a 22 de Maio de 2005, despedir-se-ia do Vitória, em final de contrato, num empate a dois, frente ao Beira Mar que o houvera acolhido em Portugal. Continuaria a sua carreira no Moreirense (onde sofreria na Póvoa do Varzim, um golo como houvera marcado à equipa que agora representava), seguindo para o Penafiel, para depois voltar a Aveiro. Daí, ainda rumaria a Avanca, onde, na temporada de 2009/10, definitivamente, colocaria as luvas de lado… sem, contudo, abandonar o futebol. Palatsi voltaria ao Vitória para representar, entre 2013 e 2015, a nossa equipa de futebol de praia, sempre a fazer alarde dos reflexos admirados por todos.

Hoje, aos 51 anos, é presença constante no D. Afonso Henriques…”quem bebe da água da Penha, fica preso ao encanto das nossas terras.”

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